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quinta-feira, 31 de março de 2011

 
O amigo do Engº.

O amigo do Engº. fez estas declarações extraordinárias sobre o planeta Marte e sobre o próprio Engº. amigo. Diz-me com quem andas, dir-te-ei quem és.

terça-feira, 29 de março de 2011

 

Post it ao cuidado do futuro primeiro-ministro*

(José Sócrates por razões óbvias não encaixa neste perfil)

1º Ninguém o obrigou a ser primeiro-ministro. Quis ser primeiro-ministro. Logo não se queixe.
2º Não se esqueça que é muito mais simples para si deixar de ser primeiro-ministro do que para o país ver-se livre de um primeiro-ministro.
3º Não confunda liderança com usurpação de competências. As pessoas que aceitam fazer parte do seu governo não são o prolongamento do seu ego e em muitas matérias, para não dizer em todas, têm mais saber do que o primeiro-ministro. Futebolisticamente falando um primeiro-ministro é como um treinador: um bom treinador é aquele que transforma um conjunto aleatório de jogadores numa equipa.
4º Não se esqueça que quanto mais obcecado viver com o que se diz de si mais dependente vai ficar de jornalistas e comentadores. E um primeiro-ministro dependente de jornalistas e comentadores é um primeiro-ministro que não só não governa como vive sob a suspeição e a tentação de controlar o que se diz dele.
5º É aos portugueses e não aos jornalistas que deve prestar esclarecimentos.
6º Por mais que lhe custe acreditar e por mais injusto que lhe possa parecer foi escolhido para governar e não para dizer mal da oposição.
7º Ser primeiro-ministro é uma circunstância transitória para si mas o que é transitório para si pode tornar irremediável muita coisa na vida dos portugueses. Não complique vidas que já não são fáceis.
8º Por princípio, duvide.
9º Também por princípio ouça muito.
10º Quando já tiver ouvido o que houver para ouvir e tiver duvidado o suficiente de tudo o que ouviu, ou seja quando estiver certo do que vai decidir, decida. E não se esqueça que não existem decisões consensuais. Existem sim boas decisões e más decisões. Decisões fundamentadas e decisões demagógicas. Se tiver razão, o tempo será seu aliado.
11º Antes de assinar o que quer que seja informe-se, estude e pense.
12º Nunca culpe os outros pelos seus erros e falhas.
13º Se o seu sonho é ser aclamado por todos e não ser criticado por ninguém demita-se enquanto é tempo.
14º Não se desculpe com as crises. Ser político é precisamente isso: gerir o inesperado mantendo um mínimo de princípios e assegurando os rituais institucionais que nos separam da choldra. Se os políticos não souberem fazer isto, um director-geral não só bastava como fazia melhor trabalho.
15º Não se esqueça que são os portugueses quem lhe paga o ordenado, o motorista, os telemóveis de serviço, a segurança e todas as restantes coisas. São também os portugueses quem paga ao seu governo e são ainda os portugueses quem sustenta os programas, projectos, obras, reformas e tudo o mais que o seu governo vai aprovar.
16º Não se esqueça que tudo aquilo que lhe pedem que dê, licencie, autorize, aprove, não é seu. É do povo. Ou para ser pago por ele.
17º Nunca, mas nunca, diga que a situação é melhor do que aquilo que realmente é.
18º Não tenha a presunção de que vai fazer tudo bem. Mas recordo que há duas coisas que não pode fazer: uma delas é comprometer a democracia. A outra é tornar-se um problema para o país. A partir daí não há retorno. A sua queda será a única saída possível.
19º Respeite as instituições. Cumpra os rituais da democracia. Dê às palavras o seu valor. São o formalismo e o rigor que asseguram o mínimo de dignidade e auto-estima aos países, sobretudo se estes forem pequenos e pobres.
20º Não confunda o povo com o eleitorado nem o seu partido com o país e muito menos a sua pessoa com Portugal.

