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segunda-feira, 9 de agosto de 2004

 
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Muito longe, do outro lado da nossa galáxia, havia um planeta onde viviam seres como nós - bípedes sem penas que construíram casas e bombas e escreveram poemas e programas de computador. Estes seres não sabiam que possuíam mentes. Possuíam noções como «querer» e «tencionar» e «acreditar que» e «sentir-se terrivelmente mal» e «sentir-se maravilhosamente bem». Mas não tinham qualquer noção de que estas significassem estados mentais - estados de uma espécie peculiar e distinta - bastante diferentes de «estar sentado», «ter frio» e «ser estimulado sexualmente». Muito embora utilizassem as noções de crer, saber, querer e estar mal disposto nos seus animais de estimação e robôs, tal como em si próprios, não consideravam os animais e robôs naquilo que pretendiam significar quando diziam «Todos nós acreditamos...» ou «Não fazemos coisas como...». Ou seja, somente os membros da sua espécie eram tratados como pessoas. Mas não explicavam a diferença entre pessoas e não-pessoas por meio de noções como «mente», «consciência», «espírito», ou qualquer outra deste género. Não a explicavam de todo; tratavam-na apenas como a diferença entre «nós» e tudo o resto. Acreditavam na imortalidade para si próprios, e alguns deles acreditavam que esta seria partilhada pelos animais ou pelos robôs, ou por ambos. Mas esta imortalidade não envolvia a noção de «alma» que se separasse do corpo. Era um claro assunto de ressurreição corporal, a que se seguia um misterioso e instantâneo movimento até aquilo a que eles se referiam como sendo «um lugar acima dos céus», para as boas pessoas, e até uma espécie de cave, abaixo da superfície do planeta, para os maus. Os seus filósofos preocupavam-se basicamente com quatro tópicos: a natureza do Ser, as provas da existência de um Ser Omnipotente e Benévolo que cuidaria da ressurreição, os problemas surgidos no discurso acerca de objectos não existentes, e a reconciliação das intuições morais conflituosas. Mas estes filósofos não haviam formulado o problema do sujeito e do objecto, nem o da mente e da matéria. (...)
Assim, sob a maior parte dos aspectos, a linguagem, a vida, a tecnologia e a filosofia desta raça pareciam-se em muito com as nossas.

R. Rorty in A Filosofia e o Espelho da Natureza, Cap. II, Pessoas sem mentes, 1979.



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