quinta-feira, 29 de julho de 2010
Cosa Nostra
Deus, nas horas vagas, é também vendedor da JP Sá Couto. Como diz o "Príncipe da Democracia", está, de facto, em todo o lado.
quarta-feira, 28 de julho de 2010
Cosa Nostra
A Telefónica, até agora parceira da PT na operadora móvel brasileira Vivo, anunciou que alcançou um «princípio de acordo» para comprar a posição da portuguesa na Brasilcel, hoding que controla a maioria do capital da Vivo. Segundo nota enviada à CNMV, entidade de supervisão da bolsa espanhola, a companhia presidida por César Alierta afirmater chegado a um entendimento, que será formalizado esta quarta-feira. Com base no anunciado, a PT aceitou vender os 50% que detém na Brasilcel, entidade que por sua vez controla 60% da Vivo. O acordo será formalizado entre os conselhos de administração de ambas as partes, que reunirão hoje em sessões extraordinárias. (Diário Digital)
E então, Deus? Como fica agora o "interesse nacional"?
segunda-feira, 26 de julho de 2010
Cosa Nostra
«Admiro-o por muitas razões, não só a resistência psíquica, clarividência, capacidade oratória, a de se deslocar. Ele é como Deus nosso Senhor, está em toda a parte», afirmou.
O ex-presidente da Assembleia da República, a quem José Sócrates apelidou de «Príncipe da Democracia» chama o primeiro-ministro de «amigo», uma amizade na qual tem «muito orgulho».
Afinal quem é que usa o anel no dedo mindinho?
sexta-feira, 23 de julho de 2010
quarta-feira, 21 de julho de 2010
Continua a ser extraordinário como, em Portugal, trinta e seis anos depois do 25 de Abril, vinte e um anos depois da queda do muro de Berlim, esta gente estrebucha e defende o "resto no fundo do prato" quando alguém põe em causa os princípios doutrinários de um débris socialista. Mesmo se isso equivale a todos vivermos muito pior.
sábado, 17 de julho de 2010
Páginas notáveis (25)
L'hostilité aux bâtisseurs de système est depuis plus d'un siècle un trait constant du bon goût intellectuel: Kierkegaard, Nietzsche, Wittgenstein comptent parmi les nombreuses voix qui, au nom d'une singularité supérieure, à peine supportable, proclament l'absurdité des systèmes. Sous sa forme moderne forte, le mépris des systèmes est un des aspects de la contestation de la Loi et du Pouvoir lui-même. Sous une forme plus ancienne et plus douce, ce refus fait partie de la tradition sceptique française, de Montaigne à Gide: des écrivains qui se comportent en gourmets par rapport à leur propre conscience sont prédisposés à dénoncer «la sclérose des systèmes», expression dont Barthes se servit dans son premier essai, consacré à Gide. Et avec ces refus s'est développée une stylistique spécifiquement moderne, dont le prototype remonte au moins à Sterne et aux romantiques allemands: l'invention de formes de récit anti-linéaires; dans le domaine de la fiction, c'est la destruction de l'«histoire»; dans celui de l'essai, c'est l'abandon du développement linéaire. Le fait de présumer impossible (ou sans intérêt) de produire un développement systématique continu a conduit à remodeler les grandes formes établies (le traité, le livre long) et à redistribuer les genres de la fiction, de l'autobiographie et de l'essai. De cette stylistique, Barthes est un praticien particulièrement inventif.
Pour la sensibilité romantique et post-romantique, dans tout livre, l'auteur se donne en représentation: écrire est un acte théâtral, soumis à une élaboration théâtrale.
Susan Sontag in L'écriture même: à propos de Barthes, 1982.
sexta-feira, 9 de julho de 2010
Resposta...
Finalmente, uma resposta à minha pergunta do dia 2 de Julho.
Fica-se a saber que o argumento do governo relativamente ao dito «interesse estratégico» é:
Fica-se a saber que o argumento do governo relativamente ao dito «interesse estratégico» é:
"Razões de segurança e de ordem públicas a fim de garantir a prestação dos serviços de telecomunicações em caso de crise, de guerra, de terrorismo, de riscos naturais e de outros tipos de ameaças".
