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sexta-feira, 30 de julho de 2004

 
Correio da Cassini
 
Titan, filho de Urano e de Geia. Foram gerados também os Ciclopes mas, Urano temendo que lhe usurpassem o poder, precipitou-os no Tártaro. Escaparam os Titans, graças à intervenção da mãe, Geia, que mutilou o marido e lhes entregou o governo. Eram doze (seis filhos e seis filhas). Entre eles, Crono, casado com a sua irmã Reia, devorou os seus filhos à nascença. Reia, porém, consegue arrebatar alguns à voracidade de Crono. De entre eles, Zeus que é levado para a ilha de Creta onde é criado com todos os cuidados. Acaba por vencer Crono, que exila, e proclama a sua soberania. No entanto, Geia, mulher de Urano, não suporta Zeus. Convoca os Titans e um exército monstruoso lança-se ao assalto do Olimpo. Zeus, após uma luta que faz tremer os fundamentos do Mundo, fulmina-os e lança-os no Tártaro. 

 
Encircled in purple stratospheric haze, Saturn's largest moon, Titan, appears as a softly glowing sphere in this colorized image taken on July 3, 2004, one day after Cassini's first flyby of that moon. Titan has a dense atmosphere composed primarily of nitrogen with a few percent methane. The atmosphere can undergo photochemical processes to form hazes.

 
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Correio da Cassini
 
Mesmo à escala do infinitamente grande... a intimidade é possível.

 
The dark shadow of Saturn's southern hemisphere spreads across the planet's rings all the way to the Encke gap. Close inspection of the shadow's left-most extension reveals the penumbra, the blurry region in which ring features are only partially illuminated. A viewer within the penumbra would see the Sun partially eclipsed by Saturn.

quinta-feira, 29 de julho de 2004

 

Maurizio Cattelan, Untitled, 2004 (Mixed media, lifesize)

Vejo as notícias da última bomba no Iraque que matou 70 pessoas. Qual a relação entre a Arte e a Vida?

E será que tem que haver uma relação?




quarta-feira, 28 de julho de 2004

 
Todos os Homens honestos mataram César.
A alguns faltou arte, a outros coragem e a outros oportunidade mas a nenhum faltou a vontade

Marcus Tullius Ciceroin,  Philippicae

 
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Correio da Cassini


Following its first flyby of Titan, Cassini gazed back at the smog-enshrouded moon's receding crescent. This natural color view was seen by the spacecraft about one day after closest approach. The slight bluish glow of Titan's haze is visible along the limb. The superimposed coordinate system grid in the accompanying image at right illustrates the geographical regions of the moon that are illuminated and visible, as well as the orientation of Titan -- lines of longitude converge on the South Pole near the moon's eastern limb. The yellow curve marks the position of the boundary between day and night on Titan.


terça-feira, 27 de julho de 2004

 

Estatuto de calamidade pública = 0

Concelho de Monchique:
32 mil hectares de 39 mil hectares (80%) de área florestal ardida. Decretado concelho de calamidade pública. Apoio dos fundos comunitários e da Caritas. Apoio financeiro do estado português = 0. Área de calamidade pública ou não = indiferente.
 
Pobre país o nosso...



segunda-feira, 26 de julho de 2004

 
Correio da Cassini...

That's No Space Station
07.26.04
 
Soon after orbital insertion, Cassini returned its best look yet at the heavily cratered moon Mimas (398 kilometers, 247 miles across). The enormous crater at the top of this image, named Herschel, is about 130 kilometers (80 miles) wide and 10 kilometers (6 miles) deep.


 
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Do You Believe in Reality?
2004 Taipei Biennial is to Open in October 

 

 
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NON-PLACES
 
Encontro num elevador  

Entramos só os dois no elevador.
E olhamo-nos sem pensar em mais nada.
Duas vidas, um momento de beatitude e plenitude.
Ela saiu no quarto piso e eu, que saía mais acima,
Soube que não a voltaria a ver nunca mais,
Que nos tínhamos encontrado na vida uma só vez,
Que se a seguisse seria como um morto
E que se ela voltasse para mim
Seria do outro mundo.  

Vladimir Holan

Obrigado Thelma & Louise.




domingo, 25 de julho de 2004

 

Novamente, o real

O Universo a cores. Uni-verso = coisas várias que concorrem para ser uma.


Nine days before it entered orbit, Cassini spacecraft captured this exquisite natural color view of Saturn's rings.

 

Novamente, o real

Níveis de aproximação e representação escatológicos do real. Para breve um texto sobre Sandorfi.




sexta-feira, 23 de julho de 2004

 

en-SELL-uh-duss


 


Icy EnceladusJuly 23, 2004 
Saturn's brilliant jewel, water-ice-covered Enceladus, is the most reflective body in the solar system. Reflecting greater than 90 percent of the incidental sunlight, this moon was the source of much surprise during the Voyager era. Enceladus (pronounced "en-SELL-uh-duss"), exhibits both smooth and lightly cratered terrains that are crisscrossed here and there by linear, groove-like features. It also has characteristics similar to those of Jupiter's moons, Ganymede and Europa, making it one of Saturn's most enigmatic moons.

terça-feira, 20 de julho de 2004

 

Desonestidade intelectual

Corre na net um mail, que também chegou à minha caixa de correio, um tal Fwd, Fwd, Fwd... Transpessoal, com o seguinte texto:

Mensagem VERDADEIRAMENTE TRANS !
 
