sábado, 21 de maio de 2005
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A hipocrisia não tem limites
Eliot Ness
Cada vez que oiço os dirigentes do Bloco de Esquerda falarem lembro-me sempre de Eliot Ness e dos Untouchables. Lutando árduamente contra uma cidade — neste caso um país, situação fílmicamente bem mais complicada — corrupta e imoral, povoada por Al Capones (quando os visíveis estiverem todos condenados, passarão aos invisíveis — que somos, afinal, todos nós), lá estão eles, vigilantes, áureos, falsamente agnósticos, como manda a boa e velha esquerda — na realidade, são baptistas porque consideram que alguns, poucos, são os eleitos, os intocáveis, os outros, quase todos, têm mácula, nunca entrarão no apregoado reino da justiça, lealdade, honestidade, limpidez, transparência, rectidão e exemplo ético. Estes novos Untouchables, liderados pelo Eliot Ness de serviço às televisões e aos jornais, que na sua fúria justiceira tem dito coisas que fariam corar um Calvino, são afinal uma mistura híbrida de uma esquerda datada, com pequenas manifestações neo-culturais de rua, nostálgica de um Maio de 68 que a maioria deles só conheceu de ouvir falar, polvilhada de pequenas preocupações ambientais, e debitando messianismo e moralismo em todas as direcções. Vendam-lhes lenha e as fogueiras voltarão mais inquisitórias e castigadoras do que já foram porque, afinal, a Eliot Ness e aos Untouchables, em nome da ética, do bem e da moral, ninguém pára.
Eliot Ness
Cada vez que oiço os dirigentes do Bloco de Esquerda falarem lembro-me sempre de Eliot Ness e dos Untouchables. Lutando árduamente contra uma cidade — neste caso um país, situação fílmicamente bem mais complicada — corrupta e imoral, povoada por Al Capones (quando os visíveis estiverem todos condenados, passarão aos invisíveis — que somos, afinal, todos nós), lá estão eles, vigilantes, áureos, falsamente agnósticos, como manda a boa e velha esquerda — na realidade, são baptistas porque consideram que alguns, poucos, são os eleitos, os intocáveis, os outros, quase todos, têm mácula, nunca entrarão no apregoado reino da justiça, lealdade, honestidade, limpidez, transparência, rectidão e exemplo ético. Estes novos Untouchables, liderados pelo Eliot Ness de serviço às televisões e aos jornais, que na sua fúria justiceira tem dito coisas que fariam corar um Calvino, são afinal uma mistura híbrida de uma esquerda datada, com pequenas manifestações neo-culturais de rua, nostálgica de um Maio de 68 que a maioria deles só conheceu de ouvir falar, polvilhada de pequenas preocupações ambientais, e debitando messianismo e moralismo em todas as direcções. Vendam-lhes lenha e as fogueiras voltarão mais inquisitórias e castigadoras do que já foram porque, afinal, a Eliot Ness e aos Untouchables, em nome da ética, do bem e da moral, ninguém pára.