21º Não brinque aos legisladores. A lei dever servir as pessoas e não servir-se delas.
22º Nunca esqueça que um dia vai deixar de ser primeiro-ministro e pense sempre que esse dia vai chegar mais cedo do que imagina.

Helena Matos, hoje no Público.


sexta-feira, 25 de março de 2011

 
A história de um pesadelo


quarta-feira, 23 de março de 2011

 
Juros

A cinco anos ultrapassaram os 8%. Aqui.

terça-feira, 22 de março de 2011

 
Ouvindo


Foto de Henri Zerdoun


David Linx, Tendre



sexta-feira, 18 de março de 2011

 

O discurso encantatório


*Todas as semanas terá de haver o anúncio de mais uma dádiva ou de mais um programa que vai fazer Portugal avançar para o futuro. Tudo sempre num frenesi, com apresentações cheias de efeitos especiais e desenhos de ruas, cidades e paisagens virtuais. Para preencher os tempos mortos há que inventar causas que encenem o ambiente de luta entre os progressistas, nós, e os retrógados, eles.
*Nós damos. Eles tiram. Não podemos dar tanto quanto gostaríamos -nós por nós daríamos tudo – mas vamos agora dar escolas. Vamos dar uma caixa de correio electrónico a cada português. Vamos apoiar o carro eléctrico, a cultura e os painéis solares. Vamos ter o MIT, os PIN, TGV e muitos Magalhães. E diplomas das Novas Oportunidades para todos.
*Quando alguém tem dúvidas, é tratado como um herege e apresentado como um excêntrico. Reage-se sempre atacando: desmente-se categoricamente o que se diz ser absolutamente falso e rotundamente errado e que verdadeiramente só é dito por reaccionarismo, antipatriotismo, bota-abaixismo ou tremendismo.
*O tempo é como que acelerado. Leis em catadupa, anúncios que se contradizem, programas que nunca ninguém viu… nada disso interessa, porque aquilo que conta é que não existe tempo para dúvidas. Nunca se pode parar para reflectir.

Foi este o guião de José Sócrates. Ou melhor, foi esta a estrutura do discurso encantatório que lhe permitiu ganhar eleições. O discurso encantatório é incompatível com uma simples hora de bom governo, mas é fantástico para conquistar o poder. Numa primeira fase, a do optimismo, porque as pessoas de facto querem acreditar que não existe diferença entre o anunciado e o possível. Numa segunda fase, que é aquela em que agora nos encontramos, porque essas mesmas pessoas vivem sob o medo de perder o que ainda têm.Note-se que nesta segunda fase o discurso encantatório é ainda mais perigoso, porque o medo de perder o que já se sabe escasso é um sentimento muito mais poderoso do que o optimismo da conquista. Esse medo da perda é hoje omnipresente nas conversas, sejam elas de rua ou de gabinete, e nos olhos de muitos dos que desfilaram na manifestação do passado sábado. E sobretudo anos de discurso encantatório tornaram os portugueses um povo domesticado e temeroso de iniciativas.

Houve um tempo não muito distante em que os portugueses acreditavam que podiam mudar a sua vida para melhor. Faziam empresas. Emigravam. Acreditavam que o seu destino dependia em boa parte da sua determinação. Agora, após anos e anos de discurso encantatório, sabem que o seu sucesso depende não tanto de si mesmos, mas sim do director-geral, do secretário de Estado, do vereador e do presidente do instituto que vão analisar o seu projecto. Ou então intuem que a sua sobrevivência está nas mãos da funcionária da Segurança Social que lhes anuncia se o sistema aceita ou não a sua inscrição para os apoios cujos beneficiários são cada vez menos.

No dia-a-dia as pessoas passaram a exprimir-se numa língua estranha em que os factos são referidos de forma inversa – as coisas não correm mal, correm sim menos bem – e onde, seja quando testemunham uma agressão no meio da rua ou são confrontados com o apagão do sistema informático aquando das últimas eleições, nunca ninguém assume ser responsável por nada.

