quinta-feira, 25 de agosto de 2005
Posse
Foto de Jerry Schatzberg
A noite é a noite e tu a dás
— sigo a rota íntima dos cabelos.
Macio o cais. Insone o mundo
em que se dá aos lábios o querer tê-los.
Rosada a curva que enobrece a espuma,
no gesto violento que a nada se poupa.
Leitosa a sombra que nos tem seguros
a cama, o corpo, o símbolo, a roupa.
Língua de fogo que ao sangue reclama
mais lume, mais sal (que o céu o não dá).
Ternura de posse — de cor e tamanho.
O grito é o fim, um sol que aí está.
João Rui de Sousa in Eros de passagem, 1982.
Foto de Jerry Schatzberg
A noite é a noite e tu a dás
— sigo a rota íntima dos cabelos.
Macio o cais. Insone o mundo
em que se dá aos lábios o querer tê-los.
Rosada a curva que enobrece a espuma,
no gesto violento que a nada se poupa.
Leitosa a sombra que nos tem seguros
a cama, o corpo, o símbolo, a roupa.
Língua de fogo que ao sangue reclama
mais lume, mais sal (que o céu o não dá).
Ternura de posse — de cor e tamanho.
O grito é o fim, um sol que aí está.
João Rui de Sousa in Eros de passagem, 1982.