quarta-feira, 25 de abril de 2007
Trienal de Arquitectura de Lisboa
Entre 31 de Maio e 31 de Julho realiza-se em Lisboa a Trienal de Arquitectura de Lisboa tendo como temática central os vazios urbanos. O centro da trienal estará no pavilhão de Portugal, onde ocorrerão a maioria das conferências, comunicações e debates, mas haverá manifestações e intervenções um pouco por toda a cidade e também fora de Lisboa. Ler mais aqui.
sexta-feira, 20 de abril de 2007
A lentidão
Desenho, Vladimir Velickovic.
Desenho, Vladimir Velickovic.
Há um elo secreto entre a lentidão e a memória, entre a velocidade e o esquecimento. Evoquemos uma situação extremamente banal: um homem caminha na rua. De repente, quer lembrar-se de qualquer coisa, mas a lembrança escapa-lhe. Nesse momento, maquinalmente, o homem atrasa o passo. Pelo contrário, alguém que queira esquecer um incidente penoso que acaba de viver acelera sem dar por isso o ritmo da sua marcha como se quisesse afastar-se depressa do que, no tempo, lhe está ainda demasiado perto.
Na matemática existencial, esta experiência assume a forma de duas equações elementares: o grau da lentidão é directamente proporcional à intensidade da memória; o grau da velocidade é directamente proporcional à intensidade do esquecimento.
Milan Kundera in A lentidão, 1995.
Na matemática existencial, esta experiência assume a forma de duas equações elementares: o grau da lentidão é directamente proporcional à intensidade da memória; o grau da velocidade é directamente proporcional à intensidade do esquecimento.
Milan Kundera in A lentidão, 1995.
domingo, 15 de abril de 2007
Correio da... Spirit
A Spirit filma um dust devil que surge repentinamente no solo de Marte (clique na imagem).
A Spirit filma um dust devil que surge repentinamente no solo de Marte (clique na imagem).
Matines
Foto de Katarzina Widmanska
J'ai rêvé d'une grande route
Où tu étais seule à passer
L'oiseau blanchi par la rosée
S'éveillait à tes premiers pas
Dans la fôret verte et mouillée
S'ouvraient la bouche et l'oeil de l'aube
Toutes les feuilles s'allumaient
Tu commençais une journée
Rien ne devait faire long feu
Ce jour brillait comme tant d'autres
Je dormais j'étais né d'hier
Toi tu t'étais levée très tôt
Pour matinale máccorder
Une perpétuelle enfance.
Paul Éluard in Le phénix, 1951.
Foto de Katarzina Widmanska
J'ai rêvé d'une grande route
Où tu étais seule à passer
L'oiseau blanchi par la rosée
S'éveillait à tes premiers pas
Dans la fôret verte et mouillée
S'ouvraient la bouche et l'oeil de l'aube
Toutes les feuilles s'allumaient
Tu commençais une journée
Rien ne devait faire long feu
Ce jour brillait comme tant d'autres
Je dormais j'étais né d'hier
Toi tu t'étais levée très tôt
Pour matinale máccorder
Une perpétuelle enfance.
Paul Éluard in Le phénix, 1951.
terça-feira, 10 de abril de 2007
Anselm Kiefer
O Ministério da Cultura francês apresentou o novo projecto Monumenta em que convidará todos os anos um artista de renome internacional para conceber uma obra específica para o Grand Palais, em Paris, que se relacione arquitectónicamente com o espaço. O primeiro artista convidado para este ano de 2007 foi Anselm Kiefer. Nascido em 1945, Kiefer é considerado um dos mais importantes pintores contemporâneos vivos. A intervenção de Kiefer no Grand Palais, com o título Chute d'étoiles, inaugurará a 30 de Maio e poderá ser vista até 8 de Julho. Kiefer dedica esta intervenção no Grand Palais ao poeta Paul Celan (1920-1970) e à poetisa austríaca Ingeborg Bachmann (1926-1973). No imenso atelier de Kiefer, em Barjac, no sul de França, as obras para Chute d'étoiles estão em preparação. A conferência de imprensa do pintor sobre o projecto pode ser vista aqui.
