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terça-feira, 21 de setembro de 2004

 
Marte aqui, (demora um pouco a fazer o download da imagem; clique para aumentar para a dimensão do ecrã; com os elevadores vertical e horizontal, percorre-se quase 360 graus)

Novos exploradores. A Spirit surge-nos aqui coberta por uma fina camada de pó vermelho: a terra de Marte (haveria aqui que inventar novas linguagens...)... este deserto poderia ser cá, lá, afinal as paisagens são-nos familiares como se o sentido da palavra uni-verso (várias coisas que concorrem para ser uma) se completasse inteiramente. A lógica do nosso olhar é também a mesma: há pedras que se parecem com coisas, coisas que se parecem com pedras. E as coisas que vemos nas pedras (ou as pedras que são coisas) são as mesmas coisas que vemos nas nossas pedras (ou as pedras são as mesmas coisas). Mas nestas nunca ninguém tocou, nunca ninguém as teve na mão e olhou devagar para elas, como diria Caeiro. Olhamo-las, através dos olhos da Spirit, mas somos também olhados por elas. Provávelmente, por enquanto, são elas que nos têm na mão e olham devagar para nós.
Há montanhas no horizonte que nos convidam para uma viagem.
O céu é verdadeiramente fantástico, verdadeiramente o invariável céu. Permanente, ocre, quente, como um infinito amanhecer.
Soubemos ontem que há vapor de água e metano nesta atmosfera. Há vida ali, algures (?). Será que nos olha como as pedras?



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