> A recente actividade de exploração de gás na região
> do sudeste do deserto da Arábia, descobriu a existência de um esqueleto
> humanoide  tamanho fenomenal. Esta região do deserto da Arábia é
> conhecida como Quadrante Vazio, ou em árabe, 'Rab-Ul-Khalee'. A descoberta
> foi feita pela equipe da Exploração da Aramco.
>  Na Bíblia em Genesis 6:4; Números 13:23-33; 2 Samuel 21:22 Números
> 13:32-33 - está escrito: - Vimos ali gigantes filhos
> de  Anaque, descendentes dos gigantes; e éramos aos nossos olhos como
> gafanhotos e assim também éramos aos seus olhos. O Exercito de
> Saudi isolou a área inteira e  ninguém está autorizado a entrar exceto o
> pessoal da Aramco.
> Foi mantido em  segredo, mas um helicóptero militar fez exame de
> reconhecimento e obteve alguns  retratos aéreos e um destes, o qual foi
> divulgado através da Internet na Arábia  Saudita. Veja o acessório e note o
> tamanho dos dois homens que estão no retrato  comparados ao tamanho do
> esqueleto!! Caso vc ache que é falsa a informação, abra  este link:
 
Ø      
http://nation.ittefaq.com/artman/exec/view.cgi/10/8519 
 


Anexo a este mail a seguinte fotografia:



 

Não costumo, nem tenho tempo, para comentar patetices desta ordem mas, neste caso, por uma questão de honestidade e rigor intelectual, não posso deixar passar em branco.

A origem deste mail é um grupo dito transpessoal que, pelo que me pude aperceber, informando-me e visitando os sites, é um misto híbrido de psicologia e charlatanice, temperado por ideias mais ou menos revistas da teologia da libertação brasileira, crendices várias e misturado com um toque apimentado (nem poderia deixar de ser, até porque está novamente na moda) de orientalismo mal entendido e, finalmente, acompanhado da mais escandalosa desonestidade intelectual e científica – e aqui a palavra “escandaloso” aplica-se com plena propriedade até porque fazem parte desse grupo psicólogos com prática clínica e, por isso, em contacto com o público.
Impõe-se, então, a desmontagem da fraude. Comecemos pelo princípio:
Ao abrir o link que vem no mail dá-se com uma página do The New Nation, Bangladesh’s Independent News Source que, com o título «Giant human skeleton found in Saudi Arabia» publica um artigo do Sr. Saalim Alvi, de Riyadh, datado de 22 de Abril de 2004 que reza o seguinte:
Recently gas exploration is going in the desert of south east region of Saudi Arabia. This desert region is called Empty Quarter, which means in Arabic "RAB - UL -KHAALEE"; this body has been found by ARAMCO exploration team. This proves what Allah SWT said in QURAN about the people of AAD nation and HOOD nation. They were so tall, wide and very power full that they were able to pull out big trees just with the one hand. But what happen after when they become misguided and disobeys Allah SWT, Allah SWT destroyed the whole nation. ULEMA KIRAM of Saudi Arabia believes that this body belongs to AAD nation. Saudi military took over this whole area. And nobody is allowed to go in this region except Saudi ARAMCO personnel's. Saudi government has kept it very secret but some military helicopters took pictures from air. And one of them he runs on internet here in Saudi Arabia. 
 
Na realidade este artigo, limita-se a “emoldurar” a mesma fotografia do mail Transpessoal. 
 
Bom... Senhoras e Senhores, orgasmos múltiplos transpessoais!
 
Esta minha mania de me interessar o mais profundamente possível por vários assuntos, um dos quais a Antropologia, também na sua vertente arqueológica, fez-me estranhar a notícia do jornal do Bangladesh, não porque conheça ou dê crédito ao dito pasquim – o mais natural é que seja o Tal&Qual lá da terra – mas por não ter tido conhecimento deste assunto através dos canais normais que utilizo para me informar, documentar e estudar. Uma pequena pesquisa no site da Archaeology Magazine, publicação do Archaeological Institute of America, levou-me ao About.com, site onde estão descritas as investigações e projectos em andamento, em todo o mundo, para além das escavações feitas, a decorrer e a efectuar no futuro. Também não foi difícil chegar à pasta da Arábia Saudita e verificar que nada estava a decorrer em Rab-Ul-Khalee. Com este nome no motor de busca, surgiu apenas um artigo alusivo à fotografia em causa e a consequente explicação e revelação da fraude cujo texto transcrevo:
The image first surfaced as an entry in an October 2002 Photoshop contest run by Worth1000.com. It was created by manipulating an actual photo of a Cornell University excavation of a mastodon skeleton.
The text, which is obviously bogus (apart from the loosely synopsized Qur'an story of the Prophet Hud and the people of Aad), was created much later and first found circulating with the photo in March 2004.

Clicando nos links, encontra-se, de facto, a dita fotografia, “inocentemente” inserida no concurso da Photoshop mas, neste caso, devidamente assinalada no canto inferior esquerdo “Worth1000.com”, entidade organizadora do concurso.




 
Note-se, aliás, que a única diferença entre esta fotografia e a anterior é o "cirúrgico" corte de uma faixa inferior não permitindo, na outra, ver-se "Worth 1000.com".
Encontram-se, igualmente as regras do concurso fotográfico:
Worth 1000.com
In this contest you will create a hoax archaeological discovery (i.e. Atlantis, a 2,000 year-old Coca-Cola can or a giant's skull, as in IronKite's themepost). Be open minded, there are many mysteries buried beneath the earth.The rules of this game are thus: You are to create an archaeological hoax. Your job is to show a picture of an archaeological discovery that looks so real, had it not appeared at Worth1000, people might have done a double take. As always, quality is a must. We will remove poor entries no matter how much we like you. You'll have 48 hours for this contest, so make your submission count. See the first contest for an idea of what this one is about.
 
Diga-se, de passagem, que a fotografia em causa nem ficou nos primeiros lugares do concurso.
 
Por último, numa rápida visita à Universdade de Cornell e ao programa de escavações do departamento de arqueologia, é possível encontrar o artigo com as fotografias originais utilizadas na manipulação fotográfica: 
 
Aerial Views
Since the bones were to be removed from the pit that Saturday and Sunday, a cherry picker was present to aid in documenting their positions before removal. Here are a couple of views from the overhead bucket of the cherry picker.


 
This overview of the pit shows the catwalk and dams. The skeleton itself is mainly in the upper left quadrant of the image, with one tusk behind a dam below and to the left of the main skeleton. You can get some idea of the wet conditions; the green hose at the right center is perhaps 3 inches in diameter and is constantly pumping water out of the pit. Click on the image for a high-resolution version (973x875, about 1.2MB).


