segunda-feira, 20 de novembro de 2006
A esfera de Pascal
Foto de Lilya Corneli
"Podemos afirmar com certeza que o universo é todo centro, ou que o centro do universo está em todas as partes e a circunferência em nenhuma" (De la causa, principio ed uno, V).
Isto foi escrito com exaltação, em 1584, ainda à luz da Renascença, mas setenta anos depois, não restava qualquer reflexo desse fervor e os homens sentiram-se perdidos no tempo e no espaço. No tempo, porque, se o futuro e o passado são infinitos, não haverá realmente um quando; no espaço, porque, se todo o ser é equidistante do infinito e do infinitesimal, tampouco haverá um onde. Ninguém está em nenhum dia, em nenhum lugar; ninguém sabe o tamanho do seu rosto.
Jorge Luis Borges in Nova Antologia Pessoal, 1968.
"Podemos afirmar com certeza que o universo é todo centro, ou que o centro do universo está em todas as partes e a circunferência em nenhuma" (De la causa, principio ed uno, V).
Isto foi escrito com exaltação, em 1584, ainda à luz da Renascença, mas setenta anos depois, não restava qualquer reflexo desse fervor e os homens sentiram-se perdidos no tempo e no espaço. No tempo, porque, se o futuro e o passado são infinitos, não haverá realmente um quando; no espaço, porque, se todo o ser é equidistante do infinito e do infinitesimal, tampouco haverá um onde. Ninguém está em nenhum dia, em nenhum lugar; ninguém sabe o tamanho do seu rosto.
Jorge Luis Borges in Nova Antologia Pessoal, 1968.