<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6432744\x26blogName\x3dANTES+DE+TEMPO\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dSILVER\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://antesdetempo.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://antesdetempo.blogspot.com/\x26vt\x3d810648869186397672', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe", messageHandlersFilter: gapi.iframes.CROSS_ORIGIN_IFRAMES_FILTER, messageHandlers: { 'blogger-ping': function() {} } }); } }); </script>

sábado, 16 de outubro de 2004

 
A educação de Pedro



A consciência das operações do pensamento, que é a lógica desconhecida a que me referi, só raramente existe, mesmo nos cérebros priviligiados. O número das concepções, o poder de as prolongar, a abundância das descobertas são coisa distinta que se produz à margem do juízo que fazemos da nossa natureza. Esta opinião é contudo duma importância que facilmente percebemos. Uma flor, uma proposição, um ruído podem ser imaginados quase simultaneamente; podemos impor-lhes uma sequência à medida dos nossos desejos; qualquer pode também transformar-se, deformar-se, perder sucessivamente a sua fisionomia inicial ao sabor do espírito que o detém; mas o conhecimento deste poder é o único meio que lhe confere valor inteiro. Só assim permite a crítica dessas formações, a sua interpretação, a determinação rigorosa daquilo que elas contêm, sem que os estados delas venham a abarcar directamente os da realidade. Com esse conhecimento começa a análise de todas as fases intelectuais, de tudo quanto se possa chamar loucura, ídolo, descoberta - inicialmente matizes que se não distinguem uns dos outros. Eram variações equivalentes duma substância comum; eram comparáveis, flutuavam indefinidas e como que irresponsáveis, podendo por vezes nomear-se, todas dentro do mesmo sistema. A consciência dos pensamentos que possuímos, na medida em que se trata de pensamentos, consiste no reconhecimento dessa espécie de igualdade ou de homogeneidade; no sentimento de que todas as combinações dessa espécie são legítimas, naturais, e de que o método consiste em excitá-las, em observá-las com rigor, em procurar o que elas implicam.
A dada altura dessa observação ou dessa dupla vida mental, que obriga o pensamento ordinário a ser apenas o sonho dum sonhador acordado, nota-se que a sequência desse sonho, a nuvem de combinações, contrastes, percepções, a qual se agrupa em torno da pesquisa ou que então desliza indeterminada e caprichosamente, se desenvolve com uma regularidade perceptível, uma evidente continuidade de máquina. Surge então a ideia (ou o desejo) de precipitar o curso dessa sequência, de levar os termos até ao limite, ao limite das expressões imagináveis, após o qual tudo será diferente. E se esta forma de consciência se tornar habitual, conseguir-se-à, por exemplo, examinar simultaneamente todos os resultados possíveis dum acto encarado, todas as relações dum objecto concebido, para se atingir em seguida o momento em que nos libertamos dele, a faculdade de pressentir sempre uma coisa mais intensa ou mais exacta do que a coisa dada, o poder de acordar em determinado momento dum pensamento que já durava de mais. Seja qual for a sua natureza, um pensamento que se fixa assume as características da hipnose e torna-se, em linguagem lógica, num ídolo.

Paul Valéry
in «Introdução ao Método de Leonardo da Vinci».



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?