 
Finally, a detailed view of the skeleton itself. This find is interesting because of the completeness (at least 90% at last report), preservation state, and articulation of the skeleton. Articulation means that many of the bones are still in their original positions relative to each other.
At the top left, the pelvis is visible. At the bottom center of the image, several vertebrae are still articulated, as are several just to the right of top center. An array of ribs is visible between these two groups. At almost the exact center of the image, the lower jaw is visible, with most teeth intact. The skull, which was in good condition, has already been removed from the pit. To the right of the jaw, among the ribs, a hole in the mud is visible; this is actually a spring, spewing water into the pit continously. Click on the image for a high-resolution version (1258x1032, about 1.4MB).
At the lower right is an intact tusk behind a plywood dam and under a protective coating of mud. A major challenge is to allow this tusk to dry without having it shatter into fragments. In fact, the whole skeleton was periodically re-wetted with a garden hose to keep it from drying in an uncontrolled fashion.
 
Perante tudo isto, deixo à consideração de cada um o juízo que se impõe, voltando apenas a lembrar que muitas das pessoas ligadas e este grupo de psicologia transpessoal são clínicos “encartados” com responsabilidades. É óbvia a responsabilidade nesta fraude visível através da manipulação feita ao nível dos textos - a alusão aos textos bíblicos que não consta da fraude original em que a fotografia é acompanhada de uma alusão ao Corão. Independentemente de tudo o resto, estes senhores não sabem a diferença entre a linguagem do real e a linguagem do simbólico. Paciência...(parafraseando Pessoa) «por mim, continuarão sem a saber». 
Mas onde está, afinal, a bitola da honestidade cultural e intelectual?

 
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Atenção... o Guggenheim de Bilbau é já aqui ao lado. 
 
James Rosenquist: retrospectiva
 
Desde finais da década de 1950, James Rosenquist tem vindo a criar uma obra excepcional e fascinante. Nos anos sessenta tornou-se um dos líderes do movimento pop americano. Com Jim Dine, Roy Lichtenstein, Claes Oldenburg e Andy Warhol, Rosenquist recorreu à iconografía da publicidade e dos meios de comunicação de massas para evocar a sensação da vida moderna. A sua pintura alude de forma directa ao contexto político e cultural do seu tempo.
De 13 de Maio a 17 de Outubro, 2004


James Rosenquist 


Mark Rothko: paredes de luz
 
Mark Rothko (Marcus Rothkovitz) nasceu em Dvinsk, Rússia, em 1903. En 1913 emigrou com a sua familía para os Estados Unidos, instalando-se em Portland, Oregon. Entre 1921 e 1923 frequentou a Universidade de Yale. Começou a pintar em 1925 e em 1933 realiza a sua primeira exposição individual. Desde a sua trágica morte em 1970, a sua pintura não perdeu popularidade. Hoje em dia, Rothko conta-se entre os grandes pioneiros da arte norte-americana do pós-guerra e é, com Barnett Newman e Jackson Pollock, um dos expoentes fundamentais do expressionismo abstracto.
De 8 de Junho a 24 de Outubro, 2004



Mark Rothko 


 
Miguel Ángel y su tiempo

 
Miguel Ángel y su tiempo apresenta aproximadamente 70 obras procedentes da Graphische Sammlung Albertina, museu de Viena, que conta com uma extensa colecção de desenhos e gravuras. A exposição reúne desenhos de Rafael, Miguel Ángelo e Leonardo da Vinci, passando por Rosso Fiorentino, Parmigiannino, Francesco Salviati, Perino del Vaga, Ugo da Carpi, Jacopo Tintoretto, Paolo Veronese e Federico Barocci procedentes de Florença, Roma, Veneza, Parma, Urbino, Mantua e Verona e que vão do Alto Renascimento até ao Maneirismo.
De 15 de Novembro, 2004 a Fevereiro, 2005



Miguel Angelo

segunda-feira, 19 de julho de 2004

 
Outra aproximação...


Miquel Barceló, «La carpe sèche», 79x104, 1995.

 
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Continuam a fascinar-me as diferentes aproximações e os diversos níveis de representação do real. Novamente, o problema das linguagens.
 

Sandorfi, «Poissons, main et traversins», 195x220, 1984, Galerie Isy Brachot, Paris.



Cacciarini, «Oggetti», 70x50, 1985, Galleria Panantti, Florença.

 
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eye-APP-eh-tuss


 

The moon with the split personality, Iapetus, presents a puzzling appearance. One hemisphere of the moon is very dark, while the other is very bright. Whether the moon is being coated by foreign material or being resurfaced by material from within is not yet known. Iapetus' diameter is about one third that of our own moon at 1,436 kilometers (892 miles). The latest image was taken in visible light with the Cassini spacecraft narrow angle camera on July 3, 2004, from a distance of 3 million kilometers (1.8 million miles) from Iapetus (pronounced eye-APP-eh-tuss). The brightness variations in this image are not due to shadowing, they are real. The face of Iapetus visible was observed at a Sun-Iapetus-spacecraft, or phase, angle of about 10 degrees. The image scale is 18 kilometers (11 miles) per pixel. The image was magnified by a factor of two to aid visibility.

Perante estas imagens da Cassini, esbarro novamente nos problemas da linguagem (o problema das questões fundamentais é que as respostas pertencem a uma linguagem diferente da das perguntas):
Do not be troubled by the fact that languages consist only of orders. If you want to say that this shews them to be incomplete, ask ourself whether our language is complete, - whether it was so before the symbolism of chemistry and the notation of the infinitesimal calculus were incorporated in it; for these are, so to speak, suburbs of our language. (And how many houses or streets does it take before a town begins to be a town?) Our language may be seen as an ancient city: a maze of little streets and squares, of old and new houses, and of houses with additions from various periods; and this surrounded by a multitude of new boroughs with straight regular streets and uniform houses.

