quarta-feira, 22 de julho de 2009
Livros esquecidos (15)
São Paulo é uma biografia romanceada da vida do apóstolo. Publicado em 1932, escrito pouco tempo antes, Pascoaes é um homem que já passou os cinquenta anos de idade quando se aproxima de São Paulo, "mascarado" (no dizer de António Pedro Vasconcelos). Mascarado de biógrafo e de historiador pois, na realidade, a História interessa-lhe pouco. Antes, segue os passos da Lenda, até porque, como a certa altura escreve " a Lenda corrige a História". Nos anos que ainda vai durar a sua vida solitária no Marão, Pascoaes assumirá a mesma postura em relação a Napoleão, a Camilo, a São Jerónimo.
Nesta extraordinária abordagem da vida do apóstolo, Pascoaes opta pela descrição do dualismo: "O nosso ser deriva do encontro casual e momentâneo de duas forças, ou da reflexão do espírito na matéria. Que é uma estrela à tona de água? Qualquer coisa de efémero e maravilhoso, mas não a água nem a estrela...". Saulo, soldado romano; Paulo, o apóstolo. Esta postura que não é nem o protesto neo-realista nem o modernismo vai valer-lhe o esquecimento e, na época da sua publicação, a fúria dos católicos.
Nesta extraordinária abordagem da vida do apóstolo, Pascoaes opta pela descrição do dualismo: "O nosso ser deriva do encontro casual e momentâneo de duas forças, ou da reflexão do espírito na matéria. Que é uma estrela à tona de água? Qualquer coisa de efémero e maravilhoso, mas não a água nem a estrela...". Saulo, soldado romano; Paulo, o apóstolo. Esta postura que não é nem o protesto neo-realista nem o modernismo vai valer-lhe o esquecimento e, na época da sua publicação, a fúria dos católicos.