quarta-feira, 26 de outubro de 2005
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1
Alto no cimo
Todo o jardim é lua,
É lua de ouro.
Mais precioso é roçar
Tua boca na sombra.
2
A voz da ave
Que esta penumbra esconde
Emudeceu.
Andas plo teu jardim.
Qualquer coisa te falta.
3
A alheia taça,
A espada que foi espada
Na outra mão,
A luz dessa rua,
Diz-me, talvez não bastem?
4
À luz da lua
O tigre de ouro e sombra
Olha as suas garras.
Não sabe que na aurora
Destruíram um homem.
5
É triste a chuva
Caindo sobre o mármore,
Triste ser terra.
Triste não ser os dias
Do homem, o sono, a alba.
6
Não ter caído
Como outros do meu sangue
Nessas batalhas.
Ser na noite mais vã
Aquele que conta as sílabas.
Alto no cimo
Todo o jardim é lua,
É lua de ouro.
Mais precioso é roçar
Tua boca na sombra.
2
A voz da ave
Que esta penumbra esconde
Emudeceu.
Andas plo teu jardim.
Qualquer coisa te falta.
3
A alheia taça,
A espada que foi espada
Na outra mão,
A luz dessa rua,
Diz-me, talvez não bastem?
4
À luz da lua
O tigre de ouro e sombra
Olha as suas garras.
Não sabe que na aurora
Destruíram um homem.
5
É triste a chuva
Caindo sobre o mármore,
Triste ser terra.
Triste não ser os dias
Do homem, o sono, a alba.
6
Não ter caído
Como outros do meu sangue
Nessas batalhas.
Ser na noite mais vã
Aquele que conta as sílabas.
J. L. Borges in O Ouro dos Tigres, 1972.