segunda-feira, 27 de setembro de 2010
As consequências mais nefastas dos governos socialistas desde 1995 não vão ser as económicas, ainda que estas nos dêem – e aos nossos filhos e, quem sabe, netos – razões para desesperar.
Cavaco Silva escreveu num dos seus livros da autobiografia política que na noite da vitória da primeira maioria absoluta, contaram-lhe, um senhor na Avenida da Liberdade em Lisboa gritava que finalmente ia conseguir comprar um carro próprio. Foi precisamente esta ambição de conseguirmos algo por nós próprios que Guterres matou com a sua política assistencialista, levando à dependência do estado franjas cada vez maiores da população (franjas engordadas pelo empobrecimento inevitável resultante da apropriação crescente de impostos usados para sustentar essas franjas), à desresponsabilização individual no sucesso ou insucesso financeiro, à exigência de que o estado ‘dê’ casas, livros, rendimentos mesmo que não se trabalhe, …
Sócrates, pelo seu lado, conseguiu terminar com qualquer decência que, antes, se exigia aos governantes (incluindo nos governos Guterres; recordemo-nos de dois exemplos: António Vitorino demitiu-se dizendo que um ministro não pode estar sob suspeita e Jorge Coelho assumiu a responsabilidade política pelo acidente na ponte de Entre-os-Rios). O que é visto como normal (à conta da frequência da reincidência nos comportamento desviantes) neste PM e nos seus ministros levaria a quem em outro qualquer governo de lá se saísse para permanecer em casa durante uns meses com vergonha de descer à rua. O nível é tão subterrâneo que se engendrou, em defesa do PM, a ideia peregrina de que um PM só deve responder politicamente pelo que é susceptível de ser provado em tribunal.
A solução para o descontrole orçamental e para o excessivo peso do estado - o problema económico português – é fácil de implementar, assim haja coragem e determinação políticas. Resolver os males guterrista e socrático é que se afigura tarefa para titãs.
Maria João Marques, Esgoto a céu aberto, aqui.