domingo, 27 de junho de 2004
Diz JPP: Quem cala consente.
O silêncio, conveniente ou intimidatório é o apanágio de Portugal. Temos a "qualidade" de só procurar confronto quando nos enquadramos na linguagem final do interlocutor. Ou seja, nunca é desafiada a linguagem final, nunca são postos em causa os limites ou os estratagemas da linguagem ou do discurso. Tudo se passa dentro de uma esfera em que seja permitida, em última instância, a conciliação. Só assim nos sentimos bem. Só assim nos sentimos "dentro". Provocar... sim. Confrontar... dentro dos limites. Mas, na realidade, tudo se destina a obter protagonismo. Não se trata nunca de confronto "sentido". De desafio de linguagem ou conceito. De defesa ou ataque de ideias convictas. CONVICTAS! São coisas, a vida portuguesa é apenas um perpétuo fait divers. Será que isto acarreta alguma qualidade? Talvez..., aquela que releva da aprendizagem que faço do meu gato quando me demonstra, todos os dias, que o tempo não existe. Lembro sempre nestas alturas o meu querido amigo Agostinho da Silva quando me dizia que o povo português se situa numa encruzilhada: "povo de ateus, de moral católica. Povo que esqueceu Cristo e nunca conheceu Maomé".