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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

 
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Cores


D. Branca morava no Porto e sofria, por vezes, de chiliques inofensivos. Era um costume dos últimos anos que a dominava nas tardes de mau génio. Ficava então toda e toda confundida num deixar-se apoderar de outras cores. D. Branca virava-se encurvada, apoplética, sem ter mão em si barafustava até ir tudo razo. Para as criadas, nos momentos assim, a vida com D. Branca era negra. Mourejavam o pão e só respiravam claridade quando D. Branca estava a dormir. No sono ela parecia uma pomba mostrando seus cabelos grisalhos.
Depois dos achaques, D. Branca ficava cor de cera, parecia pronta para embarcar no comboio mistério da morte.

Ruben A.
in Cores, 1960.




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