L. Wittgenstein, in Philosophical Investigations, Part  I, 18, 1945, Blackwell Publishing, Londres. 

sábado, 17 de julho de 2004

 
Ainda a Gravura - Novas reflexões
 

Mais uma vez me são colocadas interessantes questões que envolvem toda a problemática da Gravura contemporânea. Diga-se, em abono da verdade mas sem nenhuma carga irónica, que parece haver, de momento, uma vaga de reflexão sobre esta problemática.
Quando em 1996, com o apoio da Fundação Gulbenkian, iniciei um conjunto de reflexões sobre o assunto, que se tem prolongado até hoje, o mínimo que sobre os meus trabalhos escritos e investigações nesta área se dizia era “bizarria”, “inutilidade”. Na altura não se questionava o meio adstrito à Gravura como hoje, nem se levantavam os mesmos problemas. Lembro a exposição que fiz com David de Almeida na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Maio de 1994, exposição dedicada à Gravura experimental, em que ainda estavam pouco definidos os mecanismos conceptuais e normativos da Gravura experimental, gerando-se sempre alguma confusão com monotipos ou processos para-pictóricos. Cristina Azevedo Tavares, no texto que teve a amabilidade de escrever para o catálogo dessa exposição, teve a percepção e o entendimento do que estava a ser posto em causa quando afirma, a certa altura: «Por um lado, tentando em ambos os casos fugir-se às mezinhas da gravura, por outro, na obtenção de uma relação diferente da matriz com a impressão, ao fazer-se apenas uma gravura original de cada chapa». 
 



Uma das situações essenciais para o entendimento da Gravura experimental, quer na sua conceptualização, quer na possibilidade de encontrar uma definição que corresponda a uma formalização, passa necessáriamente pelo entendimento da história do múltiplo, em todas as suas vertentes – sendo a sociológica, porventura, uma das mais importantes.
O fantástico incentivo dado às oficinas de gravura, durante o Renascimento, o seu crescimento artístico, técnico e comercial, está associado à Gravura de reprodução e à emergência da burguesia mercantilista e urbana. A capacidade económica para aceder à obra original ainda não existia. Mas a “necessidade” de arte, sim. A possibilidade de se aceder a uma reprodução, de baixo custo, está na origem da proliferação das oficinas gráficas renascentistas. Por outro lado, é evidente o desenvolvimento comercial associado ao múltiplo literário e, nessa época, também à cartografia. A importancia do múltiplo em termos da cartografia, é uma vertente ainda pouco estudada mas de extremo interesse.
A assumpção do meio com a legítima autonomia que se lhe reconhece, é uma realidade que se cruza na história com a chamada gravura de reprodução, muito embora, esta tenha sempre sido prioritária e, por assim dizer, delimite o desenvolvimento da autonomia específica da linguagem gráfica. Os casos pontuais de Dürer, de Seghers ou mesmo de Rembrant, não têm, do ponto de vista da história da gravura de reprodução, a relevância que, legítimamente, se lhes atribui artísticamente. O reconhecimento das especificidades da linguagem gravada e o consequente desenvolvimento da chamada gravura original só vem a ter pleno direito nos finais do século XVIII e, mais concretamente com Goya. Mas o peso histórico desse cordão umbilical chamado múltiplo vem a manter-se até ao século XX.
 
Vivemos hoje num mundo de múltiplos, de que o objecto gravado ocupa um dos últimos lugares, pela sua insignificância. Os múltipos ao nível de outras formas de expressão, nomeadamente a literária, musical, fílmica, ultrapassam em muito qualquer tipo de eventual relevância que se quisesse atribuír ao múltiplo gravado. Aliás, o primeiro corte nesse cordão umbilical que históricamente ligou e liga a obra gravada ao múltiplo, verifica-se com o aparecimento e desenvolvimento técnico dos primeiros processos de reprodução fotográfica, nomeadamente de reprodução de obras plásticas originais. Progressivamente, ao longo do século XIX e XX, as novas tecnologias de reprodução de imagens foram retirando sentido à gravura de reprodução e, progressivamente à própria razão de ser do múltiplo enquanto processo de multiplicação de imagens gravadas. Esse sem sentido da multiplicação da imagem gravada, que já não se justifica pela sua divulgação e, muito menos, por razões comerciais de redução de custos, tem como consequência criar um espaço de autonomia e de emancipação da imagem gravada, espaço em que, actualmente, se geram todo um conjunto de reflexões sobre o estatuto da Gravura enquanto linguagem autónoma, portadora de uma identidade específica e suportada históricamente.
 
Uma das situações avançadas em 1996, relativamente a toda esta problemática, no trabalho realizado para a F. Gulbenkian, tinha a ver com a distinção fundamental entre duas qualidades passíveis de serem atribuídas às matrizes, qualidades que poderiam ter correspondência formal nas atitudes, no decorrer do processo criativo. Na altura qualifiquei as matrizes segundo duas categorias, a saber: matrizes de reprodução, em que o objecto Gravura, sendo sempre um objecto simbiótico criado a partir da necessidade de (im)pressão de dois objectos sem visibilidade específica (uma matriz e um suporte), se assume no plano da estaticidade, mantendo relações formais idênticas de impressão para impressão e, por aí, vinculando-se ainda a uma tradição de múltiplo. E matrizes evolutivas, conceito subjacente à produção de Gravura dita experimental, em que as matrizes não só evoluem internamente de impressão para impressão mas, também externamente, mantendo com o suporte relações formais sempre diferentes. Mas aqui o suporte também já não é um objecto passivo e receptivo a qualquer matriz. Tratava-se antes da criação dinâmica de interacções únicas entre espaços gráficos: por um lado a matriz, por outro um suporte transformado em espaço gráfico dinâmico, capaz de suportar uma única impressão, criado exclusivamente para esse fim.
A ideia da interactividade exclusiva entre matrizes e espaços gráficos, tem bastante a ver com a proposta de reflexão a nível internacional, nomeadamente em relação àquilo que poderíamos chamar geographic transfers e que passa pela inscrição, reprodução ou im-pressão das marcas deixadas na terra por organismos vivos e das tensões críticas que derivam da expansão formal de suportes que sustenham estas im-pressões. Passa pela violência, a guerra, os conflitos humanos e as cartografias mentais e físicas, enquanto mapas e diagramas das deslocações. Aqui o que temos, para além da aparente aleatoriedade das marcas deixadas pelas deslocações é também a transformação do suporte provocada por essas marcas. À escala planetária, retomamos, de alguma forma, o fio de Ariana, na utilização do mundo como suporte prioritário para as marcas gravadas. Obviamente não se extingue aqui a transposição de escalas e a recolha em suportes outros dessas marcas. Mas, novamente, o que temos subjacente a esta ideia é a interacção dinâmica entre marcações matriciais e suportes contidos ou expandidos, numa relação simbiótica específica.
Esta dinâmica clarifica o espaço do objecto gráfico, nomeadamente porque se distancia (quase arriscaria dizer, se isola) do matrix gráfico visível, desde a imprensa à internet, e que, esse sim, continua contemporâneamente o longo percurso histórico do múltiplo.