O discurso encantatório só perde a eficácia perante a absoluta evidência da realidade. Aí deixa de ser encantatório e passa a patético, como esta semana se constatou durante a entrevista de Sócrates à SIC. Por isso Sócrates precisa de partir rapidamente para campanha eleitoral.

José Sócrates quer ir para eleições não só porque essa é a sua possibilidade de vencer Passos Coelho, humilhar Cavaco Silva e manter o seu poder sobre o PS, mas também porque, agora que a crise já não é passível de ser negada nem justificada pelas circunstâncias internacionais, uma campanha eleitoral é o tempo-espaço-palco que lhe permitirá recuperar o discurso encantatório, desta vez centrado no medo de perder e não no anúncio do dar.

Vamos ter semanas de “nós reduzimos salários mas eles reduzem ainda mais” e de “nós fechamos escolas mas eles querem desmantelar a escola pública”. Por isso a saída desta crise não é possível com Sócrates, pois só sairemos da crise quando se assumir que o discurso encantatório é um logro com resultados trágicos para os mais pobres e um perigoso auto-engano para as instituições, empresas e sociedade civil. E Sócrates, seja como primeiro-ministro seja como líder do PS, não existe sem esse discurso. Nem para lá dele.

Helena Matos, hoje no *PÚBLICO


quinta-feira, 17 de março de 2011

 
Estrebuchar

A notícia da recandidatura caiu como uma bomba no Gabinete. De entre as vozes de todos, destacava-se a do Pedro:

- Mas tu estás maluco, Zé? Já viste o banho que nos vão dar?

De mãos agarradas à cabeça, o Zé era a imagem do desespero. Do pânico. A quem recorrer na muito provável hipótese de derrota eleitoral?

- Então não percebem que o único lugar seguro que me resta neste País é o Governo?

- ???

- Como poderei sair à rua sem uma força da GNR a guardar-me as costas? Este povo, estes ingratos, esfolam-me no mesmo instante...

- Ah, o caso é esse, hã!? E nós?

- Vocês safam-se bem. Vejam a Lurdes: com os profs todos à perna, remodelei-a e hoje ninguém se lembra dela. O cristo é sempre o 1º Ministro.

O Gabinete emudeceu subitamente. Compadeceu-se. Talvez o coitado do Zé tivesse razão. O Teixeira deu-lhe uma palmadinha no ombro, a reconfortá-lo.

- Arranja-se qualquer coisa na estranja, deixa lá. Oh Amado!: não te ocorre algum lugar? Uma caridade...

- Isto está mau... Já temos um com os refugiados, outro com os tuberculosos...

O Zé saltou na cadeira, visionando a salvação, terra segura depois do pântano...

- Com os leprosos, com os leprosos! Não falta que fazer com os leprosos!

- Bom, sendo assim...

ponderou o Amado, cofiando meditadamente as barbas,

- ...sendo assim, arranja-se por aí uma gafaria. Olha, Zé: podemos experimentar a Gafanha da Nazaré, não? E até deve sair muito em conta...

- E, ao menos, há um posto da GNR por perto?


Daqui.


 
Rapar o fundo ao tacho

Mais uma absoluta irresponsabilidade — como Álvaro Santos Pereira explica aqui.
Depois, ainda têm a lata de falar da necessidade da confiança dos mercados. A resposta dos mercados a toda esta palhaçada está aqui.

terça-feira, 15 de março de 2011

 
O fundo do poço

Se as novas medidas bastam?


Não bastam, não. No estado em que o país se encontra, as medidas do governo são insuficientes para se pagar o que se deve. Vai ser necessário cortar mais, cobrar mais, reduzir mais, em suma, ir buscar mais dinheiro aos poucos bolsos que ainda têm algum, para se continuar a pagar o endividamento do país e os pesados juros resultantes da falta de confiança dos nossos credores.

