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domingo, 23 de maio de 2004

 
Pain, Sex and Time (Cassel)

Em princípios de 1896, Bernard Shaw percebeu que em Fredrich Nitzsche havia um académico inepto, coibido pelo culto supersticioso do Renascimento e dos clássicos. O inegável é que Nietzsche, para comunicar ao século de Darwin a sua conjectura evolucionista do Super-Homem, o fez num livro carcomido, que é uma desairosa paródia de todos os Sacred Books of the East. Não arriscou uma só palavra sobre a anatomia ou a psicologia da futura espécie biológica; limitou-se à sua moralidade, que identificou (temeroso do presente e do porvir) com a de César Bórgia e dos Vikings.

(Já uma vez (História da Eternidade) tentei enumerar ou compilar todos os testemunhos da Teoria do Eterno Retorno que foram anteriores a Nietzsche. Este vão propósito excede a brevidade da minha erudição e da vida humana. Aos testemunhos já registados basta-me acrescentar, por agora, o do padre Feijoo (Teatro crítico universal, tomo quarto, discurso doze). Este, como Sir Thomas Browne, atribui a doutrina a Platão. Formula-se assim: «Um dos delírios de Platão foi que, cumprido todo o ciclo do ano magno - assim se chamava ao espaço de tempo em que todos os astros, após inúmeras voltas, se têm de restituír à mesma posição e ordem que antes haviam tido entre si -, se têm de renovar todas as coisas; isto é, têm de voltar a aparecer no teatro do mundo os mesmos actores a representar os mesmos sucessos, recebendo nova existência os homens, bichos, plantas e pedras; enfim, tudo o que houve animado e inanimado nos anteriores séculos, para se repetirem neles os mesmos exercícios, os mesmos acontecimentos, os mesmos jogos da sorte que tiveram na sua primeira existência.» São palavras de 1730.; repete-as o tomo LVI da Biblioteca de Autores Espanhóis. Declaram bem a justificação astrológica do Retorno. No Timeu, Platão afirma que os sete planetas, equilibradas as suas diferentes velocidades, regressarão ao ponto inicial de partida, mas não infere deste vasto circuito uma repetição pontual da história. No entanto, Lucilio Vanini declara: «De novo Aquiles irá a Tróia; renascerão as cerimónias e religiões; a história humana repete-se; nada há agora que não tenha havido; o que foi, será; mas tudo isso em geral, e não (como determina Platão) em particular.» Escreveu-o em 1616; cita-o Burton na quarta secção da terceira parte do livro The Anatomy of Melancholy. Francis Bacon (Essay, LVIII, 1625) admite que, cumprido o ano platónico, os astros causarão os mesmos efeitos genéricos, mas nega a sua virtude para repetir os mesmos indivíduos.)

Heard corrige, à sua maneira, as negligências e omissões de Zaratustra. Linearmente, o estilo de que dispõe é muito inferior; para uma leitura seguida, é mais tolerável. Descrê de uma super-humanidade, mas anuncia uma vasta evolução das faculdades humanas. Esta evolução mental não requer séculos: há nos homens um infatigável depósito de energia nervosa, que lhes permite serem incessantemente sexuais, ao contrário das outras espécies, cuja sexualidade é periódica. «A história», escreve Heard, «é parte da história natural. A história humana é biologia acelerada psicologicamente». A possibilidade de uma evolução ulterior da nossa consciência do tempo é talvez o tema básico deste livro. Heard é de opinião que aos animais falta completamente esta consciência e que a sua vida descontínua e orgânica é uma pura actualidade. Esta conjectura é antiga; já Séneca a havia raciocinado na última das epístolas a Lucílio: «Animalibus tantum, quod brevissimum est in transcursu, dactum, proesens...» Também abunda na literatura teosófica. Rudolf Steiner compara a estada inerte dos minerais à dos cadáveres; a vida silenciosa das plantas à dos homens que dormem; as atenções momentâneas do animal às do negligente sonhador que sonha incoerências.

J. L. Borges, in Discussão, 1932.

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