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quinta-feira, 3 de março de 2005

 
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Caminhada


Foto de Brigitte Carnochan

Fragrante como um chá-mate bem aberto,
a noite aproxima lonjuras agrestes
e esvazia as ruas
que acompanham a minha solidão,
feitas de vago medo e longas linhas.
A brisa traz pressentimentos de campo,
doçura das quintas, memórias dos álamos,
que farão tremer sob durezas de asfalto
a aprisionada terra viva
oprimida sob o peso das casas.
Em vão a furtiva noite felina
inquieta as varandas fechadas
que de tarde mostraram
a evidente esperança das meninas.
Também estão em silêncio os alpendres.
Nessa côncova sombra
vertem um tempo vasto e generoso
os relógios da meia-noite magnífica,
um tempo caudaloso
onde qualquer sonhar acha refúgio,
tempo de amplidão de alma, bem diferente
dos prazos tão avaros que regulam
as tarefas do dia.
Sou eu o espectador único desta rua;
se deixasse de a ver, estaria morta.
(Avisto um grande muro, eriçado
de uma agressão de arestas
e um farol amarelo que aventura
indecisões de luz.
Também avisto estrelas vacilantes.)
Grandiosa e viva
como a escura plumagem de um Anjo
cujas asas tapam o dia,
a noite perde as ruas tão medíocres.

J.L. Borges in Fervor de Buenos Aires, 1923.



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