terça-feira, 22 de novembro de 2005
Everness
Foto de Flor Garduno
Só uma coisa não há. O esquecimento.
Deus, que salva o metal, salvou a escória
E grava na profética memória
As luas a brilhar cada momento.
Já tudo existe. Os milhares de reflexos
Que entre os dois crepúsculos do dia
Teu rosto foi deixando entre os convexos
Espelhos e os que deixar nessa alquimia.
E tudo é uma parcela do diverso
Cristal dessa memória, o universo;
Não têm fim seus árduos corredores
E suas portas fecham-se ao teu passo;
Verás só do outro lado do ocaso
Belos Arquétipos e os Esplendores.
J. L. Borges in O Outro, o Mesmo, 1964.
Foto de Flor Garduno
Só uma coisa não há. O esquecimento.
Deus, que salva o metal, salvou a escória
E grava na profética memória
As luas a brilhar cada momento.
Já tudo existe. Os milhares de reflexos
Que entre os dois crepúsculos do dia
Teu rosto foi deixando entre os convexos
Espelhos e os que deixar nessa alquimia.
E tudo é uma parcela do diverso
Cristal dessa memória, o universo;
Não têm fim seus árduos corredores
E suas portas fecham-se ao teu passo;
Verás só do outro lado do ocaso
Belos Arquétipos e os Esplendores.
J. L. Borges in O Outro, o Mesmo, 1964.