Esta é a factura de um Estado Social com décadas de desperdício, disparate, despesismo, ilusões fáceis vendidas a troco de votos e de prebendas distribuídas a montante e a jusante. Um modelo político e social a que é preciso pôr termo urgentemente, mas por acção e não por derrocada, como está a suceder. Pedir a socialistas que o façam, que mudem o paradigma que lhes dá origem ao nome e à existência, é o mesmo que pedir ao escorpião da fábula que não morda a rã. As medidas tomadas, extraordinariamente penalizadoras dos portugueses, servem apenas para tapar os buracos dos juros da dívida. Não estão a ser acompanhadas pela reforma necessária do estado que as provocou. Serão, por consequência, no médio prazo, praticamente inúteis.

Por isso, e também pelos evidentes sinais de saturação, cansaço, desapego à realidade, falta evidente de alternativas, este primeiro-ministro e este governo devem sair. Mas que aqueles que os querem ver de costas não esperem facilidades para o dia seguinte e, sobretudo, que não esperem do próximo governo, do próximo partido, nas próximas eleições o El Dorado ao virar da esquina. Isto é, um novo Estado Social benfazejo, criador do emprego, da riqueza e da prosperidade que os portugueses devem poder ser livres de criar, sem a presença asfixiante do estado que os impediu de o fazer nas últimas décadas.

Estará a direita consciente de que o day after de José Sócrates, inevitável mais tarde ou mais cedo, não passa por um Estado Social melhor gerido, mas por uma mudança profunda de paradigma? Tenho as minhas dúvidas. Como duvido que seja isso que a maioria dos portugueses descontentes espera que venha a acontecer.

Rui a. no Blasfémias.


segunda-feira, 14 de março de 2011

 
À deriva

21 de Março de 2010: PEC 1. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.
16 de Junho de 2010: PEC 2. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.
10 de Outubro de 2010: PEC 3. Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam não serem necessárias mais medidas restritivas e mais impostos.
Dezembro de 2010: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam a integração na Segurança Social do Fundo de Pensões da PT. Para disfarçar um défice descontrolado
Fevereiro de 2011: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam que as contas públicas de Janeiro são um êxito total.
Março de 2011: Sócrates e Teixeira dos Santos anunciam que as contas públicas de Fevereiro confirmam o êxito de Janeiro.
11 de Março de 2011: PEC IV. Sócrates e Teixeira dos Santos dizem que é para prevenir eventuais dificuldades orçamentais, negando os êxitos de Janeiro e Fevereiro.
Anúncio agora à socapa, em Bruxelas, sem dizer nada ao Parlamento, aos Partidos, excepto um telefonema apressado ao PSD e ao próprio Presidente da República.

Mais, sempre se confirma a aldrabice.
E a deriva é tal que já só surgem patetices como esta.

domingo, 13 de março de 2011

 
Monumenta 2011 — Anish Kapoor



HABITER L'ESPACE

Dans les œuvres d’Anish Kapoor, la notion d’échelle se révèle être autant affaire de taille que de sens – celui que nous attribuons à ce que nous voyons. Les formes sont aussi bien convexes que concaves, les masses tantôt aériennes tantôt pesantes, le vide d’un instant est le plein d’un autre instant. L’œuvre est-elle dans le lieu, ou le lieu dans l’œuvre ? Nous sommes plongés à la frontière entre l’espace bidimensionnel des pensées métaphysiques ou poétiques, et un espace tridimensionnel qui serait celui du corps, dans lequel la dualité des règles permet le jeu, la créativité. En parcourant l’œuvre avec son regard aussi bien que son corps, le visiteur construit ainsi à partir des lignes, des formes – qu’on dirait en mouvement – des matières, des couleurs, des reflets, à la fois sa propre représentation et sa propre expérience d’un environnement sensoriel, spatial et symbolique ; et cet espace en retour construit le visiteur. Est-il pour les humains, au fond, d’autre façon d’habiter un espace ?