Para 2008 e 2009 o Ministério da Cultura convidou, respectivamente, o escultor norte-americano Richard Serra e o artista francês Christian Boltanksi.
Para 2008 e 2009 o Ministério da Cultura convidou, respectivamente, o escultor norte-americano Richard Serra e o artista francês Christian Boltanksi.
segunda-feira, 9 de abril de 2007
A ignorância
Foto de Lilya Corneli
A vida do homem dura em média oitenta anos. É contando com esta duração que cada um imagina e organiza a sua vida. O que acabo de dizer é uma coisa que toda a gente sabe, mas raramente nos damos conta de que o número de anos que nos é atribuído não é um simples dado quantitativo, uma característica exterior (como o comprimento do nariz ou a cor dos olhos), mas faz parte da própria definição do homem. Alguém que pudesse viver, com toda a sua força, duas vezes mais tempo, portanto, digamos, cento e sessenta anos, não pertenceria à mesma espécie que nós. Já nada seria semelhante na sua vida, nem o amor, nem as ambições, nem os sentimentos, nem a nostalgia, nada. Se um emigrado, depois de vinte anos vividos no estrangeiro, regressasse ao país natal com cem anos de vida ainda à sua frente, pouco experimentaria da emoção de um Grande Regresso, provavelmente para ele isso nada teria de um regresso, não passando de mais uma das voltas do longo percurso da sua existência.
Porque a própria noção de pátria, no sentido nobre e sentimental da palavra, liga-se à relativa brevidade da nossa vida, que nos proporciona muito pouco tempo para que nos apeguemos a outro país, a outras línguas.
As relações eróticas podem preencher toda a vida adulta. Mas se essa vida fosse muito mais longa, não asfixiaria o cansaço a capacidade de excitação, muito antes de as forças físicas declinarem? Porque há uma enorme diferença entre o primeiro, o décimo, o centésimo, o milésimo ou o décimo milésimo coito. Onde fica a fronteira para lá da qual a repetição se tornará estereotipada, senão cómica, ou até impossível? E transposto esse limite, em que se transformará a relação amorosa entre um homem e uma mulher? Desaparecerá? Ou pelo contrário, considerarão os amantes a fase sexual da sua vida a pré-história bárbara de um verdadeiro amor? Responder a estas perguntas é tão fácil como imaginar a psicologia dos habitantes de um planeta desconhecido.
A noção de amor (de grande amor, de amor único) nasceu, também ela, provavelmente, dos estreitos limites do tempo que nos é dado.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
Foto de Lilya Corneli
A vida do homem dura em média oitenta anos. É contando com esta duração que cada um imagina e organiza a sua vida. O que acabo de dizer é uma coisa que toda a gente sabe, mas raramente nos damos conta de que o número de anos que nos é atribuído não é um simples dado quantitativo, uma característica exterior (como o comprimento do nariz ou a cor dos olhos), mas faz parte da própria definição do homem. Alguém que pudesse viver, com toda a sua força, duas vezes mais tempo, portanto, digamos, cento e sessenta anos, não pertenceria à mesma espécie que nós. Já nada seria semelhante na sua vida, nem o amor, nem as ambições, nem os sentimentos, nem a nostalgia, nada. Se um emigrado, depois de vinte anos vividos no estrangeiro, regressasse ao país natal com cem anos de vida ainda à sua frente, pouco experimentaria da emoção de um Grande Regresso, provavelmente para ele isso nada teria de um regresso, não passando de mais uma das voltas do longo percurso da sua existência.
Porque a própria noção de pátria, no sentido nobre e sentimental da palavra, liga-se à relativa brevidade da nossa vida, que nos proporciona muito pouco tempo para que nos apeguemos a outro país, a outras línguas.
