(José Sócrates por razões óbvias não encaixa neste perfil)
quinta-feira, 31 de março de 2011
terça-feira, 29 de março de 2011
Post it ao cuidado do futuro primeiro-ministro*
sexta-feira, 25 de março de 2011
quarta-feira, 23 de março de 2011
terça-feira, 22 de março de 2011
sexta-feira, 18 de março de 2011
O discurso encantatório
*Todas as semanas terá de haver o anúncio de mais uma dádiva ou de mais um programa que vai fazer Portugal avançar para o futuro. Tudo sempre num frenesi, com apresentações cheias de efeitos especiais e desenhos de ruas, cidades e paisagens virtuais. Para preencher os tempos mortos há que inventar causas que encenem o ambiente de luta entre os progressistas, nós, e os retrógados, eles.
*Nós damos. Eles tiram. Não podemos dar tanto quanto gostaríamos -nós por nós daríamos tudo – mas vamos agora dar escolas. Vamos dar uma caixa de correio electrónico a cada português. Vamos apoiar o carro eléctrico, a cultura e os painéis solares. Vamos ter o MIT, os PIN, TGV e muitos Magalhães. E diplomas das Novas Oportunidades para todos.
*Quando alguém tem dúvidas, é tratado como um herege e apresentado como um excêntrico. Reage-se sempre atacando: desmente-se categoricamente o que se diz ser absolutamente falso e rotundamente errado e que verdadeiramente só é dito por reaccionarismo, antipatriotismo, bota-abaixismo ou tremendismo.
*O tempo é como que acelerado. Leis em catadupa, anúncios que se contradizem, programas que nunca ninguém viu… nada disso interessa, porque aquilo que conta é que não existe tempo para dúvidas. Nunca se pode parar para reflectir.
Foi este o guião de José Sócrates. Ou melhor, foi esta a estrutura do discurso encantatório que lhe permitiu ganhar eleições. O discurso encantatório é incompatível com uma simples hora de bom governo, mas é fantástico para conquistar o poder. Numa primeira fase, a do optimismo, porque as pessoas de facto querem acreditar que não existe diferença entre o anunciado e o possível. Numa segunda fase, que é aquela em que agora nos encontramos, porque essas mesmas pessoas vivem sob o medo de perder o que ainda têm.Note-se que nesta segunda fase o discurso encantatório é ainda mais perigoso, porque o medo de perder o que já se sabe escasso é um sentimento muito mais poderoso do que o optimismo da conquista. Esse medo da perda é hoje omnipresente nas conversas, sejam elas de rua ou de gabinete, e nos olhos de muitos dos que desfilaram na manifestação do passado sábado. E sobretudo anos de discurso encantatório tornaram os portugueses um povo domesticado e temeroso de iniciativas.
Houve um tempo não muito distante em que os portugueses acreditavam que podiam mudar a sua vida para melhor. Faziam empresas. Emigravam. Acreditavam que o seu destino dependia em boa parte da sua determinação. Agora, após anos e anos de discurso encantatório, sabem que o seu sucesso depende não tanto de si mesmos, mas sim do director-geral, do secretário de Estado, do vereador e do presidente do instituto que vão analisar o seu projecto. Ou então intuem que a sua sobrevivência está nas mãos da funcionária da Segurança Social que lhes anuncia se o sistema aceita ou não a sua inscrição para os apoios cujos beneficiários são cada vez menos.
No dia-a-dia as pessoas passaram a exprimir-se numa língua estranha em que os factos são referidos de forma inversa – as coisas não correm mal, correm sim menos bem – e onde, seja quando testemunham uma agressão no meio da rua ou são confrontados com o apagão do sistema informático aquando das últimas eleições, nunca ninguém assume ser responsável por nada.
O discurso encantatório só perde a eficácia perante a absoluta evidência da realidade. Aí deixa de ser encantatório e passa a patético, como esta semana se constatou durante a entrevista de Sócrates à SIC. Por isso Sócrates precisa de partir rapidamente para campanha eleitoral.
José Sócrates quer ir para eleições não só porque essa é a sua possibilidade de vencer Passos Coelho, humilhar Cavaco Silva e manter o seu poder sobre o PS, mas também porque, agora que a crise já não é passível de ser negada nem justificada pelas circunstâncias internacionais, uma campanha eleitoral é o tempo-espaço-palco que lhe permitirá recuperar o discurso encantatório, desta vez centrado no medo de perder e não no anúncio do dar.