sábado, 12 de março de 2011

 
Lendo outros blogs

Esticar a corda é uma especialidade do governo. Aqui, ali, mais umas medidas, mais outras medidas, um atrevimento ali, um atrevimento aqui. Não percebo, por isso, a indignação de tanta gente com mais este plano de austeridade. Era esperado: José Sócrates tinha-o anunciado há uma semana e meia, mas o tempo está a passar depressa demais; o ministro das Finanças anunciara-o antes, mas ninguém acredita nele. Estão indignados com o secretismo do plano? Escusam: é o resultado das exigências da União. Querem que o PSD vote contra as medidas? Escusam: o governo quer cortar no défice e tem uma arma apontada ao que lhe resta de cabeça, pelo que fará chantagem como habitualmente. E entoará a cantilena do costume: é a Europa, é a Europa que o exige, por mim aumentava salários e distribuía TGVs. É uma defesa pobre, convenhamos, quase tão indigna como a de dizer «por nós as SCUTS eram SCUTS, mas o PSD quer portagens...» Poupem na indignação, poupem na teoria da conspiração; é tudo simples, como as trapalhadas do costume – trata-se de salvar o poder a todo o custo. É gente que gosta do poder, que vive aterrada pela possibilidade de abandoná-lo. Farão tudo o que estiver ao seu alcance (e para lá desse limite).

O Presidente da República tem, por isso, toda a razão: “Há limites para os sacrifícios que se podem exigir ao comum dos cidadãos.” Precisamos de saber para que servem estes sacrifícios. Se for para pagar o défice provocado pelas asneiras, desmandos, patetices e favorecimentos deste governo, não. É isso que o PSD precisa de dizer com clareza. Ou não — mas depois é lá consigo.

Francisco José Viegas, A origem das espécies


Fora com esta gente.

Fora com este primeiro-ministro incapaz e pernicioso que se recusa a obter ajuda externa do mesmo passo que vai contraindo empréstimos a juros de 8%.

Fora com este Sócrates pusilânime que combina em segredo com o BCE e a senhora Merkel medidas extraordinárias sobre as costas dos portugueses, enquanto critica o diagnóstico de crise do presidente e diz que está tudo bem.

Fora com o hipócrita que fulmina todas as soluções de sustentabilidade aos gritos de «estão a matar o Estado Social!!!» e todos os dias vai cortando salários, pensões, benefícios de saúde, subsídios de desemprego, e subindo impostos, subindo impostos, subindo impostos.

Fora com os poltrões que chamam - num PEC 4 que na véspera juraram ser desnecessário - «poupança automática das famílias» ao 13.º mês que pretendem confiscar.

Rua com os desgraçados que planeiam estender a taxa de 23% de IVA aos bens essenciais e mascaram a intenção em palavras cobardes e retorcidas.

Fora, abaixo, rua com o pior ministro das Finanças da Europa, esse Santos relapso e contumaz, incapaz de acertar numa previsão, de inscrever com rigor um índice, de ter contas sem buracos.

Fora com o farsante que lança alcavalas sobre rendimentos de 1500 euros, enquanto vai proclamando pela boca de um pobre diabo gastos para amanhã de mais de 12 mil milhões num comboio e outro tanto na 3.ª auto-estrada entre Lisboa e Porto.

Rua com estes comediantes, capazes de rifar no estrangeiro o que negociaram com cenho carregado mas sem pinga de seriedade cá dentro.

Abaixo esta gente manhosa, dissimulada, sem palavra, que classifica de sectário e impróprio qualquer alerta sobre a nossa emergência, e carrega no dia seguinte a canga sobre os Portugueses, subterraneamente, às escondidas, para dar a sua nefasta terapêutica à doença que negou na véspera.