quarta-feira, 14 de julho de 2004

 
O Monstro das Bolachas

Para que é que precisamos de um Ministério da Agricultura? Para distribuir subsídios contrata-se um banco, que o fará com eficácia alocando meia dúzia de funcionários. Uma ou duas funções necessárias de fiscalização concessionam-se. Testes laboratorias fazem-se nas universidades. Fazia-se uma boa limpeza.

Acontece que este minstério é um excelente representante da burocracia à portuguesa. Não acreditam? Fiquem então com "O Monstro das Bolachas".

O MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS é composto pelo GABINETE DO MINISTRO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS, que para lá do chefe de gabinete e três secretárias pessoais comporta tem ainda um chefe de gabinete adjunto, quatro assessores normais, dois assessores de imprensa e dois assessores para a reforma agrária. Acompanham esta equipa meia dúzia de secretárias e uma catrefada daquilo a que se costuma chamar staff.

O Ministério tem três secretarias de estado. O SECRETÁRIO DE ESTADO ADJUNTO E DAS PESCAS não me parece ser um homem só. Está acompanhado pelo Chefe de Gabinete do Secretário de Estado Adunto e das Pescas, ajudados por 3 secretárias pessoais. Existem dois adjuntos do Chefe de Gabinete do Secretário de Estado Adunto e das Pescas e três assessores do Secretário de Estado Adjunto e das Pescas.

Já o SECRETÁRIO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO RURAL tem uma chefe de gabinete da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Regional e é mais comedido nas secretárias pessoais. Duas chegam. O Secretário de Estado do Desenvolvimento Rural tem apenas dois adjuntos e três assessores.

No meio de tudo isto, a SECRETARIA DE ESTADO DAS FLORESTAS merece um aplauso. Não vejo como é que o senhor Secretário de Estado das Florestas consiga gerir o seu estaminé apenas com uma chefe de gabinete da Secretaria de Estado das Florestas, duas secretárias pessoais e apenas três adjuntos.

Entramos depois nos Serviços Centrais. O primeiro com interesse é o GABINETE DE PLANEAMENTO E POLÍTICA AGRO-ALIMENTAR. Serve este gabinete para apoiar a concepção e assegurar a coordenação, avaliação e acompanhamento das políticas agro-alimentares, do desenvolvimento rural e das pescas, no âmbito nacional e comunitário, participar na formulação das políticas sectoriais e acompanhar a execução das medidas que as sustentam e coordenar e apoiar as relações dos serviços do Ministério com a União Europeia, organizações internacionais e países terceiros.

Tem uma directora de gabinete de planeamento e política agro-alimentar e dois subdirectores. Para cumprir a sua nobre missão, existe uma DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE ASSUNTOS EUROPEUS E RELAÇÕES INTERNACIONAIS que, dada a complexidade das tarefas se divide em três outras divisões: A DIVISÃO DE ASSUNTOS EUROPEUS, a DIVISÃO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS e a DIVISÃO DE COOPERAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO.

Como é evidente isto é muito insuficiente para o GABINETE DE PLANEAMENTO E POLÍTICA AGRO-ALIMENTAR. Tem mais divisões. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO que por sua vez se divide na DIVISÃO DE FORMAÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS e na DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL. Não nos devemos esquecer da DIVISÃO DE DIVULGAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS, da DIVISÃO DE DOCUMENTAÇÃO, do GABINETE JURÍDICO e da DIVISÃO DE ORGANIZAÇÃO E INFORMÁTICA.

Aparte destas divisões, chamadas de apoio técnico e administrativo, existem os chamados SERVIÇOS OPERATIVOS. O primeiro é a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE ESTATÍSTICA E GESTÃO DE INFORMAÇÃO, que tutela a DIVISÃO DE ESTATÍSTICAS AGRÍCOLAS E DOS MERCADOS AGRO-ALIMENTARES e a DIVISÃO DE INQUÉRITO, METODOLOGIA ESTATÍSTICA E GESTÃO DE INFORMAÇÃO. Depois existe a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE ESTUDOS, PLANEAMENTO E PROSPECTIVA que não quer ficar atrás e também tem as suas divisões: a DIVISÃO DE ESTUDOS E ANÁLISE DE CONJUNTURA, a DIVISÃO DE PLANEAMENTO E POLÍTICAS, a DIVISÃO DE POLÍTICA SÓCIO-ESTRUTURAL e a DIVISÃO DE ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO.

Por sua vez a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PRODUÇÕES VEGETAIS tutela a DIVISÃO DE CULTURAS ARVENSES, a DIVISÃO DE AZEITE E AZEITONAS, a DIVISÃO DE AÇUCAR, TABACO, BANANA, TÊXTEIS E OUTROS E A DIVISÃO DE FRUTAS, HORTÍCOLAS E FLORES. (Não se pode dividir isto mais um bocadinho? Talvez separar o tabaco das bananas não seja má ideia.)

