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sexta-feira, 6 de fevereiro de 2004

 
Nesta profunda noite universal
que alguns faróis mal contradizem,
uma rajada perdida
ofendeu as ruas taciturnas
como trémulo pressentimento
do amanhecer horrível que vigia
os destruídos arredores do mundo.
Instigado pla sombra
e receoso da ameaça da alba,
revivi a tremenda conjectura
de Schopenhauer e Berkeley
que declara que o mundo
é uma actividade da mente,
um sonho das almas,
sem base nem volume nem propósito.
E já que as ideias
não são eternas como o mármore
mas imortais como um bosque ou um rio,
a doutrina anterior
assumiu outra forma na alba
e na superstição dessa hora
quando a luz, como uma trepadeira,
envolve as paredes da sombra, a minha razão inflectiu
e traçou o seguinte capricho:
Se as coisas são alheias de substância
e se esta numerosa Buenos Aires
não é mais do que um sonho
que erguem as almas em partilhada magia,
há um instante
em que o seu ser entra desordenadamente em perigo
e é o instante estremecido da alba,
quando são poucos os que sonham o mundo
e só alguns noctívagos conservam,
cinzenta e mal esboçada,
a imagem da rua
que depois com os outros se define.
Hora em que o sonho pertinaz da vida
corre perigo de se quebrar,
hora em que seria fácil a Deus
matar por completo a Sua obra!
Mas o mundo salvou-se outra vez.
A luz discorre inventando cores sujas
e com algum remorso
da minha cumplicidade no ressurgir do dia,
procuro a minha casa,
atónita e glacial na luz tão branca,
enquanto uma ave rompe o silêncio
e a noite já gasta
ficou guardada nos olhos dos cegos.


Borges guarda sempre este momento nos seus olhos cegos.



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