segunda-feira, 18 de abril de 2005
Pictogramas — o homem que queria ser pintor
NATUREZA MORTA A CAMINHO DE VIAGEM
Da esquerda para a direita: a pilha dos Grande Hotel, alguns quase desfeitos. “Está completo?”, perguntei. “Mais que completo. Alguns estão tão usados que têm folhas a mais que estavam soltas nos outros…”. Um moleskine, com um mapa dentro, dobrado. Uma cruz numa terra onde há um pluvium, e se vê chover ao longe. Uma cruz noutra terra onde esteve um louco. Outra cruz numa terra onde começou um olhar novo sobre as formas. Outra cruz sobre uma das ruas mais bonitas do mundo. No centro das linhas, unindo essas cruzes, ao modo herético, o Abrupto será aí feito daqui a dias. Uma pilha de livros que faltam numa bibliografia que nunca mais acaba e que tapam a estação meteorológica. Um comando de televisão. Um telemóvel. Uma pilha de zips. Um pequeno rádio. Um espelho convexo. Uma caneta, um lápis que foge para baixo para debaixo do teclado, uma moeda ínfima, um dado improvável, uma faca. Uma tesoura vermelha, duas mãos, um ecrã, um cartão de visita perdido, um papel com meia dúzia de palavras. Um azulejo, um modem que brilha no escuro, bocados de lava de três sabores, de três vulcões. Em bom rigor um não é lava, é pedra-pomes. Um disco pouco subtil, uma máquina fotográfica preparada, um radiómetro parado. Mais livros, desalojados pela bibliografia: Alice Munro, Ballard. Um rato. A beira da mesa. Vazio.
NATUREZA MORTA A CAMINHO DE VIAGEM
Da esquerda para a direita: a pilha dos Grande Hotel, alguns quase desfeitos. “Está completo?”, perguntei. “Mais que completo. Alguns estão tão usados que têm folhas a mais que estavam soltas nos outros…”. Um moleskine, com um mapa dentro, dobrado. Uma cruz numa terra onde há um pluvium, e se vê chover ao longe. Uma cruz noutra terra onde esteve um louco. Outra cruz numa terra onde começou um olhar novo sobre as formas. Outra cruz sobre uma das ruas mais bonitas do mundo. No centro das linhas, unindo essas cruzes, ao modo herético, o Abrupto será aí feito daqui a dias. Uma pilha de livros que faltam numa bibliografia que nunca mais acaba e que tapam a estação meteorológica. Um comando de televisão. Um telemóvel. Uma pilha de zips. Um pequeno rádio. Um espelho convexo. Uma caneta, um lápis que foge para baixo para debaixo do teclado, uma moeda ínfima, um dado improvável, uma faca. Uma tesoura vermelha, duas mãos, um ecrã, um cartão de visita perdido, um papel com meia dúzia de palavras. Um azulejo, um modem que brilha no escuro, bocados de lava de três sabores, de três vulcões. Em bom rigor um não é lava, é pedra-pomes. Um disco pouco subtil, uma máquina fotográfica preparada, um radiómetro parado. Mais livros, desalojados pela bibliografia: Alice Munro, Ballard. Um rato. A beira da mesa. Vazio.