segunda-feira, 17 de outubro de 2005
Vergonha nacional
Desta vez parece ser verdade. A Colecção Berardo vai para França. Ainda não se sabe exactamente se para Paris, se para Toulouse. Obviamente os franceses ofereceram todas as possibilidades e facilidades conscientes do valor excepcional de uma colecção que estará entre as melhores de arte contemporânea. Por cá, a estupidez declarada, os pequenos poderes, a ignorância convertida em valor oficial adiaram e inventaram obstáculos durante anos a uma solução definitiva. A instalação da colecção no antigo casino de Sintra, há dez anos, muito embora tenha sido magnificamente reabilitado para o efeito, foi uma solução que se revelou insuficiente e provisória. De lá para cá, o desprezo, o desleixo das autoridades (in)competentes tem sido evidente. Ninguém entendeu porque esta colecção não foi instalada no CCB. Ninguem entendeu as promessas não concretizadas do Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. Ainda se entendeu menos a arrogância e o desprezo demonstrados com a hipótese da sua instalação na ruína do antigo museu de Arte Popular, em Belém. Mesmo assim, Berardo aceitou. Aliás foi aceitando todas as sugestões, promessas não concretizadas, cadernos de intenções de sucessivos ministros e primeiro-ministros, exemplos magníficos do nível cultural português. De Cavaco a Sócrates, passando por Guterres, Carrilho, Barroso ou a actual ministra da cultura de quem não se conhece um único comentário sobre este problema, uma das melhores colecções de arte contemporânea europeias, construída criteriosamente por um português, só tem merecido desprezo, desleixo, indiferença. Se esta colecção fôr para França, como tudo indica, será uma vergonha nacional. De quem é a responsabilidade? Neste Portugal dos pequeninos em que a pequena inveja e o jogo do empata imperam, ninguém será responsabilizado. E Portugal continuará a ficar mais pobre. Realmente mais pobre.
Desta vez parece ser verdade. A Colecção Berardo vai para França. Ainda não se sabe exactamente se para Paris, se para Toulouse. Obviamente os franceses ofereceram todas as possibilidades e facilidades conscientes do valor excepcional de uma colecção que estará entre as melhores de arte contemporânea. Por cá, a estupidez declarada, os pequenos poderes, a ignorância convertida em valor oficial adiaram e inventaram obstáculos durante anos a uma solução definitiva. A instalação da colecção no antigo casino de Sintra, há dez anos, muito embora tenha sido magnificamente reabilitado para o efeito, foi uma solução que se revelou insuficiente e provisória. De lá para cá, o desprezo, o desleixo das autoridades (in)competentes tem sido evidente. Ninguém entendeu porque esta colecção não foi instalada no CCB. Ninguem entendeu as promessas não concretizadas do Pavilhão de Portugal no Parque das Nações. Ainda se entendeu menos a arrogância e o desprezo demonstrados com a hipótese da sua instalação na ruína do antigo museu de Arte Popular, em Belém. Mesmo assim, Berardo aceitou. Aliás foi aceitando todas as sugestões, promessas não concretizadas, cadernos de intenções de sucessivos ministros e primeiro-ministros, exemplos magníficos do nível cultural português. De Cavaco a Sócrates, passando por Guterres, Carrilho, Barroso ou a actual ministra da cultura de quem não se conhece um único comentário sobre este problema, uma das melhores colecções de arte contemporânea europeias, construída criteriosamente por um português, só tem merecido desprezo, desleixo, indiferença. Se esta colecção fôr para França, como tudo indica, será uma vergonha nacional. De quem é a responsabilidade? Neste Portugal dos pequeninos em que a pequena inveja e o jogo do empata imperam, ninguém será responsabilizado. E Portugal continuará a ficar mais pobre. Realmente mais pobre.