quarta-feira, 8 de setembro de 2004
Cartas de Paris (5)
Alechinsky – Cinquenta anos de desenhos (1)
O inventor de metáforas
«Dessiner, c’est s’interroger», escreve Alechinsky.
É esta interrogação viva, fundamental que surge como o estímulo, ao longo de cinquenta anos, de uma obra cujo autor elege o desenho como o medium do pensamento e da aparição da imagem. Com Alechinsky, o desenho nunca é estudo preparatório. O desenho surge sempre de um motivo ou de um suporte com a menor informação possível e também com a menor história possível: toda a categoria de memórias, de traços que se sobrepõem em extractos complexos, num jogo turbulento de aparições e desaparições, são apostos em todo o tipo de suportes: papéis antigos do século XVIII e XIX, papéis chineses, coreanos, velhos papéis manuscritos, impressos, documentos vários.
«Dessiner, c’est s’interroger», escreve Alechinsky.
É esta interrogação viva, fundamental que surge como o estímulo, ao longo de cinquenta anos, de uma obra cujo autor elege o desenho como o medium do pensamento e da aparição da imagem. Com Alechinsky, o desenho nunca é estudo preparatório. O desenho surge sempre de um motivo ou de um suporte com a menor informação possível e também com a menor história possível: toda a categoria de memórias, de traços que se sobrepõem em extractos complexos, num jogo turbulento de aparições e desaparições, são apostos em todo o tipo de suportes: papéis antigos do século XVIII e XIX, papéis chineses, coreanos, velhos papéis manuscritos, impressos, documentos vários.
«Uma grande quantidade de água» no que poderia transformar-se numa aguada informe; mas Alechinsky intervém com uma extraordinária acuidade tentando libertar, num primeiro instante, a vitalidade do signo ou da palavra, a vitalidade metamórfica da imagem.
Alechinsky é um desenhador. Um inventor de formas imprevistas. Uma permanente interrogação sobre a redefinição dos espaços.
Pierre Alechinsky, Sous le feu, 1967.