quinta-feira, 26 de novembro de 2009
Livros esquecidos (25)
Marc Augé não é propriamente um autor esquecido, muito menos desconhecido, pelo menos nos círculos académicos. Ilustre professor de antropologia na Sorbonne, autor de Non-lieux (teoria da super-modernidade), Augé é de leitura obrigatória, mais não seja para os estudantes de antropologia. Les Formes de l'oubli é, no entanto, um interessantíssimo livro — editado em 1998 — que ficou, por assim dizer, um tanto ou quanto perdido na vasta obra académica do autor. Aqui, Augé fala-nos da necessidade de esquecer. O esquecimento é tratado como elemento essencial das sociedades e dos indivíduos. Augé define três formas ou figuras do esquecimento: o regresso, em que a ambição primeira é a de reencontrar o passado perdido, esquecendo o presente; a suspensão, em que se pretende uma redescoberta do presente isolando-o provisoriamente do passado e do futuro; o recomeço cuja ambição é a de reencontrar o futuro esquecendo o passado e criando condições, através do esquecimento, para todos os futuros possíveis, sem previligiar nenhum. Num mundo em que os tempos — passado, presente e futuro — se encontram relativizados e em que memória e esquecimento são protagonistas que trocam de papéis a cada instante, Les Formes de l'oubli é, sem dúvida, uma obra a não esquecer.