terça-feira, 16 de janeiro de 2007
Portugal, trespassa-se
"O que se há-de fazer!?"
Um cidadão, residente no concelho de Odemira, foi "colhido por um automóvel" quando seguia - na sua vida - de bicicleta. O seu nome, António José Oliveira. Eram 7.30 da manhã, tinha 57 anos e muitos de trabalho e, sem sorte nenhuma, estava no local errado e na hora errada. Era, do mesmo modo, um cidadão obscuro. Não tinha cunhas, não era conhecido dos jornais, não era doutor nem escrevia em blogs e consta que nunca foi ao Plateau, ou ao Lux. Nada o poderia salvar, portanto. E assim foi. Há momentos, fatais, na nossa vida. Inimagináveis.
O nosso cidadão, foi levado para o SAP de Odemira, que não "dispõe", esclarece, de meios assistenciais, para tamanha gravidade. Passavam 3 horas, entretanto, desde o incidente
[Correia de Campos, algures andava em trabalhos ministeriais, com agarrado séquito emplumado. O trabalho governamental é uma canseira afamada. Uma escravidão solene.]
Ao António José Oliveira, cidadão residente no concelho de Odemira, foi-lhe concedido uma "viatura de emergência e reanimação do INEM", vinda de Beja. Mais 1 hora na espera. Outra, ainda, para "estabilizar a vítima". O padecente era, evidentemente, o próprio cidadão e a putativa "estabilização" - 5 horas passadas - era para "evacuar o ferido por helicóptero", para o Santa Maria. Em Lisboa, capital do império.
Não chegou em vida, o nosso cidadão, ao Hospital de todos os enfermos. 7 horas se passaram. Azar, como se percebe, existir uma única viatura "com apoio médico" em todo o distrito. Infelicidade chamar-se António ... José Oliveira. Infortúnio habitar no distrito de Beja. Viver em Portugal. Ser cidadão europeu.
Entretanto, em fugidia observação à TVI, Correia de Campos, o perturbado político, diz não ter "disponibilidade na agenda para fazer comentários" ao sucedido. O trabalho, afinado, da destruição do SNS assim o exige e (sabe-se) a agenda política nunca acaba. Depois, rezam as croniquetas, ficou curioso para saber se "alguma coisa de errado funcionou". Perfeito de humor, este ministro.
Do mesmo modo, convidado a pronunciar-se sobre o infeliz facto e o apoio assistencial dado, um irmão do nosso cidadão disse à TVI: "O que se há-de fazer!??". E, na verdade, está tudo dito. Que podemos fazer com este ministro, este Ministério, este País? Pode-se saber? Ou já não há salvação?
Hoje no Almocreve das petas.
Um cidadão, residente no concelho de Odemira, foi "colhido por um automóvel" quando seguia - na sua vida - de bicicleta. O seu nome, António José Oliveira. Eram 7.30 da manhã, tinha 57 anos e muitos de trabalho e, sem sorte nenhuma, estava no local errado e na hora errada. Era, do mesmo modo, um cidadão obscuro. Não tinha cunhas, não era conhecido dos jornais, não era doutor nem escrevia em blogs e consta que nunca foi ao Plateau, ou ao Lux. Nada o poderia salvar, portanto. E assim foi. Há momentos, fatais, na nossa vida. Inimagináveis.
O nosso cidadão, foi levado para o SAP de Odemira, que não "dispõe", esclarece, de meios assistenciais, para tamanha gravidade. Passavam 3 horas, entretanto, desde o incidente
[Correia de Campos, algures andava em trabalhos ministeriais, com agarrado séquito emplumado. O trabalho governamental é uma canseira afamada. Uma escravidão solene.]
Ao António José Oliveira, cidadão residente no concelho de Odemira, foi-lhe concedido uma "viatura de emergência e reanimação do INEM", vinda de Beja. Mais 1 hora na espera. Outra, ainda, para "estabilizar a vítima". O padecente era, evidentemente, o próprio cidadão e a putativa "estabilização" - 5 horas passadas - era para "evacuar o ferido por helicóptero", para o Santa Maria. Em Lisboa, capital do império.
Não chegou em vida, o nosso cidadão, ao Hospital de todos os enfermos. 7 horas se passaram. Azar, como se percebe, existir uma única viatura "com apoio médico" em todo o distrito. Infelicidade chamar-se António ... José Oliveira. Infortúnio habitar no distrito de Beja. Viver em Portugal. Ser cidadão europeu.
Entretanto, em fugidia observação à TVI, Correia de Campos, o perturbado político, diz não ter "disponibilidade na agenda para fazer comentários" ao sucedido. O trabalho, afinado, da destruição do SNS assim o exige e (sabe-se) a agenda política nunca acaba. Depois, rezam as croniquetas, ficou curioso para saber se "alguma coisa de errado funcionou". Perfeito de humor, este ministro.
Do mesmo modo, convidado a pronunciar-se sobre o infeliz facto e o apoio assistencial dado, um irmão do nosso cidadão disse à TVI: "O que se há-de fazer!??". E, na verdade, está tudo dito. Que podemos fazer com este ministro, este Ministério, este País? Pode-se saber? Ou já não há salvação?
Hoje no Almocreve das petas.