As relações eróticas podem preencher toda a vida adulta. Mas se essa vida fosse muito mais longa, não asfixiaria o cansaço a capacidade de excitação, muito antes de as forças físicas declinarem? Porque há uma enorme diferença entre o primeiro, o décimo, o centésimo, o milésimo ou o décimo milésimo coito. Onde fica a fronteira para lá da qual a repetição se tornará estereotipada, senão cómica, ou até impossível? E transposto esse limite, em que se transformará a relação amorosa entre um homem e uma mulher? Desaparecerá? Ou pelo contrário, considerarão os amantes a fase sexual da sua vida a pré-história bárbara de um verdadeiro amor? Responder a estas perguntas é tão fácil como imaginar a psicologia dos habitantes de um planeta desconhecido.
A noção de amor (de grande amor, de amor único) nasceu, também ela, provavelmente, dos estreitos limites do tempo que nos é dado.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
domingo, 8 de abril de 2007
A ignorância
Foto de Katarzina Widmanska
Foto de Katarzina Widmanska
Durante os vinte anos da sua ausência, os habitantes de Ítaca conservaram muitas recordações de Ulisses mas não sentiam por ele qualquer nostalgia. Enquanto Ulisses sofria de nostalgia e não se recordava de quase nada.
(...) Quanto mais forte é a sua nostalgia, mais se esvazia de recordações. Quanto mais Ulisses enlanguescia, mais esquecia. Porque a nostalgia não intensifica a actividade da memória, não desperta recordações, basta-se a si própria, à sua emoção, absorta por completo como está no seu próprio sofrimento.
Depois de ter matado os temerários que queriam desposar Penélope e reinar sobre Ítaca, Ulisses foi obrigado a viver com pessoas das quais nada sabia. Os outros, para o lisonjearem, repisavam-lhe tudo aquilo que recordavam dele antes da sua partida para a guerra. E, convencidos de que nada a não ser a sua Ítaca lhe interessava (como teriam podido não o pensar se ele percorrera a imensidão dos mares para regressar ali?), seringavam-lhe o que se passara durante a sua ausência, ávidos de responderem a todas as suas perguntas. Nada o aborrecia mais que isso. Só esperava uma coisa, que lhe dissessem enfim: conta! E foi a única palavra que nunca lhe disseram.
Durante vinte anos só pensara no seu regresso. Mas uma vez de volta compreendeu, espantado, que a sua vida, a própria essência da sua vida, o seu centro, o seu tesouro se encontrava fora de Ítaca, nos vinte anos da sua errância. E esse tesouro, perdera-o e só teria podido reencontrá-lo contando.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
(...) Quanto mais forte é a sua nostalgia, mais se esvazia de recordações. Quanto mais Ulisses enlanguescia, mais esquecia. Porque a nostalgia não intensifica a actividade da memória, não desperta recordações, basta-se a si própria, à sua emoção, absorta por completo como está no seu próprio sofrimento.
Depois de ter matado os temerários que queriam desposar Penélope e reinar sobre Ítaca, Ulisses foi obrigado a viver com pessoas das quais nada sabia. Os outros, para o lisonjearem, repisavam-lhe tudo aquilo que recordavam dele antes da sua partida para a guerra. E, convencidos de que nada a não ser a sua Ítaca lhe interessava (como teriam podido não o pensar se ele percorrera a imensidão dos mares para regressar ali?), seringavam-lhe o que se passara durante a sua ausência, ávidos de responderem a todas as suas perguntas. Nada o aborrecia mais que isso. Só esperava uma coisa, que lhe dissessem enfim: conta! E foi a única palavra que nunca lhe disseram.
