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segunda-feira, 17 de julho de 2006

 
Soneto de devoção


Foto de Katarzina Widmanska


Essa mulher que se arremessa, fria
E lúbrica aos meus braços, e nos seios
Me arrebata e me beija e balbucia
Versos, votos de amor e nomes feios.

Essa mulher, flor de melancolia
Que se ri dos meus pálidos receios
A única entre todas a quem dei
Os carinhos que nunca a outra daria.

Essa mulher que a cada amor proclama
A miséria e a grandeza de quem ama
E guarda a marca dos meus dentes nela.

Essa mulher é um mundo! – uma cadela
Talvez... – mas na moldura de uma cama
Nunca mulher nenhuma foi tão bela!


Rio de Janeiro, 1938

Vinicius de Moraes in Novos Poemas/in Antologia Poética/in Livro de Sonetos/in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"



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