Fora com esta assanhada e vil torpeza que opõe burocracias e autoritarismo aos candidatos ao subsídio de 1000 euros para que descontaram, e fazem escorrer milhões e carros de luxo por sobre os boys nas empresas públicas deficitárias, os boys nos grupos de estudo, os boys nas comissões de análise, os boys nas fundações, os boys nas assessorias, os boys a quem pedem pareceres e consultorias.

Rua com eles, e rua também com a ala dissidente que acha que estas são políticas de direita - estes puros resultados das políticas de esquerda, o keynesianismo de pacotilha, a estatização da economia, a bastidorização das negociatas, a apparatchikização de todos os contratos.

Fora com esta gente desclassificada, que negoceia em segredo com os seus donos lá fora, se baba depois com os seus elogios, e depois traz os elogios dos donos consigo na miserável sacola para chantagear oposições, instituições, e povo.

Fora com esta gente. Rua! Viva a instabilidade! Toda a instabilidade é melhor que uma estabilidade infestada de vermes.

Rua com eles. Viva a crise política!

José Mendonça da Cruz, Corta-fitas


O sujeito, com obsceníssima ironia chamado Sócrates, que praticou hoje maisesta façanha é o mesmo que, há quarenta e oito horas, após a tomada de posse do Presidente da República, tinha protestado a sua lealdade [sic] para com ele. (Há ali um estilhaçamento de rostos sintoma de um carácter estilhaçado.)
O sujeito Sócrates primeiro-ministro que, hoje, expeliu isto, é o mesmo que há onze dias (não onze semanas) tinha dito que as medidas aplicadas pelo seu governo eram as suficientes. Esse sujeito garantia o mesmo ontem, em directo, diante de todo o parlamento.
Sócrates, que tantas vezes classifica as posições contrárias como "politiquice", acaba por reduzir o exercício da política a armadilhas, truques, manipulações, guinadas, alçapões no meio de compromissos, etc. Quase nada na sua prática é consistente. Está sempre suspensa, com uma ausência atroz de escrúpulos, a negação daquilo mesmo que ele assevera. Tudo sempre ao serviço de expedientes de vista curta, meros instrumentos para a sobrevivência no poder, custe o que custar, doa a quem doer: agora, desrespeitar publicamente o Presidente, forçando um ambiente institucional malsão que lhe venha a permitir assumir o papel do reformador esforçado cercado de obstáculos e bloqueado na sua "missão". Essa é, por assim dizer, a sua pegada ecológica na política em Portugal.

Carlos Botelho, O cachimbo de Magritte


Já estamos tão habituados às mentiras de José Sócrates que corremos o risco de as achar normais e sem assunto. Mas há mentiras, por acção ou omissão, que ferem qualquer sentido institucional em que se baseia a lógica da separação de poderes.
Compete à AR fiscalizar a acção governativa – logo, o Governo é responsável perante a AR (CRP, art. 190.º) e deve pautar as suas relações institucionais com o Parlamento pela verdade e boa fé.
Sócrates não o tem feito – e ontem abalroou completamente qualquer réstia de respeito que este Governo ainda pudesse fingir pela AR. Ontem, Sócrates esteve num debate parlamentar a propósito da moção de censura do BE. Teve múltiplas ocasiões para informar o Parlamento acerca das suas intenções de flagelar os portugueses com mais um plano de austeridade (o 3.º ou o 4.º?) ainda que quisesse apresentar o Plano integral à AR ulteriormente.
Não o fez. Calou-se, escondeu a verdade (“a execução orçamental está a correr tal como previsto“) e, dessa forma, ostentou um desprezo inqualificável pelo papel fiscalizador daquele órgão e pelos rudimentos do Estado de Direito.
Hoje, o rumor público é que os pobres esquecidos que integram a bancada parlamentar socialista não faziam ideia que Teixeira dos Santos iria hoje de manhã apresentar mais um pacote de medidinhaspara encanar a perna à rã. Ninguém lhes disse nada nem aos do partido nem à AR, nem informal nem institucionalmente.
Este Governo não respeita a Casa da Democracia, desdenha o Estado de Direito e pensa que pode fazer tudo o que lhe vier à (pobre) cabeça que os portugueses estão aí para aguentar.
Tal como jmf, estou farto!