Durante vinte anos só pensara no seu regresso. Mas uma vez de volta compreendeu, espantado, que a sua vida, a própria essência da sua vida, o seu centro, o seu tesouro se encontrava fora de Ítaca, nos vinte anos da sua errância. E esse tesouro, perdera-o e só teria podido reencontrá-lo contando.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
sábado, 7 de abril de 2007
sexta-feira, 6 de abril de 2007
A ignorância
Foto de Henri Zerdoun
O regresso, em grego, diz-se nostos. Algos significa sofrimento. A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo insatisfeito de regressar. Para esta noção fundamental, a maior parte dos europeus pode utilizar uma palavra de origem grega (nostalgia) e além disso outras palavras com raízes na sua língua nacional: anoranza, dizem os espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua, estas palavras possuem um matiz semântico diferente. Muitas vezes significam apenas a tristeza causada pela impossibilidade do regresso ao país. Recordação dolorosa do país. Recordação dolorosa do lugar. O que, em inglês, se diz: homesickness. Ou em alemão: Heimweh. Em holandês: heimwee. Mas trata-se de uma redução espacial da grande noção. Uma das mais antigas línguas europeias, o islandês, distingue bem dois termos: söknudur: nostalgia no seu sentido geral; e heimfra: recordação dolorosa do país. Os checos, a par da palavra nostalgie vinda do grego, têm para a noção o seu próprio substantivo, stesk, e o seu próprio verbo; a mais comovente expressão de amor checa: styska se mi po tobe: tenho nostalgia de ti; não posso suportar a dor da tua ausência. Em espanhol, anoranza vem do verbo anorar (ter nostalgia), que vem do catalão enyorar, derivado, por seu turno, da palavra latina ignorare (ignorar). A esta luz etimológica, a nostalgia aparece como o sofrimento da ignorância.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
O regresso, em grego, diz-se nostos. Algos significa sofrimento. A nostalgia é portanto o sofrimento causado pelo desejo insatisfeito de regressar. Para esta noção fundamental, a maior parte dos europeus pode utilizar uma palavra de origem grega (nostalgia) e além disso outras palavras com raízes na sua língua nacional: anoranza, dizem os espanhóis; saudade, dizem os portugueses. Em cada língua, estas palavras possuem um matiz semântico diferente. Muitas vezes significam apenas a tristeza causada pela impossibilidade do regresso ao país. Recordação dolorosa do país. Recordação dolorosa do lugar. O que, em inglês, se diz: homesickness. Ou em alemão: Heimweh. Em holandês: heimwee. Mas trata-se de uma redução espacial da grande noção. Uma das mais antigas línguas europeias, o islandês, distingue bem dois termos: söknudur: nostalgia no seu sentido geral; e heimfra: recordação dolorosa do país. Os checos, a par da palavra nostalgie vinda do grego, têm para a noção o seu próprio substantivo, stesk, e o seu próprio verbo; a mais comovente expressão de amor checa: styska se mi po tobe: tenho nostalgia de ti; não posso suportar a dor da tua ausência. Em espanhol, anoranza vem do verbo anorar (ter nostalgia), que vem do catalão enyorar, derivado, por seu turno, da palavra latina ignorare (ignorar). A esta luz etimológica, a nostalgia aparece como o sofrimento da ignorância.
Milan Kundera in A ignorância, 2000.
quinta-feira, 5 de abril de 2007
Airs de Paris
Inaugura no próximo dia 25 a exposição Airs de Paris, comemorando os 30 anos do Centro Pompidou. Com o título retirado de uma das obras de Marcel Duchamp, cuja retrospectiva inaugurou o Centro Pompidou em 1977, esta exposição comemorativa pretende-se como uma reflexão sobre Paris apresentando obras desde os anos 70 até aos nossos dias de artistas e criadores que residiram, residem ou trabalham em Paris ou sobre Paris. Mais notícias em breve.
Heroes and Saints
Pode ser vista até 26 de Agosto, no Landesmuseum Joanneum, em Graz, a exposição Heroes and Saints — Paintings from the Italian Baroque period que junta um magnífico conjunto de obras maneiristas e barrocas de vários mestres venezianos dos séculos XVII e XVIII. Ler mais aqui.
quarta-feira, 4 de abril de 2007
Instantâneos
Foto de Angelicatas
"Conta-me uma história!" Volta-se, a luz do candeeiro de cabeceira ilumina-lhe a nuca. Na sombra, vê o corpo nu da mulher, curvado como um peixe.
Gao Xingjian in Uma cana de pesca para o meu avô, 1986.
"Conta-me uma história!" Volta-se, a luz do candeeiro de cabeceira ilumina-lhe a nuca. Na sombra, vê o corpo nu da mulher, curvado como um peixe.