Vamos ter semanas de “nós reduzimos salários mas eles reduzem ainda mais” e de “nós fechamos escolas mas eles querem desmantelar a escola pública”. Por isso a saída desta crise não é possível com Sócrates, pois só sairemos da crise quando se assumir que o discurso encantatório é um logro com resultados trágicos para os mais pobres e um perigoso auto-engano para as instituições, empresas e sociedade civil. E Sócrates, seja como primeiro-ministro seja como líder do PS, não existe sem esse discurso. Nem para lá dele.
Helena Matos, hoje no *PÚBLICO
quinta-feira, 17 de março de 2011
A notícia da recandidatura caiu como uma bomba no Gabinete. De entre as vozes de todos, destacava-se a do Pedro:
- Mas tu estás maluco, Zé? Já viste o banho que nos vão dar?
De mãos agarradas à cabeça, o Zé era a imagem do desespero. Do pânico. A quem recorrer na muito provável hipótese de derrota eleitoral?
- Então não percebem que o único lugar seguro que me resta neste País é o Governo?
- ???
- Como poderei sair à rua sem uma força da GNR a guardar-me as costas? Este povo, estes ingratos, esfolam-me no mesmo instante...
- Ah, o caso é esse, hã!? E nós?
- Vocês safam-se bem. Vejam a Lurdes: com os profs todos à perna, remodelei-a e hoje ninguém se lembra dela. O cristo é sempre o 1º Ministro.
O Gabinete emudeceu subitamente. Compadeceu-se. Talvez o coitado do Zé tivesse razão. O Teixeira deu-lhe uma palmadinha no ombro, a reconfortá-lo.
- Arranja-se qualquer coisa na estranja, deixa lá. Oh Amado!: não te ocorre algum lugar? Uma caridade...
- Isto está mau... Já temos um com os refugiados, outro com os tuberculosos...
O Zé saltou na cadeira, visionando a salvação, terra segura depois do pântano...
- Com os leprosos, com os leprosos! Não falta que fazer com os leprosos!
- Bom, sendo assim...
ponderou o Amado, cofiando meditadamente as barbas,
- ...sendo assim, arranja-se por aí uma gafaria. Olha, Zé: podemos experimentar a Gafanha da Nazaré, não? E até deve sair muito em conta...
- E, ao menos, há um posto da GNR por perto?
terça-feira, 15 de março de 2011
Não bastam, não. No estado em que o país se encontra, as medidas do governo são insuficientes para se pagar o que se deve. Vai ser necessário cortar mais, cobrar mais, reduzir mais, em suma, ir buscar mais dinheiro aos poucos bolsos que ainda têm algum, para se continuar a pagar o endividamento do país e os pesados juros resultantes da falta de confiança dos nossos credores.
Esta é a factura de um Estado Social com décadas de desperdício, disparate, despesismo, ilusões fáceis vendidas a troco de votos e de prebendas distribuídas a montante e a jusante. Um modelo político e social a que é preciso pôr termo urgentemente, mas por acção e não por derrocada, como está a suceder. Pedir a socialistas que o façam, que mudem o paradigma que lhes dá origem ao nome e à existência, é o mesmo que pedir ao escorpião da fábula que não morda a rã. As medidas tomadas, extraordinariamente penalizadoras dos portugueses, servem apenas para tapar os buracos dos juros da dívida. Não estão a ser acompanhadas pela reforma necessária do estado que as provocou. Serão, por consequência, no médio prazo, praticamente inúteis.
Por isso, e também pelos evidentes sinais de saturação, cansaço, desapego à realidade, falta evidente de alternativas, este primeiro-ministro e este governo devem sair. Mas que aqueles que os querem ver de costas não esperem facilidades para o dia seguinte e, sobretudo, que não esperem do próximo governo, do próximo partido, nas próximas eleições o El Dorado ao virar da esquina. Isto é, um novo Estado Social benfazejo, criador do emprego, da riqueza e da prosperidade que os portugueses devem poder ser livres de criar, sem a presença asfixiante do estado que os impediu de o fazer nas últimas décadas.
Estará a direita consciente de que o day after de José Sócrates, inevitável mais tarde ou mais cedo, não passa por um Estado Social melhor gerido, mas por uma mudança profunda de paradigma? Tenho as minhas dúvidas. Como duvido que seja isso que a maioria dos portugueses descontentes espera que venha a acontecer.