Uma vez que o negócio trata da venda à Telefónica de uma empresa de comunicações móveis brasileira, fico a saber que, em caso de risco de «segurança e de ordem públicas» e «a fim de garantir a prestação dos serviços de telecomunicações em caso de crise, de guerra, de terrorismo, de riscos naturais e de outros tipos de ameaças" são os telemóveis brasileiros da Vivo que nos vão safar. Peço desculpa pelas dúvidas. Estou completamente elucidado.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
Páginas notáveis (24)
Une grande partie de l'oeuvre de Barthes est consacrée au répertoire du plaisir, «la grande aventure du désir», selon l'expression de l'essai sur la Phisiologie du goût de Brillat-Savarin. Recueillant un modèle de félicité dans tout ce qu'il étudie, il assimile la pratique intellectuelle elle-même à la pratique érotique. Barthes appelait désir la vie de l'esprit, et se souciait de défendre la pluralité du désir. Le sens n'est jamais monogame. Sa joyeuse sagesse, son gai savoir offrent l'idéal d'une conscience libre, avide et pourtant satisfaite, l'idéal d'une condition où l'on n'a pas à choisir entre le bien et le mal, entre le vrai et le faux, où la justification n'est pas nécessaire. Les textes et les entreprises qui attiraient Barthes étaient pour la plupart ceux où il pouvait déceler un défi lancé à ces antithèses. C'est ainsi, par exemple, que Barthes analyse la mode: comme un domaine, semblable à celui de l'éros, où les contraires n'existent pas («La mode cherche des équivalences, des validités, non des vérités»); où l'on peut s'autoriser la satisfaction; où le sens et le plaisir abondent.
Pour mener ce genre d'analyse, Barthes a besoin d'une catégorie maîtrisse à travers laquelle tout puisse être réfracté, qui permette à l'intellect de jouer le plus grand nombre possible de coups. Cette catégorie la plus inclusive est celle du langage, pris en son sens le plus large: la forme même. C'est ainsi que le sujet du Système de la mode (1967) n'est pas la mode mais le langage de la mode. Barthes postule évidemment que le langage de la mode est la mode; que, comme il l'a déclaré dans un entretien, «la mode n'existe qu'à travers le discours que l'on tient sur la mode». Des postulats de cette espèce (le mythe est un langage, la mode est un langage) sont devenus une convention dominante, souvent réductrice, dans les entreprises intellectuelles contemporaines. Dans l'oeuvre de Barthes, ils sont moins réducteurs que proliférateurs: abondance de biens pour le critique considéré comme un artiste. Stipuler qu'il n'y a pas de compréhension en dehors du langage, c'est affirmer qu'il y a du sens partout.
En étendant ainsi le domaine du sens, Barthes déborde le concept pour déboucher sur des paradoxes triomphants tels que celui du sujet vide qui contient tout, du signe vide auquel toute signification peut être attribuée.
Susan Sontag in L'écriture même: à propos de Barthes, 1982.
sábado, 3 de julho de 2010
Paulo Nozolino
Paulo Nozolino foi premiado com o prémio da AICA/MC. Mas o entendimento que o governo socialista tem da cultura é, no mínimo, estranho.
Paulo Nozolino relata aqui o sucedido:
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir “um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS”.
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.
Na cerimónia de atribuição do Prémio foi-me entregue um envelope não com o esperado cheque de dez mil euros, como anunciado publicamente, mas sim com uma promessa de transferência bancária dessa mesma soma, assinada por Jorge Barreto Xavier, Director Geral das Artes. No dia seguinte, depois do espectáculo, das luzes e do social, recebo um e-mail exigindo-me que fornecesse, para que essa transferência fosse efectuada, certidões actualizadas da minha situação contributiva e tributária, bem como o preenchimento de uma nota de honorários, onde me aplicam a mencionada taxa de 10%, cuja existência é justificada pelo Director Geral das Artes como decorrendo de um pedido efectuado por aquela entidade à Direcção-Geral dos Impostos para emitir “um parecer no sentido de que, regra geral, o valor destes prémios fosse sujeito a IRS”.
Tomo o pedido de apresentação das certidões como uma acusação da parte do Estado de que não tenho a minha situação fiscal em dia e considero esse pedido uma atitude de má fé. A nota de honorários implica que prestei serviços à DGARTES. Não é verdade. Nunca poderia assinar tal documento.
