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quarta-feira, 17 de janeiro de 2007

 
A ler



O ser que, para a maioria dos homens, constitui a fonte dos mais vivos prazeres e, até — digamo-lo para vergonha das voluptuosidades filosóficas —, dos mais duradouros; o ser para quem, ou em benefício de quem, tendem todos os esforços deles; esse ser terrível, e incomunicável como Deus (com a diferença de que o infinito não comunica, porque cegaria e esmagaria o finito, ao passo que o ser de que falamos talvez seja incompreensível apenas por nada ter a comunicar); esse ser em que Joseph de Maistre via um belo animal cujas graças alegravam e tornavam mais fácil o jogo da política; para quem e por quem se fazem e desfazem as fortunas; para quem, mas sobretudo por quem os artistas e os poetas compõem as suas mais delicadas jóias; de quem derivam os prazeres mais enervantes e as dores mais fecundantes — a mulher, numa palavra (...).

in
O pintor da vida moderna, X, A Mulher, 1863.

A Invenção da Modernidade reúne um conjunto de textos de Baudelaire que vão desde as notas críticas aos Salões de 1846, 1855 e 1859, a outros textos críticos sobre Edgar Poe, Flaubert, Gautier, bem como o ensaio Le Peintre de la vie moderne, publicado no Le Figaro a 26 e 29 de Novembro e 3 de Dezembro de 1863, terminando com os Projectos de prefácios para Les Fleurs du mal, cuja primeira edição surge em 1857.
Com tradução de Pedro Tamen, a edição é da Relógio D'Água.




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