O ministro das Finanças chamou os jornalistas a pretexto de fazer um balanço da aplicação das medidas do PEC. Foi um truque barato, que diz tudo sobre a falta de sentido de Estado do governo ainda liderado por José Sócrates. Afinal o que Teixeira dos Santos tinha para anunciar - sem uma comunicação prévia ao Parlamento, sem sequer deixar cair uma palavra junto do Presidente da República - era outro pacote de "medidas de austeridade", incluindo um agravamento da carga fiscal, destinado a penalizar ainda mais o que resta da frágil classe média portuguesa. A começar pelos reformados e pensionistas. Os que têm menos rendimentos serão os mais penalizados.

O que consta deste pacote?

- O congelamento das pensões até 2013;

- Aplicação de uma taxa extraordinária a todas as pensões superiores a 1500 euros;

- Novas reduções das prestações sociais;

- Novas reduções das comparticipações em medicamento e revisão das tabelas da ADSE;

- Um novo tecto para deduções fiscais no âmbito do IRS e do IRC, tornando-as ainda mais restritas;

- Alargamento dos bens alimentares taxados com o escalão máximo do IVA (23%);

- Redução do investimento público.

Nas costas do País, à revelia dos parceiros sociais, o Governo que se intitula socialista negociou este pacote em exclusivo com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu. Isto acontece, note-se, cinco meses depois de o chefe do Executivo ter garantido que não seria necessário um novo plano de austeridade em 2011. Acontece dois meses depois de Sócrates e Teixeira dos Santos terem anunciado que as metas de execução orçamental haviam sido atingidas. E uma semana depois de o primeiro-ministro ter garantido à Europa que Portugal estava em condições de cumprir as metas estabelecidas para o défice das contas públicas. E quatro dias depois de o ainda ministro das Obras Públicas proclamar aos quatro ventos novos investimentos públicos no valor global de 12 mil milhões de euros.

Percebe-se agora, sem margem para dúvidas, qual o objectivo da visita que Sócrates fez a Berlim na semana passada: rasgar definitivamente o contrato que estabeleceu com os eleitores portugueses na campanha para as legislativas de Setembro de 2009.

Esta legislatura já morreu. Falta apenas saber qual será a data exacta que constará da certidão de óbito.

Pedro Correia, Albergue espanhol


1.Depois do anúncio (precipitado?) de excelentes resultados com a execução orçamental dos 2 primeiros meses do ano, a prometer uma desejada bonança orçamental para 2011, eis que a “terra volta a tremer”...
2.Com efeito, fomos hoje brutalmente surpreendidos com o anúncio/promessa de nova vaga de medidas de austeridade:
- Novo corte em benefícios fiscais;
- Pensões de reforma acima de € 1.500 ficarão sujeitas a uma contribuição adicional (leia-se agravamento de IRS);
- Subsídio de desemprego terá de ser repensado;
- Despesas com medicamentos terão de ser reduzidas,
Etc, etc, etc
3.Lê-se, pasma-se, quase não se acredita: mas esta gente estará no seu perfeito juízo?
4.Mal começamos o ano e quando nos diziam que tudo estava a correr dentro das melhores previsões para a receita e a despesa orçamentais, vêm anunciar nova vaga de medidas de austeridade?
5.A que propósito? Será que as medidas em vigor afinal não são suficientes quando nos diziam que eram perfeitamente adequadas e até estavam a produzir resultados acima do previsto?
6.O que se passa afinal? Será que a notícia hoje publicada na edição alemão do Financial Times tem fundamento e criou uma situação de pânico?
7.Como entender esta confusão e este sobressalto súbito? E quando é que tudo isto acaba, antes de acabar connosco?
8.Por mim, confesso, tenho extraordinária dificuldade em entender esta súbita aflição!

