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segunda-feira, 1 de maio de 2006

 
Aniversário

Faz hoje trinta e dois anos, subi a Alameda com um grupo de amigos, debaixo de um sol abrasador, para, no estádio, ouvir o Cunhal, as canções de intervenção, os recém-chegados de Paris. A juventude, o entusiasmo, a inconsciência e a ingenuidade eram, então, sinónimos. Na altura, a Vida, complacente, deixou. Não demorou muito, no entanto, a repôr a sua pedagogia espartana. Quando se pensa se vale a pena é porque, de facto, já não vale a pena.
A propósito, o texto de Eduardo Pitta e a resposta de João Oliveira Santos:

«As portas que Abril fechou»
«Se não fosse a Abrilada, a minha vida era outra. Pode ser que sim, Marta, pode ser que sim. Nunca saberemos o que podia ter sido. A Marta não é parva, mas há coisas que lhe fazem muita confusão. O 25 de Abril é uma delas. Estava para casar, ele fugiu para o Brasil na véspera do 28 de Setembro. Telefonou do Botafogo: Vem ter comigo, tens uma passagem em teu nome em Barajas. Ela não foi. O pai foi saneado e teve um acidente vascular. A mãe trocou o bridge pelo álcool. A criada, no dia em que foi despedida, atirou um frasco de benzina a um óleo do Medina (o retrato do avô). Com os anos, resignou-se. Assim que os pais morreram trocou a casa da Ribeiro Sanches por um apartamento na João Crisóstomo. Tem votado contra a Abrilada. Nunca serviu de nada. Este também não, aponta a televisão e bate cada vez com mais força a massa dos muffins. Aos 58 anos, olhos de um verde metálico, é uma mulher amarga. Caetano negociou com a cáfila, foi ele que travou a polícia. Não percebeu nada. Não quer perceber. Ploc. Ploc. A batida da massa sobrepõe-se à homilia do regime.»

Eduardo Pitta, no Da Literatura

Pois foi. O que Marta não percebeu ou não quer perceber é que se tudo o mais não fosse senão mero registo de operações comerciais, segundo a conhecida técnica contabilística de inserção de colunas de deve e a haver, se concluiria que Marta até terá percebido muito, senão mesmo tudo.

Nessa conta corrente da vida e começando na coluna do a haver, lancemos-lhe então a amargura do retrato desfigurado do avô, a reforma compulsiva do papá e uma mamã viúva, embora alegrota até ao bater da pataleca. Aceitemos que se lhe lance e inscreva como partida de crédito, essa fuga de seu noivo para o Rio. Encerremos-lhe por fim a conta do a haver com as muitas aparas do passado, que decerto a terão ajudado a preencher vazios, a bolear as arestas de todos dias daí em diante.

Abra-se-lhe agora a coluna do deve e inscreva-se por exemplo Liberdade.

Muito Marta se teria de empenhar se lhe exigíssemos agora o ajuste final. Ficariam todas as Martas insolventes se de repente lhes exigíssemos um ajuste final de contas. Também seria impossível, mas mesmo que o não fosse seria injusto. Ploc. Ploc. Ploc. Esse ajuste afinal, andamos todos nós a fazer já lá vão trinta e dois anos!




Concluo eu usando as palavras de Alexandre O'Neill:
"Que maneira a nossa
de usar as coisas!

Fica-nos sempre a maçaneta
na mão! ..."



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