domingo, 15 de julho de 2007
O fio de Ariana
Sigmar Polke
Francisco Goya, "O tempo", 1812, óleo s/ tela, 181x125 cm.
O trabalho de Polke sobre "O tempo" de Goya começa em 1982 e tem óbvia relevância e consequência no todo da sua obra, quer a nível dos motivos e critérios de composição, quer a nível técnico e formal. A relação de Polke com a obra de Goya não é apenas empática no sentido em que Goya atrai Polke por ser o arquetipo do agitador que parte para o exílio recusando os cânones classicistas na defesa de uma corrente romântica. Para Polke, Goya é também o mestre da ironia que se torna mais densa face à decadência física, à doença e à melancolia. Mas, sobretudo, Goya representa para Polke a possibilidade de descobrir, do ponto de vista técnico e histórico, a natureza e o sentido da pintura e, particularmente, esse terreno fértil onde as imagens se geram, caótica e aleatóriamente.
É interessante observar que só aparentemente as intervenções de Polke sobre material previamente impresso são comparáveis às da pop norte-americana. Para Polke, não se trata nunca da transformação da figuração em configuração mas antes entender a natureza da percepção através da manipulação de material icónico. Esta manipulação rejeita qualquer sistema mecanicista e funciona muito mais por acumulação e pela incerteza do acaso.
É interessante observar que só aparentemente as intervenções de Polke sobre material previamente impresso são comparáveis às da pop norte-americana. Para Polke, não se trata nunca da transformação da figuração em configuração mas antes entender a natureza da percepção através da manipulação de material icónico. Esta manipulação rejeita qualquer sistema mecanicista e funciona muito mais por acumulação e pela incerteza do acaso.
Sigmar Polke, Raio X de "O tempo" de Goya, montagem de 15 raio X, 1984, 176x129 cm.
Sigmar Polke, "Goya, O tempo", intervenção sobre fotografia, 1984, 127x185 cm.