Tavares Moreira, Quarta república


 
Monumenta 2011 — Anish Kapoor



LA COULEUR ET LE MONOCHROME

La couleur est fondamentale dans l’art d’Anish Kapoor. Elle n’est pas là pour décorer ou pour s’ajouter à l’œuvre. Elle en est très souvent le principe, toujours pure et sans mélange. Dans ses œuvres de la fin des années 1970 et du début des années 1980, il produit des sculptures entièrement recouvertes de pigment pur. De taille réduite, comparées à d’autres œuvres qu’il créera plus tard, ces sculptures font référence à la tradition indienne où l’on dispose des pigments purs à l’entrée des temples. La couleur est un seuil vers le non-verbal, elle se doit d’être monochrome pour résonner avec l’intime inavoué de notre corps. Pour Kapoor, « Le pigment concourt à donner à l’objet un caractère d’invisibilité, à produire une sensation de Gestalt, de tout unifié, pour lequel les notions de devant, de derrière, de côtés sont pratiquement inexistantes. »

sexta-feira, 11 de março de 2011

 
Resposta à geração (à) rasca...

...empregozinhos definitos (dados pelo pai-estado) à saída da faculdade...?
Ouvindo David Linx: façam-se à vida e ganhem 1 milhão!



 
Mais aldrabices

O Engº deve ter pensado que os tontinhos de Bruxelas também já estavam no papo como os parolos dos portugueses. Ter-se-à enganado. A resposta dos nossos credores — esses seguramente não tontinhos e percebendo perfeitamente quem o Engº é, até porque têm o dinheiro deles cá metido — foi a que se está a ver aqui (a 5 anos já a tocar os 8%).

 
Monumenta 2011 — Anish Kapoor



LE NON-OBJET

Les œuvres d’Anish Kapoor tentent pour la plupart d’échapper au monde qui les entoure. Elles sont comme importées d’ailleurs, révélant des dimensions cachées et transformant notre perception. A la faveur d’un jeu de miroir, d’un effet de vide ou d’une surenchère de couleur, l’œuvre échappe à son statut d’objet : elle n’est plus tout à fait de ce monde, elle est un « non objet », à l’image de la série éponyme Non Object (Door), Non Object (Pole), Non Object (Vertigo), 2008. Pour l’artiste, cette dimension de « non objet » se traduit aussi par sa volonté de se soustraire autant que faire se peut à la production de l’œuvre qui, le plus souvent, résulte d’un processus mécanique, parfois même arbitraire.

quinta-feira, 10 de março de 2011

 
Monumenta 2011 — Anish Kapoor


LA PEAU DE L'OBJET

Jouant sur la surface et l’apparence des choses, Anish Kapoor fait de la peau une image forte pour comprendre son travail. La peau, lieu de toutes les sensations, marque une frontière entre un intérieur et un extérieur. A ce double titre, les œuvres d’Anish Kapoor sont typiquement des « lieux de sensations » et des marqueurs de frontières. L’attention méticuleuse portée par l’artiste à la texture, aux quelques microns par lesquels l’œuvre est en contact avec le monde est un concept. Celui-ci désigne alors cette recherche d’un art qui trouve le profond à la surface. C’est à la faveur d’une sensation physique que l’œuvre dévoile sa profondeur. Ainsi, que ce soit grâce aux sculptures monumentales en membrane de PVC (Marsyas, 2002) ou aux surfaces réfléchissantes des sculptures miroirs (C-Curve, 2007), la peau est le lieu d’une révélation, mais aussi d’une illusion, c’est là que se crée l’idée parfois fictionnelle de la forme, de la masse, des connotations.


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