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terça-feira, 15 de março de 2011

 
O fundo do poço

Se as novas medidas bastam?


Não bastam, não. No estado em que o país se encontra, as medidas do governo são insuficientes para se pagar o que se deve. Vai ser necessário cortar mais, cobrar mais, reduzir mais, em suma, ir buscar mais dinheiro aos poucos bolsos que ainda têm algum, para se continuar a pagar o endividamento do país e os pesados juros resultantes da falta de confiança dos nossos credores.

Esta é a factura de um Estado Social com décadas de desperdício, disparate, despesismo, ilusões fáceis vendidas a troco de votos e de prebendas distribuídas a montante e a jusante. Um modelo político e social a que é preciso pôr termo urgentemente, mas por acção e não por derrocada, como está a suceder. Pedir a socialistas que o façam, que mudem o paradigma que lhes dá origem ao nome e à existência, é o mesmo que pedir ao escorpião da fábula que não morda a rã. As medidas tomadas, extraordinariamente penalizadoras dos portugueses, servem apenas para tapar os buracos dos juros da dívida. Não estão a ser acompanhadas pela reforma necessária do estado que as provocou. Serão, por consequência, no médio prazo, praticamente inúteis.

Por isso, e também pelos evidentes sinais de saturação, cansaço, desapego à realidade, falta evidente de alternativas, este primeiro-ministro e este governo devem sair. Mas que aqueles que os querem ver de costas não esperem facilidades para o dia seguinte e, sobretudo, que não esperem do próximo governo, do próximo partido, nas próximas eleições o El Dorado ao virar da esquina. Isto é, um novo Estado Social benfazejo, criador do emprego, da riqueza e da prosperidade que os portugueses devem poder ser livres de criar, sem a presença asfixiante do estado que os impediu de o fazer nas últimas décadas.

Estará a direita consciente de que o day after de José Sócrates, inevitável mais tarde ou mais cedo, não passa por um Estado Social melhor gerido, mas por uma mudança profunda de paradigma? Tenho as minhas dúvidas. Como duvido que seja isso que a maioria dos portugueses descontentes espera que venha a acontecer.

Rui a. no Blasfémias.




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