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quarta-feira, 15 de setembro de 2004

 
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Contingência, ironia, solidariedade (em falsete)

Depois de muito andarmos (eu e os meus poucos leitores) às voltas com Rorty e com essa complexa discussão sobre o esforço e a responsabilidade social (como foi defendido por Habermas, por exemplo), por um lado e, por outro, o estímulo fundamental do individualismo como motor de um desenvolvimento inventivo (em que se empenharam, por exemplo, Proust e Heidegger), verifico a total impossibilidade de rebatimento destas ideias para o contexto nacional, contexto que apenas permite o título em falsete. Com efeito, tudo se continua a passar dentro dessa área acromática, dos cinzas ligeiramente coloridos, em que, por um lado se tenta (em falsete) o empenhamento individual sob a protecção do mais insuportável paternalismo, gerado governamentalmente por uma classe a-culturada, sem a menor percepção ou intuição de um sentido histórico, qualquer que ele seja, e, muito menos, possuidora de qualquer estética ou ética do pensamento. Simples gestores de dinheiros e de conjuntos de ideias, arquivistas subalternos, artistas circenses medíocres num permanente malabarismo falhado, ora exigindo a desculpa da plateia, ora simulando que o desaire faz parte do espectáculo, era inevitável e até foi ensaiado. Tudo isto acalentado por um jornalismo de baixo nível em que a verdade significa apenas o lucro do lápis.
Do ponto de vista económico, todo este néon significa apenas a velha receita de culinária salazarista, ou como o Agostinho da Silva gostava de dizer, “não dar de almoço e obrigar a pagar para jantar”.


Simples e directo o texto do leitor José Cruz, publicado hoje por JPP no Abrupto: Veio-me um arrepio pela espinha de lembrar tão vividamente os tempos da sorridente tirania de Guterres e João Soares. Lembra-se seguramente melhor do que eu de como o único contraditório que passava na comunicação social era o debate sobre o Benfica e Vale de Azevedo. Tudo o resto era ignorado ou silenciado (na comunicação social dominada pela esquerda sempre há a distinção entre os que são parciais espontaneamente e os que o são com dolo). Estaremos muito melhor? Não me parece. Bagão Félix é tão querido e ouvido porque o que lhe aproveitam do discurso vem muito do baú da esquerda, tem muito do ingrediente da «justiça social». Eu, que não sou pobre nem riquíssimo,só lendo blogs descomprimo deste novo sufoco da «solidariedade» e desta ideia de Estado benfeitor e omnipresente. Recebo só 60% do que ganho para que o resto alimente funcionários indolentes, mal-criados, e que me tratam como um aborrecimento intolerável quando tenho que pagar, por exemplo, algumas centenas de contos de imposto imobiliário. E quando sou obrigado a financiar em geral um Estado que quer fazer por mim o que eu faria melhor e mais barato, que se mete em tudo, desde secretarias na Golegã, a educação sem nível, a ONG`s representativas de nada, a saúde risível, a experiências culturais sem esforço nem talento nem público.Em cada sucessivo discurso governativo é sempre isto: espero um vislumbre de preocupação sobre como deixar a população activa trabalhar, investir e poupar em paz e por sua iniciativa e risco privados; em vez disso repete-se a preocupação paternalista e bacoca de ir buscar ainda mais dinheiro, de ficalizar e tolher ainda mais, para tornar «a sociedade» que eles imaginam ainda mais justa, e «os portugueses» ainda mais felizes. Carvalhas dirá «os trabalhadores», Bagão dirá «as famílias», mas no fundo é o mesmo país que vêem: um conjunto de gente sem grande ambição ou futuro, que é preciso proteger com o dinheiro dos «capitalistas» (diria Carvalhas), dos «privilegiados» (diria Bagão), mas que cada vez mais se parecem com a classe média. Depois debatem-se muito com o défice.

Mas ainda culturalmente o panorama é mais fechado, o tecto mais baixo, a luz mais carrancuda, a raiar o cinza puro. Porque do que se trata, afinal, é de um problema de linguagem e de entendimento histórico. As ideias não deveriam oscilar entre a vontade de Deus e a natureza do homem mas, simplesmente pelo conhecimento de que a cultura e a estratégia cultural se operam na área do desejo, em que a linguagem, a consciência, a moralidade, as mais elevadas esperânças são produtos que se podem tornar literais, porque se pode tornar literal aquilo que foi uma produção metafórica acidental. Fazer cultura foi sempre isto.



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