sexta-feira, 2 de julho de 2010
Governo socialista: mentiras e incompetência
- A existência de uma golden share numa sociedade cotada é uma verdadeira aberração, que Bruxelas só foi tolerando – apesar dos vários avisos alertando para a sua incompatibilidade com os princípios da livre circulação de capitais no espaço da UE e da salvaguarda da concorrência – pelo simples facto de que ela só havia sido usada até há uns dias para uns fretes de cariz interno. Ora, o governo português optou por usar agolden share precisamente num quadro de decisão onde dificilmente o objectivo do seu exercício será atingido: está visto que é altamente provável que o Tribunal Europeu anule para a semana a deliberação da Mesa da Assembleia Geral que permitiu que a golden share se sobrepusesse à vontade expressiva da maioria dos accionistas da PT; parece claro que a VIVO vai mesmo parar às mãos da Telefonica; e o Governo e a administração da PT vão acabar, parafraseando o que em tempos foi dito pelo chairman da empresa, a fazer “figura de corno”. As golden shares em Portugal vão morrer de uma forma pouco honrosa para o país: com o governo e a administração da PT desautorizado(a)s, e por ordem e puxão de orelhas das instâncias comunitárias.
- A PT é uma sociedade cotada. As sociedades cotadas obedecem às regras do mercado, e não a um suposto “interesse nacional”. Mas dando de barato que existe um “interesse nacional” oposto ao normal funcionamento do mercado num quadro de economias abertas, não vejo onde é que isso se cruza com a venda da VIVO. Primeiro, que se saiba, a concretizar-se o negócio haverá uma troca de um activo por liquidez (e o preço oferecido pela Telefonica, tomando como referência até a capitalização bolsista da própria PT, é impressionante), sendo que a VIVO nem sequer se situa em Portugal. Mais, onde é que o “interesse nacional” fica defendido quando grandes accionistas da PT, portugueses, que aspiravam à venda para obter liquidez vêm a sua pretensão negada? Quem é que no seu juízo perfeito é capaz de afirmar que reforços de liquidez por venda de activos a um bom preço nesta fase não são positivos para as empresas portuguesas e para o nosso sistema financeiro?
A ler Rodrigo Adão da Fonseca no Insurgente.
E já agora, alguém consegue racionalizar o dito interesse estratégico de que Sócrates fala?