<body><script type="text/javascript"> function setAttributeOnload(object, attribute, val) { if(window.addEventListener) { window.addEventListener('load', function(){ object[attribute] = val; }, false); } else { window.attachEvent('onload', function(){ object[attribute] = val; }); } } </script> <div id="navbar-iframe-container"></div> <script type="text/javascript" src="https://apis.google.com/js/platform.js"></script> <script type="text/javascript"> gapi.load("gapi.iframes:gapi.iframes.style.bubble", function() { if (gapi.iframes && gapi.iframes.getContext) { gapi.iframes.getContext().openChild({ url: 'https://www.blogger.com/navbar.g?targetBlogID\x3d6432744\x26blogName\x3dANTES+DE+TEMPO\x26publishMode\x3dPUBLISH_MODE_BLOGSPOT\x26navbarType\x3dSILVER\x26layoutType\x3dCLASSIC\x26searchRoot\x3dhttps://antesdetempo.blogspot.com/search\x26blogLocale\x3dpt_PT\x26v\x3d2\x26homepageUrl\x3dhttp://antesdetempo.blogspot.com/\x26vt\x3d810648869186397672', where: document.getElementById("navbar-iframe-container"), id: "navbar-iframe" }); } }); </script>

terça-feira, 9 de setembro de 2008

 
Os episódios


Hofmann


Os episódios são como minas. A maior parte deles nunca explodem, mas chega um dia em que o mais modesto nos será fatal. Na rua, uma rapariga avançará de frente para nós, lançando-nos de longe um olhar que nos parecerá um tanto alucinado. Afrouxará progressivamente o passo, depois deter-se-á: "É mesmo você? Ando há anos à sua procura!" e saltar-nos-á ao pescoço. É a rapariga que nos caiu desmaiada nos braços no dia em que íamos ter com a mulher da nossa vida, a qual se tornou entretanto nossa mulher e mãe do nosso filho. Mas a rapariga encontrada por acaso na rua decidiu, há muito tempo, apaixonar-se pelo seu salvador, e o facto fortuito de nos ter encontrado vai parecer-lhe um sinal do destino. Telefonar-nos-á cinco vezes por dia, escrever-nos-á cartas, irá ter com a nossa mulher para lhe explicar que nos ama e que tem direitos sobre nós, até ao momento em que a mulher da nossa vida perder a paciência, fizer amor por raiva com o homem do lixo e nos deixar levando-nos o filho. Para escaparmos à rapariga apaixonada, que entretanto despejou no nosso apartamento todo o recheio dos seus armários, iremos refugiar-nos do outro lado do oceano, e por lá morreremos no desespero e na miséria. Se as nossas vidas fossem eternas como as dos deuses antigos, a noção de episódio perderia o seu sentido, porque no infinito todo o acontecimento, até o mais negligenciável, se tornaria um dia causa de um efeito, desenvolvendo-se em história.

Milan Kundera in A Imortalidade, 1990.



<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?