Se tivesse sido informado do presente envenenado em que tudo isto consiste não teria aceite passar por esta charada.
Nunca, em todos os prémios que recebi, privados ou públicos, no país ou no estrangeiro, senti esta desconfiança e mesquinhez. É a primeira vez que sinto a burocracia e a avidez da parte de quem pretende premiar Arte. Não vou permitir ser aproveitado por um Ministério da Cultura ao qual nunca pedi nada. Recuso a penhora do meu nome e obra com estas perversas condições. Devolvo o diploma à AICA, rejeito o dinheiro do Estado e exijo não constar do historial deste prémio.
sexta-feira, 2 de julho de 2010
Governo socialista: mentiras e incompetência
- A existência de uma golden share numa sociedade cotada é uma verdadeira aberração, que Bruxelas só foi tolerando – apesar dos vários avisos alertando para a sua incompatibilidade com os princípios da livre circulação de capitais no espaço da UE e da salvaguarda da concorrência – pelo simples facto de que ela só havia sido usada até há uns dias para uns fretes de cariz interno. Ora, o governo português optou por usar agolden share precisamente num quadro de decisão onde dificilmente o objectivo do seu exercício será atingido: está visto que é altamente provável que o Tribunal Europeu anule para a semana a deliberação da Mesa da Assembleia Geral que permitiu que a golden share se sobrepusesse à vontade expressiva da maioria dos accionistas da PT; parece claro que a VIVO vai mesmo parar às mãos da Telefonica; e o Governo e a administração da PT vão acabar, parafraseando o que em tempos foi dito pelo chairman da empresa, a fazer “figura de corno”. As golden shares em Portugal vão morrer de uma forma pouco honrosa para o país: com o governo e a administração da PT desautorizado(a)s, e por ordem e puxão de orelhas das instâncias comunitárias.
- A PT é uma sociedade cotada. As sociedades cotadas obedecem às regras do mercado, e não a um suposto “interesse nacional”. Mas dando de barato que existe um “interesse nacional” oposto ao normal funcionamento do mercado num quadro de economias abertas, não vejo onde é que isso se cruza com a venda da VIVO. Primeiro, que se saiba, a concretizar-se o negócio haverá uma troca de um activo por liquidez (e o preço oferecido pela Telefonica, tomando como referência até a capitalização bolsista da própria PT, é impressionante), sendo que a VIVO nem sequer se situa em Portugal. Mais, onde é que o “interesse nacional” fica defendido quando grandes accionistas da PT, portugueses, que aspiravam à venda para obter liquidez vêm a sua pretensão negada? Quem é que no seu juízo perfeito é capaz de afirmar que reforços de liquidez por venda de activos a um bom preço nesta fase não são positivos para as empresas portuguesas e para o nosso sistema financeiro?
A ler Rodrigo Adão da Fonseca no Insurgente.
E já agora, alguém consegue racionalizar o dito interesse estratégico de que Sócrates fala?
quinta-feira, 1 de julho de 2010
A ler
No Cachimbo de Magritte:Um elefante na sala, ou o país a saque da máfia socrática e infectado pela indiferença geral
Tenho lido diariamente as páginas centrais do Correio da Manhã (tem dias que não é nas centrais, mas anda sempre ali perto). Desde há semanas, aquela dupla-página reproduz integralmente as escutas telefónicas do caso PT/TVI. Metódica e organizadamente. Com os nomes, os casos, as sms, os telefonemas. Tudo preto no branco, sem comentários ou interpretações, apenas factos, reproduções de conversas que foram gravadas - e, portanto, não podem ser desmentidas -, numa soma de episódios que parecem mais italianos do que portugueses, e numa cronologia que não permite duvidar ou negar o que ocorreu. Só não vê quem não quer mesmo ver…
A vantagem deste serviço público do Correio da Manhã é que, liberto dos empecilhos habituais dos legalismos que tantas vezes têm impedido que se faça justiça, permite que cada leitor ajuíze, por si, sobre o que está em causa.Aquelas conversas ocorreram, aquelas sms’s foram trocadas. Podem os Tribunais e os Parlamentos fazerem-se de surdos “em nome da lei” e por obediência ao “regimento”, ao ”regulamento” ou ao tão amado “erro processual”, pode a esgrima dos advogados ser mais ou menos feliz sobre as armadilhas do legislador, mas nada disso apaga evidências e factos.