Gao Xingjian in Uma cana de pesca para o meu avô, 1986.
terça-feira, 3 de abril de 2007
The Real Thing
The Real Thing: Contemporary Art from China é a exposição que pode ser vista na Tate de Liverpool, cidade que será a Capital Europeia da Cultura em 2008. Esta exposição de arte contemporânea chinesa, que inclui dezoito jovens autores, pretende reflectir a variedade e complexidade da arte que se produz actualmente na China. Ler mais aqui.
Enzo Cucchi
Inaugura amanhã na Galleria d’Arte Moderna e Contemporanea di Bergamo — GAMeC — a primeira exposição, numa instituição pública, inteiramente dedicada ao trabalho escultórico de Enzo Cucchi. A exposição composta por um conjunto de quarenta bronzes datados da década de 90 e até aos nossos dias, mostra igualmente uma pintura de grandes dimensões especialmente concebida para o espaço desta exposição. Ler mais aqui.
domingo, 1 de abril de 2007
A Colecção de Charles Vandenhove
A partir de hoje pode ser vista no Bonnefantenmuseum em Maastricht a colecção de Jeanne e Charles Vandenhove, uma das mais importantes colecções de arte moderna e contemporânea europeias. O arquitecto Charles Vandenhove vive e trabalha em Liège e desde há cinquenta anos vem reunindo esta notável colecção. Mais de trezentas obras de Alechinski, Bissière, Dotremont, Feito, Jorn, Manessier, Mathieu, Michaux, Saura, Vierra da Silva, Soulages, Ubac, Arakawa, César, Christo, Dine, Hantaï, Nevelson, Raynaud, Raysse, Warhol, Kiefer, Nitsch, Rainer, Tapies, Twombly, Barry, Becher, Boltanski, Buren, Cane, Charlier, Corillon, Flanagan, Gilbert & George, Lavier, LeWitt, Lizène, Paolini, Serra, Toroni, Viallat, Wery, Claerbout, Gerdes, Tuymans e Vercruysse. O acordo entre a Fundação Charles Vandenhove e o Bonnefantenmuseum de Maastricht foi estabalecido o ano passado para uma exposição em permanência das obras de Charles Vandenhove. Ler mais aqui.
Pierre Klossowski
Inaugura hoje no Centro Pompidou a exposição de desenhos de Pierre Klossowski. Filósofo, teólogo, traductor e escritor Pierre Klossowski desenha, ao longo dos anos, a par da escrita. Mais tarde, o encontro com a cor e os grandes formatos, fá-lo-à abandonar progressivamente a obra literária: "Je n'ai pas mené les deux activités de front, mais de manière alternative. Il y a eu la période des dessins à la mine de plomb qui coexistaient, de fait, avec l'écriture. Puis la découverte de la couleur, qui a correspondu à l'abandon de l'écriture. La satisfaction que me donnait cette expérience m'amena à lui sacrifier du même coup le temps qu'elle exigeait. Cette façon de s'exprimer, apparemment primitive parce qu'immédiate relativement à l'écriture, ne pouvait souffrir la concomitance avec la communication écrite, qui est toujours indirecte quant à l'émotion vécue. À savoir que le langage, en tant qu'il relève du sens commun, altère le motif particulier eu égard à la réceptivité générale. Renonçant à l'écriture qui prêtait constamment aux malentendus, je m'isolais à ne me prononcer plus autrement que par le tableau. Quitte à faire sentir mes visions à mes contemporains plutôt qu'à les leur faire comprendre."
Pierre Klossowski, La Ressemblance.
Klossowski nasceu em 1905 e faleceu em Agosto de 2001. Ler mais aqui.
Pierre Klossowski, La Ressemblance.
Klossowski nasceu em 1905 e faleceu em Agosto de 2001. Ler mais aqui.
Instantâneos
Foto de Katarzina Widmanska
Foto de Katarzina Widmanska
Ela diz que quando fez amor com dois homens, em frente da lareira, isso a excitou particularmente. Deita-se atravessada na cama, com a cabeça apoiada no rebordo, de olhos fechados, fora da luz. O candeeiro só ilumina a cabeleira esparsa, a roupa interior e as meias lançadas no chão.
Gao Xingjian in Uma cana de pesca para o meu avô, 1986.
Gao Xingjian in Uma cana de pesca para o meu avô, 1986.