sábado, 6 de março de 2004
Continuando a estudar Marc Augé e a sua Teoria da supermodernidade, sinto-me, por vezes, obrigado a regressar a casa e a repôr tudo sob perspectiva:
Diz-se muitas vezes que, em rigor, a filosofia não progride, que ainda nos ocupamos dos mesmos problemas filosóficos de que já se ocupavam os Gregos. Mas os que o dizem não compreendem porque é que isto tem de ser assim. O motivo reside no facto de a nossa linguagem ser a mesma e de continuar a conduzir-nos à formulação dos mesmos problemas. Enquanto continuar a existir um verbo «ser» que parece funcionar como «comer» ou «beber», enquanto tivermos os adjectivos «idêntico», «verdadeiro», «falso», «possível», enquanto continuarmos a falar de um fluir do tempo, de uma vastidão do espaço, etc., etc., continuaremos a tropeçar nas mesmas perplexidades e a olhar espantados para algo que nenhuma explicação parece ser capaz de esclarecer.
L. Wittgenstein, Cultura e Valor, 1931
Diz-se muitas vezes que, em rigor, a filosofia não progride, que ainda nos ocupamos dos mesmos problemas filosóficos de que já se ocupavam os Gregos. Mas os que o dizem não compreendem porque é que isto tem de ser assim. O motivo reside no facto de a nossa linguagem ser a mesma e de continuar a conduzir-nos à formulação dos mesmos problemas. Enquanto continuar a existir um verbo «ser» que parece funcionar como «comer» ou «beber», enquanto tivermos os adjectivos «idêntico», «verdadeiro», «falso», «possível», enquanto continuarmos a falar de um fluir do tempo, de uma vastidão do espaço, etc., etc., continuaremos a tropeçar nas mesmas perplexidades e a olhar espantados para algo que nenhuma explicação parece ser capaz de esclarecer.
L. Wittgenstein, Cultura e Valor, 1931