Rui a. no Blasfémias.
segunda-feira, 14 de março de 2011
domingo, 13 de março de 2011
sábado, 12 de março de 2011
Esticar a corda é uma especialidade do governo. Aqui, ali, mais umas medidas, mais outras medidas, um atrevimento ali, um atrevimento aqui. Não percebo, por isso, a indignação de tanta gente com mais este plano de austeridade. Era esperado: José Sócrates tinha-o anunciado há uma semana e meia, mas o tempo está a passar depressa demais; o ministro das Finanças anunciara-o antes, mas ninguém acredita nele. Estão indignados com o secretismo do plano? Escusam: é o resultado das exigências da União. Querem que o PSD vote contra as medidas? Escusam: o governo quer cortar no défice e tem uma arma apontada ao que lhe resta de cabeça, pelo que fará chantagem como habitualmente. E entoará a cantilena do costume: é a Europa, é a Europa que o exige, por mim aumentava salários e distribuía TGVs. É uma defesa pobre, convenhamos, quase tão indigna como a de dizer «por nós as SCUTS eram SCUTS, mas o PSD quer portagens...» Poupem na indignação, poupem na teoria da conspiração; é tudo simples, como as trapalhadas do costume – trata-se de salvar o poder a todo o custo. É gente que gosta do poder, que vive aterrada pela possibilidade de abandoná-lo. Farão tudo o que estiver ao seu alcance (e para lá desse limite).
O Presidente da República tem, por isso, toda a razão: “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.” Precisamos de saber para que servem estes sacrifícios. Se for para pagar o défice provocado pelas asneiras, desmandos, patetices e favorecimentos deste governo, não. É isso que o PSD precisa de dizer com clareza. Ou não — mas depois é lá consigo.
Francisco José Viegas, A origem das espécies
Fora com esta gente.
Fora com este primeiro-ministro incapaz e pernicioso que se recusa a obter ajuda externa do mesmo passo que vai contraindo empréstimos a juros de 8%.
Fora com este Sócrates pusilânime que combina em segredo com o BCE e a senhora Merkel medidas extraordinárias sobre as costas dos portugueses, enquanto critica o diagnóstico de crise do presidente e diz que está tudo bem.
Fora com o hipócrita que fulmina todas as soluções de sustentabilidade aos gritos de «estão a matar o Estado Social!!!» e todos os dias vai cortando salários, pensões, benefícios de saúde, subsídios de desemprego, e subindo impostos, subindo impostos, subindo impostos.
Fora com os poltrões que chamam - num PEC 4 que na véspera juraram ser desnecessário - «poupança automática das famílias» ao 13.º mês que pretendem confiscar.
Rua com os desgraçados que planeiam estender a taxa de 23% de IVA aos bens essenciais e mascaram a intenção em palavras cobardes e retorcidas.
Fora, abaixo, rua com o pior ministro das Finanças da Europa, esse Santos relapso e contumaz, incapaz de acertar numa previsão, de inscrever com rigor um índice, de ter contas sem buracos.
Fora com o farsante que lança alcavalas sobre rendimentos de 1500 euros, enquanto vai proclamando pela boca de um pobre diabo gastos para amanhã de mais de 12 mil milhões num comboio e outro tanto na 3.ª auto-estrada entre Lisboa e Porto.
Rua com estes comediantes, capazes de rifar no estrangeiro o que negociaram com cenho carregado mas sem pinga de seriedade cá dentro.
Abaixo esta gente manhosa, dissimulada, sem palavra, que classifica de sectário e impróprio qualquer alerta sobre a nossa emergência, e carrega no dia seguinte a canga sobre os Portugueses, subterraneamente, às escondidas, para dar a sua nefasta terapêutica à doença que negou na véspera.
Fora com esta assanhada e vil torpeza que opõe burocracias e autoritarismo aos candidatos ao subsídio de 1000 euros para que descontaram, e fazem escorrer milhões e carros de luxo por sobre os boys nas empresas públicas deficitárias, os boys nos grupos de estudo, os boys nas comissões de análise, os boys nas fundações, os boys nas assessorias, os boys a quem pedem pareceres e consultorias.
Rua com eles, e rua também com a ala dissidente que acha que estas são políticas de direita - estes puros resultados das políticas de esquerda, o keynesianismo de pacotilha, a estatização da economia, a bastidorização das negociatas, a apparatchikização de todos os contratos.