Continuando que ainda estamos longe do fim. Chegamos à DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PRODUÇÕES ANIMAIS, com as suas orgulhosas DIVISÕES DE BOVINOS, OVINOS E CAPRINOS, DIVISÃO DE LEITE E LACTICÍNIOS e a DIVISÃO DE AVES, OVOS E SUINOS.

Assim encerramos o GABINETE DE PLANEAMENTO E POLÍTICA AGRO-ALIMENTAR. Passemos aos seguintes.

Além do parcimonioso serviço central de AUDITORIA JURÍDICA, temos a INSPECÇÃO-GERAL E AUDITORIA DE GESTÃO, com um director-geral e uma Subdirectora-Geral. Esta Inspecção Geral tem uma DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AUDITORIA DE ACÇÕES ESTRUTURAIS E DE GESTÃO que coordena a DIVISÃO DE AUDITORIA DE ACÇÕES ESTRUTURAIS e a DIVISÃO DE AUDITORIA DE GESTÃO. Por sua vez a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AUDITORIA DE ACÇÕES CONJUNTURAIS E DE GESTÃO coordena a DIVISÃO DE AUDITORIA DE ACÇÕES CONJUNTURAIS e a DIVISÃO DE AUDITORIA DE GESTÃO. ELEMENTAR.

Também aqui encontramos a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE INSPECÇÃO E PROCESSOS ESPECIAIS (SIPE), com a sua DIVISÃO DE PROCESSOS ESPECIAIS e a DIVISÃO DE INSPECÇÕES ESPECÍFICAS.

Voltemos aos Serviços Centrais para vos apresentar a SECRETARIA GERAL DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS.

Aqui encontramos a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE RECURSOS HUMANOS, com as suas necessárias DIVISÃO DE PLANEAMENTO E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, a DIVISÃO DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL e a REPARTIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE PESSOAL.

Também por aqui se encontra a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS FINANCEIROS E PATRIMONIAIS que ostenta as orgulhosas DIVISÃO DE PROGRAMAÇÃO E GESTÃO FINANCEIRA, REPARTIÇÃO DE ORÇAMENTOS E CONTABILIDADE e a REPARTIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL.

Continuando na viagem, passamos pela DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO, ORGANIZAÇÃO E GESTÃO INFORMÁTICA mais a sua DIVISÃO DE DOCUMENTAÇÃO E INFORMAÇÃO, o CENTRO DE FORMAÇÃO E PRODUÇÃO DE AUDIO VISUAIS (o que seria uma organização destas sem auto-produção de audio visuais?) e finalmente a DIVISÃO DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO INFORMÁTICA.

Finalmente, na SECRETARIA GERAL DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA, DO DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS encontramos um GABINETE JURÍDICO.

Continuando a viagem pelo Ministério, eis-nos num novo serviço central. A DIRECÇÃO GERAL DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLO DA QUALIDADE ALIMENTAR. Para lá do Director-Geral e do Subdirector-Geral, esta Direcção geral também tutela várias Direcções, a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO que coordena a DIVISÃO DE RECURSOS HUMANOS E INFORMÁTICA, o NÚCLEO DE INFORMÁTICA e a DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO DA QUALIDADE ALIMENTAR por sua vez coordena a DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL e a DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DE PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL.

Existe também nestes serviços centrais a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE CERTIFICAÇÃO, NORMALIZAÇÃO, PROMOÇÃO E GARANTIA DA QUALIDADE ALIMENTAR. Aqui todos gostam de nomes grandes. Esta Direcção coordena a DIVISÃO DE CERTIFICAÇÃO E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DOS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL, a DIVISÃO DE CERTIFICAÇÃO E PROMOÇÃO DA QUALIDADE DOS PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL, a DIVISÃO DE NORMALIZAÇÃO E GARANTIA DA QUALIDADE ALIMENTAR e o NÚCLEO DE ROTULAGEM E EMBALAGENS.

Por sua vez, o DEPARTAMENTO DE COORDENAÇÃO E APOIO TÉCNICO coordena o NÚCLEO DE DOCUMENTAÇÃO, INFORMAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS, o NÚCLEO DE FORMAÇÃO e o NÚCLEO DE PLANEAMENTO E ESTATÍSTICA.

Um outro importante departamento é DEPARTAMENTO DE REGULAMENTAÇÃO E APLICAÇÃO DO DIREITO ALIMENTAR. Também aqui preferem os núcleos. Têm dois, o NÚCLEO DE REGULAMENTAÇÃO e o NÚCLEO DAS CONTRA-ORDENAÇÕES.

Já o imprescindível GABINETE DAS TROCAS INTRACOMUNITÁRIAS E COM PAÍSES TERCEIROS parece-me muito só. Não tem núcleos nem divisões. Injusto.

Ainda por aqui, encontramos o LABORATÓRIO CENTRAL DE QUALIDADE ALIMENTAR, com as suas DIVISÃO DE MICROBIOLOGIA, DIVISÃO DE GÉNEROS ALIMENTÍCIOS COMUNS, ADITIVOS E CONTAMINANTES e a DIVISÃO DO VALOR FÍSICO E TECNOLÓGICO E MICROBIOLOGIA. Pura ciência.

O SERVIÇO DO AUDITOR DE AMBIENTE DO MINISTÉRIO DA AGRICULTURA DESENVOLVIMENTO RURAL E DAS PESCAS parece-me ser mais contido. Aguenta-se com um pequeno gabinete de apoio e secretariado.

Um dos Serviços Centrais mais importantes é o INSTITUTO DE DESENVOLVIMENTO RURAL E HIDRÁULICA, que resulta da fusão entre a DIRECÇÃO GERAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL (DGDRural) e o INSTITUTO DE HIDRÁULICA, ENGENHARIA RURAL E AMBIENTE (IHERA).

