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sábado, 4 de fevereiro de 2006

 
Enganos e desencontros


Foto de Francesca Woodman


(...)
Escrever-te é a maneira de te ter presente
deste satisfação a um amigo e companheiro
pagaste a dívida de amizade e de fraternidade
Por confiar em ti nada perdi
é a ti que quero e não abraços teus
adeus mulher amada mundo meu
Eu digo eu canto e logo o mundo faz-se
ó ave vida momentânea sobre as águas
Chorar eis tudo o que por fim me é possível
antes a sepultura para mim que para ti
eu prefiro seguir-te a enterrar-te
se morres despedimo-nos da vida
pensar-te morta é morte para mim
que a dor que for me chegue sem aviso
tudo menos o meio de ficar no receio
Mas se te perco tu que és a minha esperança
qual é então a esperança que me resta?
(...)

Ruy Belo in Despeço-me da terra da alegria, 1978.



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