quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O buraco negro
Pinho Cardão escreve hoje no Quarta república:
Nos tempos da Grande Depressão de 1929 a 1933, Keynes ensinava que era virtuosa a intervenção do Estado na dinamização do emprego e da economia, mesmo que os funcionários fossem pagos para, consecutivamente, abrir e tapar o mesmo buraco.
Era facto que, na altura, a Despesa Pública seria inferior a 10% do PIB.
Lembrei-me desta doutrina de Keynes quando vi hoje, mais uma vez, porventura pela trigésima ou quadragésima vez, este ano, uma brigada a reparar a linha do eléctrico de Sintra para a Praia das Maçãs. Palpita-me mesmo que a brigada estaciona por lá todos os dias.
É verdade que o eléctrico funciona só em dias de grande festa que, por junto, são dois ou três no ano. O préstimo essencial do eléctrico não é transportar gente, é justificar os permanentes arranjos da linha.
Era facto que, na altura, a Despesa Pública seria inferior a 10% do PIB.
Lembrei-me desta doutrina de Keynes quando vi hoje, mais uma vez, porventura pela trigésima ou quadragésima vez, este ano, uma brigada a reparar a linha do eléctrico de Sintra para a Praia das Maçãs. Palpita-me mesmo que a brigada estaciona por lá todos os dias.
É verdade que o eléctrico funciona só em dias de grande festa que, por junto, são dois ou três no ano. O préstimo essencial do eléctrico não é transportar gente, é justificar os permanentes arranjos da linha.
O eléctrico da Praia das Maçãs, melhor, a linha Sintra-Praia das Maçãs, é o buraco de Keynes!...
A comparação é, evidentemente, excessiva. O que corremos, de facto, é o risco de projectos irresponsáveis como o TGV (e não só) virem a ser o eléctrico da Praia das Maçãs mas aí o buraco já não é o de Keynes. É um buraco negro com características semelhantes ao fenómeno cósmico.