A lei orgânica que criará as dezenas de capelinhas ainda não chegou, mas os fundidos tinham as suas organizaçõezinhas. A DIRECÇÃO GERAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL tinha a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO E ADMINISTRAÇÃO, o GABINETE JURÍDICO e a DIVISÃO DE INFORMAÇÃO E COOPERAÇÃO INTERNACIONAL, que deve dar para pagar umas viagenzitas. Esta direcção ainda tem mais uns directores e respectivo staff nos seus serviços operativos: o primeiro é a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PLANEAMENTO E AMBIENTE, que se subdivide na DIVISÃO DE ORGANIZAÇÃO E INFORMÁTICA, na DIVISÃO DE FORMAÇÃO E GESTÃO DOS RECURSOS HUMANOS, na DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL e ainda na REPARTIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL.

Em segundo lugar aparece a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DOS RECURSOS NATURAIS E DOS APROVEITAMENTOS HIDROAGRÍCOLAS, também alimenta bastantes clientelas, nomeadamente na DIVISÃO DE CARTOGRAFIA E INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA, na DIVISÃO DE SOLOS, na DIVISÃO DE HIDROLOGIA AGRÍCOLA E QUALIDADE DA ÁGUA e na não menos importante DIVISÃO DE APOIO AOS PERÍMETROS DE APROVEITAMENTO HIDROAGRÍCOLA. O que seria de nós sem eles?

A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE HIDRÁULICA E ENGENHARIA RURAL também está bem cheinha de divisões. São elas a DIVISÃO DE REGA, DRENAGEM E CAMINHOS, a DIVISÃO DE ESTRUTURAS HIDRÁULICAS, a DIVISÃO DE MECANIZAÇÃO AGRÁRIA e a DIVISÃO DE ESTRUTURAÇÃO AGRÁRIA. Gosto de ver a quantidade de gente que trabalha a bem do país.
Finalmente, a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE GESTÃO DE PROJECTOS E OBRAS dá trabalho a mais uns quantos chefes de divisão e respectivas equipas, na DIVISÃO DE TOPOGRAFIA, na DIVISÃO DE OBRAS E FISCALIZAÇÃO e no GABINETE DE GESTÃO DO PARQUE DE MÁQUINAS.

Mas se isto era a DIRECÇÃO GERAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL, a outra que com esta se fundiu é bem mais interessante. É presiso fôlego para descrever esta direcção. Junto ao Director, há 4 gabinetes: o GABINETE DE APOIO JURÍDICO, o NÚCLEO DE PROMOÇÕES E RELAÇÕES PÚBLICAS, o SERVIÇO DE COMÉRCIO DE GADO, LEILÕES E BOLSAS e o serviço de APOIO TÉCNICO À CAMPANHA LANAR. Pois.

Depois temos 4 Direcções de Serviços e 19(!!!) divisões ou unidades orgânicas. É assim:

A primeira direcção é a DIRECÇÃO DE AMINISTRAÇÃO que tem a DIVISÃO DE FORMAÇÃO, GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS E INFORMÁTICA, a DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL e a REPARTIÇÃO DE ADMINISTRAÇÂO GERAL. A segunda é a DIRECÇÃO DE PLANEAMENTO com as suas DIVISÃO DE DOCUMENTAÇÃO E TRATAMENTO DE INFORMAÇÃO, DIVISÃO DE ESTUDOS, PLANEAMENTO E PROSPECTIVA, e DIRECÇÃO DE PROGRAMAÇÃO, ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO. E o importantíssimo OBSERVATÓRIO DO MUNDO RURAL. Em terceiro lugar temos a DIRECÇÃO DE ORGANIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇO RURAL, mais as suas DIVISÃO DE GESTÃO DE PROGRAMAS E PROJECTOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL, a DIVISÃO DE VALORIZAÇÃO DO AMBIENTE NATURAL E DO PATRIMÓNIO CULTURAL, a DIVISÃO DE DIVERSIFICAÇÃO DE ACTIVIDADES NO MEIO RURAL e a DIVISÃO DE PROMOÇÃO DE PRODUTOS DE QUALIDADE. A quarta e última mas não menos importante direcção chama-se DIRECÇÃO DE QUALIFICAÇÃO E ASSOCIATIVISMO. As suas divisões são todas de morrer e pedir mais. Temos a DIVISÃO DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL, a DIVISÃO DE ASSOCIATIVISMO E APOIO INSTITUCIONAL, a DIVISÂO DE GESTÂO E CONTROLO DE FORMAÇÃO, a DIVISÂO DE RENOVAÇÃO DO TECIDO PRODUTIVO e ainda a importante unidade orgânica que dá pelo nome de CENTRO NACIONAL DE FORMAÇÃO TÉCNICA E HERDADE DE GIL VAZ.

Voltando aos Serviços Centrais do Ministério, aqui está mais um: a DIRECÇÃO GERAL DE PROTECÇÃO DAS CULTURAS. O organigrama desta imbatível direcção geral é mais uma longa lista de direcções, divisões e coisas afins. Assim, adjuntos ao Director Geral e ao Subdirector-Geral (há sempre umamigo perto de nós), temos o sempre presente GABINETE JURÍDICO e o GABINETE DE GARANTIA DE QUALIDADE. Esta Direcção Geral tutela o CENTRO NACIONAL DE REGISTO DE VARIEDADES PROTEGIDAS e tem mais 4 Direcções de Serviços. Começemos a viagem pela DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE FITOSSANIDADE, e pelas suas 4 Direcções, a DIVISÂO DE INSPECÇÃO FITOSSANITÁRIA, a DIVISÃO DE SANIDADE VEGETAL, a DIVISÃO DE PRAGAS E MEIOS DE PROTECÇÃO e a DIVISÃO DE IDENTIFICAÇÃO E BIOECOLOGIA DE PATOGÉNEOS. O passeio continua pelas 3 divisões da DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE SEMENTES E PROPÁGULOS, a DIVISÃO DE SEMENTES, a DIVISÃO DO CATÁLOGO NACIONAL DE VARIEDADES e a DIVISÃO DE MATERIAIS DE PROPAGAÇÃO VEGETATIVA. Muito bonitas, todas elas. A terceira direcção a visitar é a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PRODUTOS FITOFARMACÊUTICOS que tem apenas 4 divisões: a DIVISÃO DE HOMOLOGAÇÃO, a DIVISÃO DE TOXICOLOGIA AMBIENTE E ECOTOXICOLOGIA, a DIVISÃO DE FORMULAÇÕES E RESÍDUOS e a DIVISÃO DE AVALIAÇÃO BIOLÓGIGA. Para ajudar todos estes serviços temos a DIRECÇÂO DE SERVIÇOS DE GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO E APOIO TÉCNICO, mais as suas basilares divisões: a DIVISÃO DE PLANEAMENTO, INFORMÁTICA E ESATÍSTICA, a DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL, a DIVISÃO DE FORMAÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, a DIVISÂO DE DOCUMENTAÇÂO, INFORMAÇÂO E RELAÇÔES PÚBLICAS e a REPARTIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO GERAL. Uauuu... Isto deve ser uma S&P 500...
Já em 2004 foi criada a DIRECÇÃO GERAL DOS RECURSOS FLORESTAIS. Esta direcção geral aguarda a lei orgânica que lhe permitirá criar todos os tachos e capelinhas para dar emprego a muitos amigos, mas para já tem apenas um director e três sub-directores. Em breve terá muitos mais.

