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sábado, 8 de janeiro de 2005

 
Símbolos da Trindade no homem


George Segal, 1965.


XI, 12. Quem poderá compreender a Trindade omnipotente? E quem não fala dela, se é que dela fala? Rara é a alma que, ao falar dela, sabe o que diz. E discute-se, e contesta-se, e ninguém, sem paz, vê essa visão. Quisera que os homens observassem em si mesmos estas três coisas. Essas três coisas são muito da Trindade, mas digo onde se podem exercitar e verificar e sentir como ainda se encontram tão longe. Nomeio no entanto estas três coisas: ser, conhecer e querer. Eu sou e eu conheço e eu quero: eu sou "sabente" e "querente", e eu sei que sou e quero, e eu quero ser e saber. Quão inseparável é, pois, a vida nestas três coisas, vida una, e mente una, e essência una, finalmente quão inseparável é esta distinção, e todavia há distinção, veja-o quem puder. Sem dúvida alguma está diante de si; observe-o em si, veja-o e diga-me. Mas, mesmo se nestas três coisas encontrar e disser alguma coisa, não julgue ter já encontrado aquilo que é imutável acima dessas coisas, porque é imutavelmente, e sabe imutavelmente, e quer imutavelmente: e quem poderá pensar com facilidade se é em virtude destas três coisas que também em Deus há Trindade, ou se, em cada uma delas, estão as três, de tal modo que as três estejam em cada uma, ou se ambas as hipóteses se realizam, de modo extraordinário, na unidade e na multiplicidade, sendo ele próprio um fim em si mesmo, para si, infinito, pelo qual o Ser é, e é de si conhecido, e a si mesmo se basta, inalteravelmente, na inesgotável grandeza da unidade? Quem, de qualquer modo, o poderá temerariamente formular?

Santo Agostinho in Confissões, Livro XIII.



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