O que resulta da leitura diária do CM é radicalmente divergente do que sucede na praça pública. Trata-se de um insólito caso de inversão da prova: ainda que aquelas páginas nos demonstrem e provem um dos mais graves atentados à democracia e à liberdade de expressão de que tenho memória no pós-25 de Abril (ok, 1975 à parte…), e que se estende bem para lá da TVI e do casal Moniz/Moura Guedes, e estando o escândalo nas páginas do jornal diário de maior expansão, o que sucede é que a Comissão Parlamentar não consegue concluir nada, os mecanismos da justiça não conseguem e/ou não podem “ouvir”, e os procedimentos legais encarregam-se do resto. Os (outros) jornais também não lêem o Correio da Manhã. O Presidente da Republica persiste em não ler jornais. A “Europa” não conta para este insólito acontecimento.
Todas as escutas que exibem tristemente a verdade são, afinal, “nulas” e servem hoje apenas para que saibamos como o sistema está feito para que não funcione. Ou seja: encarregam-se de fazer com que o elefante que se passeia pela sala não seja afinal visto por alguém.
Se quisermos ir mais fundo, este caso mostra o que mudou dos tempos de “O Independente” aos dias de hoje – há 20 anos, este trabalho do Correio da Manhã já tinha feito cair o Governo, já tinha feito algumas pessoas mudarem de vida, e certamente recentrara o mundo político. Nos dias que correm, não apenas nada acontece como a maioria dos envolvidos continua a passear-se em cima do elefante que todos fazem de conta que não vêem.
Já tinha visto muita coisa nestes 46 anos de vida. Nunca tinha visto o visível tornar-se invisível mesmo estando à vista.
A vantagem deste serviço público do Correio da Manhã é que, liberto dos empecilhos habituais dos legalismos que tantas vezes têm impedido que se faça justiça, permite que cada leitor ajuíze, por si, sobre o que está em causa.Aquelas conversas ocorreram, aquelas sms’s foram trocadas. Podem os Tribunais e os Parlamentos fazerem-se de surdos “em nome da lei” e por obediência ao “regimento”, ao ”regulamento” ou ao tão amado “erro processual”, pode a esgrima dos advogados ser mais ou menos feliz sobre as armadilhas do legislador, mas nada disso apaga evidências e factos.
O que resulta da leitura diária do CM é radicalmente divergente do que sucede na praça pública. Trata-se de um insólito caso de inversão da prova: ainda que aquelas páginas nos demonstrem e provem um dos mais graves atentados à democracia e à liberdade de expressão de que tenho memória no pós-25 de Abril (ok, 1975 à parte…), e que se estende bem para lá da TVI e do casal Moniz/Moura Guedes, e estando o escândalo nas páginas do jornal diário de maior expansão, o que sucede é que a Comissão Parlamentar não consegue concluir nada, os mecanismos da justiça não conseguem e/ou não podem “ouvir”, e os procedimentos legais encarregam-se do resto. Os (outros) jornais também não lêem o Correio da Manhã. O Presidente da Republica persiste em não ler jornais. A “Europa” não conta para este insólito acontecimento.
Todas as escutas que exibem tristemente a verdade são, afinal, “nulas” e servem hoje apenas para que saibamos como o sistema está feito para que não funcione. Ou seja: encarregam-se de fazer com que o elefante que se passeia pela sala não seja afinal visto por alguém.
Se quisermos ir mais fundo, este caso mostra o que mudou dos tempos de “O Independente” aos dias de hoje – há 20 anos, este trabalho do Correio da Manhã já tinha feito cair o Governo, já tinha feito algumas pessoas mudarem de vida, e certamente recentrara o mundo político. Nos dias que correm, não apenas nada acontece como a maioria dos envolvidos continua a passear-se em cima do elefante que todos fazem de conta que não vêem.
Já tinha visto muita coisa nestes 46 anos de vida. Nunca tinha visto o visível tornar-se invisível mesmo estando à vista.
Pedro Rolo Duarte