terça-feira, 6 de setembro de 2005
Correio da Cassini
Janus é o ianitor, aquele que abre e fecha as portas — ianuae — do ciclo anual. Janus tem dois rostos, acentuando o seu carácter verdadeiramente temporal. Com um olha o passado, com o outro olha o futuro. Mas, na realidade, Janus é o senhor do triplo tempo. Entre o passado que já não é e o futuro que ainda não é, o terceiro rosto de Janus olha implacávelmente o presente. Só que esse terceiro rosto, que olha directamente para nós é invisível — neste caso, no Janus real, material que a Cassini fotografa, é negro. Esse rosto que olha o presente é invisível porque o presente é apenas o inapreensível instante, fragmentado, contingente.