<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6432744\x26blogName\x3dANTES+DE+TEMPO\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dSILVER\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://antesdetempo.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://antesdetempo.blogspot.com/\x26vt\x3d810648869186397672', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

quinta-feira, 20 de março de 2008

 
A Deus, a Deus!


Foto de Angelicatas.



Se eu fixar o céu atentamente
e no céu um ponto apenas e só lá,
se me esquecer de mim e do trajecto
voando como a luz ao meu encontro,
se me deixar suspenso nesse ponto
tão esquecido que desapareça,
perderei nessa escolha o Universo,
cavalo de nebulosas espantado,
mas se estender a mão para tocar a terra
sentindo em mim a vida a fervilhar,
mil esporões no sangue e sobre a erva
o corpo de Eva, a fonte em minha cara,
ah, bato então a esta porta negra
que no silêncio por cima se desprende
impelindo-me mais longe que o olhar
à terra estranha do berço descuidado,
ah, — grito eu neste silêncio sem fim
de casa abandonada e seus confins solitários,
sabendo que jamais um eco voltará
como um cavalo a beber na mesma fonte,
ah, — que brado imenso que a minha alma grita
com a garganta em voz e olhos de silêncio,
e fico-me perdido nos corredores do céu
nas salas abandonadas do imenso
e digo Eu! sabendo ali ninguém,
e digo Eu! sabendo que é assim,
e que por mim a mim chego e testemunho,
tão eterno o momento como o mundo,
tão eterno o olhar como o pressentimento,
tão eterno o saber como o repúdio,
a Agonia como a Anunciação,
ah, eu só quero parar o momento!
Eu só quero dizer agora! e nada mais,
e basta que o diga e que o compreenda
para que o tempo não me prenda ao inferno
da sua corrente sem amanhãs,
mas neste grito que sobre a terra eu lanço
a Deus, a Deus! aberto em toda a parte,
ah como eu sinto este segredo intenso
que por dentro ressoa nas quebradas da morte,
a Deus! a Deus, que até no mal
que a cara desfigura em forma de pecado
se transforma em sinal, para que tudo
se desfaça do sentido até à alma!

24/6/87, Herdade do Sobrado


Jorge Guimarães in Odes Nocturnas, 1990.



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?