sábado, 8 de maio de 2010
Acordo ortográfico... também será isto?
Surge, através da editora brasileira Vozes, a edição em língua portuguesa (?) de Palavra e Objecto de Quine, tradução de Sofia Stein e Desidério Murcho. Faz notar este último algumas aberrações desta edição, na forma abrasileirada com que foi tratada a tradução.
Começa por notar que a secção 47, traduzida por ele, tem como título original "A framework for theory", cuja tradução foi "Um enquadramento para a teoria" mas que na versão brasileira surge como "Uma armação para a teoria" (pergunta Desidério Murcho se a "armação" é de aço ou de madeira).
Também no início da bibliografia, "Only those works are listed that are alluded to elsewhere in the book" e que foi traduzido por "Listam-se apenas as obras a que se alude algures no livro", surge nesta edição como "Somente aos trabalhos listados aludiu-se em algum lugar do livro".
E, por fim, dá-nos o exemplo do que surge na página 40 da edição brasileira:
No original, Quine escreve "The pattern of conditioning is complex and inconstant from person to person, but there are points of general congruence: combinations of questions and non-verbal stimulations which are pretty sure to elicit an affirmative answer from anyone fit to be numbered within the relevant speech community. Johnson struck such a combination, putting himself in the way of a stimulus that would trigger an affirmative response from any of us to the question whether a stone is there."
A tradução foi: "O padrão de condicionamento é complexo e inconstante, de pessoa para pessoa, mas há bons pontos de congruência geral: combinações de perguntas e de estimulações não-verbais que quase certamente provocam uma resposta afirmativa a qualquer pessoa que se possa adequadamente considerar que pertence à comunidade discursiva relevante. Johnson tropeçou numa dessas combinações, pondo-se frente a um estímulo que despoletaria uma resposta afirmativa de qualquer um de nós à questão de saber se está ali uma pedra."
Surge assim na edição brasileira: "O padrão de condicionamento é complexo e inconstante de pessoa a pessoa, porém existem pontos de congruência geral: combinações de questões e estimulações não verbais que são muito prováveis de provocar uma resposta afirmativa de qualquer um adequado a ser considerado como parte da comunidade de fala relevante. Johnson enfrentou tal combinação, examinando um estímulo que precipitaria uma resposta afirmativa de qualquer um de nós à questão se há uma pedra ali."
Não tendo só a ver com ortografia, farão estas "delícias da linguagens", como lhe chama Desidério Murcho, parte da unificação da língua?
Surge, através da editora brasileira Vozes, a edição em língua portuguesa (?) de Palavra e Objecto de Quine, tradução de Sofia Stein e Desidério Murcho. Faz notar este último algumas aberrações desta edição, na forma abrasileirada com que foi tratada a tradução.
Começa por notar que a secção 47, traduzida por ele, tem como título original "A framework for theory", cuja tradução foi "Um enquadramento para a teoria" mas que na versão brasileira surge como "Uma armação para a teoria" (pergunta Desidério Murcho se a "armação" é de aço ou de madeira).
Também no início da bibliografia, "Only those works are listed that are alluded to elsewhere in the book" e que foi traduzido por "Listam-se apenas as obras a que se alude algures no livro", surge nesta edição como "Somente aos trabalhos listados aludiu-se em algum lugar do livro".
E, por fim, dá-nos o exemplo do que surge na página 40 da edição brasileira:
No original, Quine escreve "The pattern of conditioning is complex and inconstant from person to person, but there are points of general congruence: combinations of questions and non-verbal stimulations which are pretty sure to elicit an affirmative answer from anyone fit to be numbered within the relevant speech community. Johnson struck such a combination, putting himself in the way of a stimulus that would trigger an affirmative response from any of us to the question whether a stone is there."
A tradução foi: "O padrão de condicionamento é complexo e inconstante, de pessoa para pessoa, mas há bons pontos de congruência geral: combinações de perguntas e de estimulações não-verbais que quase certamente provocam uma resposta afirmativa a qualquer pessoa que se possa adequadamente considerar que pertence à comunidade discursiva relevante. Johnson tropeçou numa dessas combinações, pondo-se frente a um estímulo que despoletaria uma resposta afirmativa de qualquer um de nós à questão de saber se está ali uma pedra."
Surge assim na edição brasileira: "O padrão de condicionamento é complexo e inconstante de pessoa a pessoa, porém existem pontos de congruência geral: combinações de questões e estimulações não verbais que são muito prováveis de provocar uma resposta afirmativa de qualquer um adequado a ser considerado como parte da comunidade de fala relevante. Johnson enfrentou tal combinação, examinando um estímulo que precipitaria uma resposta afirmativa de qualquer um de nós à questão se há uma pedra ali."
Não tendo só a ver com ortografia, farão estas "delícias da linguagens", como lhe chama Desidério Murcho, parte da unificação da língua?