quinta-feira, 13 de julho de 2006
Energia, novamente
Há cerca de dois anos macei os leitores deste blog com a minha visão, eventualmente pessimista (espero), sobre o problema que, quanto a mim, é prioritário no início deste novo milénio: o problema do fim de um ciclo energético e as forças presentes, no tabuleiro dos interesses à escala planetária, pretendentes à gestão de uma nova ordem energética.
O problema da energia é o problema prioritário da espécie humana à face do planeta. Sempre o foi. Ao contrário de outras espécies que co-habitam connosco, a espécie humana é móvel. Necessitamos de movimento. A grande invenção da espécie, para fazer face a esta sua particularidade não foi, obviamente, a roda, como se ensinava às criancinhas, mas sim a estrada, a via, o caminho. Esta estrada, toma hoje em dia, proporções inimagináveis há cem anos atrás: são as estradas e auto-estradas virtuais da web, são as estradas espaciais que nos ligam, literalmente, a outros mundos. A velocidade estonteante com que o conceito de estrada se tem imposto e alargado nos últimos quarenta anos, precipita o fim deste ciclo energético. Notámos isto, já há muitos anos, em aplicações pragmáticas de carácter militar, em que o problema da autonomia da viagem e a capacidade de percorrer as estradas infinitamente — pelo menos teóricamente — se tornava crucial (lembro aqui os porta-aviões e os submarinos nucleares).
Temos, claramente, a percepção diária do fim de um ciclo galileico de energia finita no dia-a-dia das nossas vidas. O preço e a escassez do petróleo, a estratégia das grandes potências de armazenamento de crude em reservas nunca suficientes é por demais evidente. As chamadas energias alternativas de carácter renovável são, evidentemente ficcionais para responderem às necessidades das sociedades contemporâneas e têm funcionado, junto do grande público, como um ideal ideológico apelativo mas facilmente desmontável em termos reais. Pena é que as organizações ecologistas e ambientais não tenham sobre esta matéria uma visão mais pragmática e realista e continuem, de forma quase infantil, a propôr soluções verdadeiramente incompatíveis com o desenvolvimento das sociedades e as aspirações dos seres humanos. As soluções que propõem, eivadas de ideais políticos, são sempre similares de "curar a doença matando o doente", sem ter uma visão realista sobre a problemática da energia. Todo este panorama intermédio, encobre as verdadeiras forças que se têm alinhado no terreno: por um lado, a solução nuclear que proporcionaria fontes de energia, teóricamente, infinitas para este milénio e que, em termos de investigação técnica, tem vindo a ter desenvolvimentos absolutamente notáveis mas sem capacidade mediática de chegar ao grande público. Por outro, o desenvolvimento da engenharia genética que, com uma margem de imprevisibilidade muito superior, tem tocado a opinião pública pouco pensante e inconsciente dos eventuais efeitos preversos da criação, ao nível da clonagem, de uma nova raça de dispensáveis, de seres supranumerários que executem as tarefas que mais ninguém quererá executar, proporcionando fontes de energia inesgotáveis.
Quem, como eu, recebe mails diários da Science e de outras revistas científicas de grande credibilidade tem a percepção que esta última via, e os interesses que lhe estão subjacentes têm vindo a conquistar terreno de forma evidente em detrimento dos evidentes avanços ao nível da tecnologia nuclear. As cartas para o jogo do milénio estão lançadas. O grande público ainda está adormecido para esta problemática. Tudo, parece, passar-se, ainda, antes de tempo.
Há cerca de dois anos macei os leitores deste blog com a minha visão, eventualmente pessimista (espero), sobre o problema que, quanto a mim, é prioritário no início deste novo milénio: o problema do fim de um ciclo energético e as forças presentes, no tabuleiro dos interesses à escala planetária, pretendentes à gestão de uma nova ordem energética.
O problema da energia é o problema prioritário da espécie humana à face do planeta. Sempre o foi. Ao contrário de outras espécies que co-habitam connosco, a espécie humana é móvel. Necessitamos de movimento. A grande invenção da espécie, para fazer face a esta sua particularidade não foi, obviamente, a roda, como se ensinava às criancinhas, mas sim a estrada, a via, o caminho. Esta estrada, toma hoje em dia, proporções inimagináveis há cem anos atrás: são as estradas e auto-estradas virtuais da web, são as estradas espaciais que nos ligam, literalmente, a outros mundos. A velocidade estonteante com que o conceito de estrada se tem imposto e alargado nos últimos quarenta anos, precipita o fim deste ciclo energético. Notámos isto, já há muitos anos, em aplicações pragmáticas de carácter militar, em que o problema da autonomia da viagem e a capacidade de percorrer as estradas infinitamente — pelo menos teóricamente — se tornava crucial (lembro aqui os porta-aviões e os submarinos nucleares).
Temos, claramente, a percepção diária do fim de um ciclo galileico de energia finita no dia-a-dia das nossas vidas. O preço e a escassez do petróleo, a estratégia das grandes potências de armazenamento de crude em reservas nunca suficientes é por demais evidente. As chamadas energias alternativas de carácter renovável são, evidentemente ficcionais para responderem às necessidades das sociedades contemporâneas e têm funcionado, junto do grande público, como um ideal ideológico apelativo mas facilmente desmontável em termos reais. Pena é que as organizações ecologistas e ambientais não tenham sobre esta matéria uma visão mais pragmática e realista e continuem, de forma quase infantil, a propôr soluções verdadeiramente incompatíveis com o desenvolvimento das sociedades e as aspirações dos seres humanos. As soluções que propõem, eivadas de ideais políticos, são sempre similares de "curar a doença matando o doente", sem ter uma visão realista sobre a problemática da energia. Todo este panorama intermédio, encobre as verdadeiras forças que se têm alinhado no terreno: por um lado, a solução nuclear que proporcionaria fontes de energia, teóricamente, infinitas para este milénio e que, em termos de investigação técnica, tem vindo a ter desenvolvimentos absolutamente notáveis mas sem capacidade mediática de chegar ao grande público. Por outro, o desenvolvimento da engenharia genética que, com uma margem de imprevisibilidade muito superior, tem tocado a opinião pública pouco pensante e inconsciente dos eventuais efeitos preversos da criação, ao nível da clonagem, de uma nova raça de dispensáveis, de seres supranumerários que executem as tarefas que mais ninguém quererá executar, proporcionando fontes de energia inesgotáveis.
Quem, como eu, recebe mails diários da Science e de outras revistas científicas de grande credibilidade tem a percepção que esta última via, e os interesses que lhe estão subjacentes têm vindo a conquistar terreno de forma evidente em detrimento dos evidentes avanços ao nível da tecnologia nuclear. As cartas para o jogo do milénio estão lançadas. O grande público ainda está adormecido para esta problemática. Tudo, parece, passar-se, ainda, antes de tempo.