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quarta-feira, 10 de setembro de 2008

 
A grandes histórias


Gottlieb

As grandes histórias de amor europeias desenrolam-se num espaço extra-coital: a história da princesa de Clèves, a de Paulo e Virgínia, o romance de Frometin cujo herói, Dominique, ama durante toda a vida uma única mulher que nunca chega a beijar, e claro, a história de Werther, e a de Victoria Hamsun, e a de Pierre e Luce, essas personagens de Romain Rolland que fizeram chorar no seu tempo as leitoras de toda a Europa. Em O Idiota, Dostoiewsky deixou Nastassia Philippovna ir para a cama com o primeiro negociante que lhe apareceu, mas quando se tratou da paixão verdadeira, quer dizer quando Nastassia se viu entre o príncipe Mychkine e Rogojine, os respectivos sexos dissolveram-se nos três grandes corações como torrões de açúcar em três chávenas de chá. O amor de Ana Karenine e de Vronski terminou com o seu primeiro acto sexual, daí em diante passou a ser apenas a sua própria decrepitude e nós nem sequer sabemos porquê: fariam amor assim tão mal? ou, pelo contrário, amar-se-iam com tanto garbo que a força da volúpia fez nascer neles um sentimento de pecado? Seja qual for a resposta, chegamos sempre à mesma conclusão: depois do amor pré-coital, já não havia grande amor, nem podia já havê-lo.
(...)
A noção europeia do amor enraíza-se num terreno extra-coital. O século XX, que se gaba de ter libertado a sexualidade e que gosta de se rir dos sentimentos românticos, não soube dar à noção de amor qualquer sentido novo (tal é um dos naufrágios deste século) de maneira que um jovem europeu, quando profere mentalmente essa grande palavra, vê-se reconduzido nas asas do encantamento, quer queira quer não, até ao ponto exacto em que Werther viveu o seu amor por Lotte e em que Dominique ia caindo do cavalo.


Milan Kundera in A Imortalidade, 1990.



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