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quinta-feira, 7 de abril de 2005

 
Um livro







Uma parte crescente das nossas vidas é passada em supermercados, aeroportos, hotéis, auto-estradas, frente à televisão, computadores ou máquinas multibanco. Esta invasão de lugares descaracterizados a que Marc Augé chama "non-places" tem como resultado uma alteração profunda da consciência: o entendimento torna-se parcial e, de alguma forma, incoerente. Marc Augé usa o conceito de supermodernidade para explicar a lógica deste fenómeno próprio das sociedades de consumo contemporâneas. Essa lógica prende-se com o excesso de informação e com o excesso de espaço. Começando por tentar distinguir e distanciar a antropologia da História, Augé traça as distinções entre os lugares com identidade e história e os "non-places", lugares em que os indivíduos se conectam uniformemente e onde nenhuma vida social orgânica é possível. Ao contrário do conceito de modernidade de Baudelaire em que o velho e o novo interagem livremente, este conceito de supermodernidade apresenta-se com uma imensa carga de contenção. Os lugares contemporâneos são apresentado sem "espessura", como se tudo se tratasse de postais ilustrados ou publicitários. Augé alerta para a cada vez maior existência de "non-places", fazendo com que as nossas vidas pareçam estar em permanente trânsito, provocando uma nova forma de solidão, sem dúvida, um novo objecto antropológico.
Estando a edição original francesa desta obra completamente esgotada, o livro aqui apresentado é a edição inglesa traduzida por John Howe, Non-places, introduction to an antropology of supermodernity.




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