Fora com esta gente desclassificada, que negoceia em segredo com os seus donos lá fora, se baba depois com os seus elogios, e depois traz os elogios dos donos consigo na miserável sacola para chantagear oposições, instituições, e povo.
Fora com esta gente. Rua! Viva a instabilidade! Toda a instabilidade é melhor que uma estabilidade infestada de vermes.
Rua com eles. Viva a crise política!
José Mendonça da Cruz, Corta-fitas
Carlos Botelho, O cachimbo de Magritte
O ministro das Finanças chamou os jornalistas a pretexto de fazer um balanço da aplicação das medidas do PEC. Foi um truque barato, que diz tudo sobre a falta de sentido de Estado do governo ainda liderado por José Sócrates. Afinal o que Teixeira dos Santos tinha para anunciar - sem uma comunicação prévia ao Parlamento, sem sequer deixar cair uma palavra junto do Presidente da República - era outro pacote de "medidas de austeridade", incluindo um agravamento da carga fiscal, destinado a penalizar ainda mais o que resta da frágil classe média portuguesa. A começar pelos reformados e pensionistas. Os que têm menos rendimentos serão os mais penalizados.
O que consta deste pacote?
- O congelamento das pensões até 2013;
- Aplicação de uma taxa extraordinária a todas as pensões superiores a 1500 euros;
- Novas reduções das prestações sociais;
- Novas reduções das comparticipações em medicamento e revisão das tabelas da ADSE;
- Um novo tecto para deduções fiscais no âmbito do IRS e do IRC, tornando-as ainda mais restritas;
- Alargamento dos bens alimentares taxados com o escalão máximo do IVA (23%);
- Redução do investimento público.
Nas costas do País, à revelia dos parceiros sociais, o Governo que se intitula socialista negociou este pacote em exclusivo com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Isto acontece, note-se, cinco meses depois de o chefe do Executivo ter garantido que não seria necessário um novo plano de austeridade em 2011. Acontece dois meses depois de Sócrates e Teixeira dos Santos terem anunciado que as metas de execução orçamental haviam sido atingidas. E uma semana depois de o primeiro-ministro ter garantido à Europa que Portugal estava em condições de cumprir as metas estabelecidas para o défice das contas públicas. E quatro dias depois de o ainda ministro das Obras Públicas proclamar aos quatro ventos novos investimentos públicos no valor global de 12 mil milhões de euros.
Percebe-se agora, sem margem para dúvidas, qual o objectivo da visita que Sócrates fez a Berlim na semana passada: rasgar definitivamente o contrato que estabeleceu com os eleitores portugueses na campanha para as legislativas de Setembro de 2009.
Esta legislatura já morreu. Falta apenas saber qual será a data exacta que constará da certidão de óbito.
Pedro Correia, Albergue espanhol
1.Depois do anúncio (precipitado?) de excelentes resultados com a execução orçamental dos 2 primeiros meses do ano, a prometer uma desejada bonança orçamental para 2011, eis que a “terra volta a tremer”...
2.Com efeito, fomos hoje brutalmente surpreendidos com o anúncio/promessa de nova vaga de medidas de austeridade:
- Novo corte em benefícios fiscais;
- Pensões de reforma acima de € 1.500 ficarão sujeitas a uma contribuição adicional (leia-se agravamento de IRS);
- Subsídio de desemprego terá de ser repensado;
- Despesas com medicamentos terão de ser reduzidas,
Etc, etc, etc
3.Lê-se, pasma-se, quase não se acredita: mas esta gente estará no seu perfeito juízo?
4.Mal começamos o ano e quando nos diziam que tudo estava a correr dentro das melhores previsões para a receita e a despesa orçamentais, vêm anunciar nova vaga de medidas de austeridade?
5.A que propósito? Será que as medidas em vigor afinal não são suficientes quando nos diziam que eram perfeitamente adequadas e até estavam a produzir resultados acima do previsto?
6.O que se passa afinal? Será que a notícia hoje publicada na edição alemão do Financial Times tem fundamento e criou uma situação de pânico?
7.Como entender esta confusão e este sobressalto súbito? E quando é que tudo isto acaba, antes de acabar connosco?
8.Por mim, confesso, tenho extraordinária dificuldade em entender esta súbita aflição!
Tavares Moreira, Quarta república
sexta-feira, 11 de março de 2011
...empregozinhos definitos (dados pelo pai-estado) à saída da faculdade...?
Ouvindo David Linx: façam-se à vida e ganhem 1 milhão!