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sábado, 19 de agosto de 2006

 
Cabelos, os Meus Cabelos


Foto de Katarzina Widmanska



Cabelos, los meus cabelos,
El-rei m'enviou por elos.
JOÃO ZORRO


Cabelos, os meus cabelos,
que fontes de negro espanto!
descendo por minhas costas
com segredos de floresta:

meus peitos, meus peitos altos,
são tochas em meio às trevas,
ardendo com seus perfumes,
queimando com fogos claros;

trago uma lua nos ombros,
cascatas pelo meu corpo,
e as sombras da madrugada
no topo de minhas coxas.

Meus peitos, meus peitos nus,
para o amado os tenho virgens:
se ele os pudesse colher,
duros ramos de alecrins!

Teria em corpo desnudo
a ternura do bom Deus,
as mãos derramando trigo
sobre papoulas dormidas.

Cabelos, os meus cabelos,
el-rei os mandou buscar
para os prender em seu leito:
meu corpo, o triste, vai junto.

Não mais verei os meus bosques,
não mais os trevos em flor:
minh'alma geme na estrada,
anoitecendo os caminhos.

Quer el-rei os meus cabelos,
e quer também o meu corpo:
arderei nas madrugadas,
rosa austera em grave leito.

Meu alvo corpo desnudo,
deserto avaro de estrelas,
um sonho de areias brancas
em brancas dunas a pique...

Arderei nas madrugadas,
sofrendo amargos carinhos:
meu coração, o infeliz,
suspira, pombo ferido.

Cabelos, os meus cabelos,
el-rei deseja o meu corpo:
sangrarei sobre seus linhos
como uma rola flechada.

Cabelos, os meus cabelos,
meus peitos, meus peitos altos,
meu virgem corpo desnudo
já não será para o amado.


Péricles Eugênio da Silva Ramos in A noite da memória, 1988.



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