terça-feira, 15 de junho de 2004
Da melhor poesia brasileira contemporânea
A menina apareceu grávida de um gavião
Veio falou para a mãe: O gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
a gente comer goiaba nela.
Naquele tempo de dantes não havia limites para ser.
Se a gente econstava em ser ave ganhava o poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
A gente pegava murmúrios.
Não havia comportamentos de estar.
Urubus conversavam sobre auroras.
Pessoas viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
Têm que rolar seu destino de pedra para o resto dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas
com a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
Manoel de Barros in Retrato do Artista quando Coisa
A menina apareceu grávida de um gavião
Veio falou para a mãe: O gavião me desmoçou.
A mãe disse: Você vai parir uma árvore para
a gente comer goiaba nela.
Naquele tempo de dantes não havia limites para ser.
Se a gente econstava em ser ave ganhava o poder de alçar.
Se a gente falasse a partir de um córrego
A gente pegava murmúrios.
Não havia comportamentos de estar.
Urubus conversavam sobre auroras.
Pessoas viravam rouxinóis.
Depois veio a ordem das coisas e as pedras
Têm que rolar seu destino de pedra para o resto dos tempos.
Só as palavras não foram castigadas
com a ordem natural das coisas.
As palavras continuam com seus deslimites.
Manoel de Barros in Retrato do Artista quando Coisa