No âmbito da DIRECÇÃO GERAL DAS FLORESTAS encontram-se outras organizações úteis, como a AGÊNCIA PARA A PREVENÇÃO DOS INCÊNDIOS FLORESTAIS.

Chegamos então à DIRECÇÂO GERAL DE VETERINÁRIA. Eu bem queria descrever esta organização, mas fico por aqui. Esta é das mais mastodônticas e só de olhar para o organigrama, canso-me.

Chegado a este ponto, descrevi 10 serviços. Faltam ainda 12.

E faltam também 7 serviços regionais, cada um a mimetizar o serviço nacional.

Por exemplo, a DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA DE ENTRE-DOURO E MINHO, tem um Director Regional e dois Subdirectores Regionais. Os SERVIÇOS DE APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO tem a DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE ADMINISTRAÇÃO e a DIVISÃO DE GESTÃO FINANCEIRA E CONTROLO ORÇAMENTAL, a DIVISÃO DE FORMAÇÃO E GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, a DIVISÃO DE DOCUMENTAÇÃO, INFORMAÇÃO E RELAÇÕES PÚBLICAS e a DIVISÃO ORGANIZAÇÃO INFORMÁTICA. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE PLANEAMENTO E POLÍTICA AGRO-ALIMENTAR tem UMA DIVISÃO DE ESTUDOS e uma DIVISÃO PROGRAMAÇÃO, RECOLHA E TRATAMENTO DE DADOS. Depois vêm os SERVIÇOS OPERATIVOS DE ÂMBITO REGIONAL. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA tem a DIVISÃO DE LEITE E LACTICÍNIOS, a DIVISÃO DE PRODUÇÃO ANIMAL, a DIVISÃO DE VITIVINICULTURA E FRUTICULTURA, A DIVISÃO DE PROTECÇÃO DAS CULTURAS e a DIVISÃO DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE DESENVOLVIMENTO RURAL tem a DIVISÃO INFRAESTRUTURAS RURAIS, HIDRÁULICA E ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL, a DIVISÃO ASSOCIATIVISMO E RENDIMENTO DO TECIDO PRODUTIVO e a DIVISÃO QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE FISCALIZAÇÃO E CONTROLO DA QUALIDADE ALIMENTAR tem a DIVISÃO DE AJUDAS À PRODUÇÃO E AO RENDIMENTO, a DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DE ORIGEM VEGETAL e A DIVISÃO DE FISCALIZAÇÃO DOS PRODUTOS DE ORIGEM ANIMAL. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DAS FLORESTAS tem A DIVISÃO DE VALORIZAÇÃO PATRIMÓNIO FLORESTAL, a DIVISÃO DE PROTECÇÃO CONSERVAÇÃO FLORESTAL e a DIVISÃO DE CAÇA E PESCA NAS ÁGUAS INTERIORES. A DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE VETERINÁRIA tem a DIVISÃO DE INTERVENÇÃO VETERINÁRIA DE VIANA DO CASTELO, a DIVISÃO DE INTERVENÇÃO VETERINÁRIA DE BRAGA, a DIVISÃO DE INTERVENÇÃO VETERINÁRIA DO PORTO, o CORPO DE INSPECÇÃO SANITÁRIA e A DIVISÃO DE CONTROLO FITOSSANITÁRIO.

Temos ainda na direcção regional o NÚCLEO REGIONAL DO CORPO NACIONAL DA GUARDA FLORESTAL, o NÚCLEO TÉCNICO DE LICENCIAMENTO, as ÁREAS DE SUPERVISÃO do ALTO MINHO, do BAIXO MINHO, da ÁREA METROPOLITANA DO PORTO E BAIXO DOURO e de SOUSA E RIBADOURO, a ESTAÇÃO DE HORTOFLORICULTURA, a ESTAÇÃO DE CULTURAS ARVENSES, a DIVISÃO DE PRODUÇÃO ANIMAL, a DIVISÃO DE VITIVINICULTURA E FRUTICULTURA, a DIVISÃO DE LEITE E LACTICÍNIOS e o CENTRO AQUÍCOLA DO RIO AVE.

Ainda na Direcção Regional, temos o MUSEU AGRÍCOLA REGIONAL DE ENTRE DOURO E MINHO, os CENTROS DE FORMAÇÃO PROFISSIONAL de VAIRÃO, ARCOS DE VALDEVEZ, AROUCA, S. TORCATO, BARCELINHOS, PAÇOS DE FERREIRA e VILA NOVA DE CERVEIRA.

Agora é só multiplicar por 7.

E isto é só no insignificante Ministério da Agricultura. Deus nos ajude.

Serviço público de 1ª.
Obrigado.

 
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Onde está a Cassini?

These images show SIMULATED views from the Cassini spacecraft, from several useful points of view which will vary depending on what's happening in the mission. Click on an image to see a full-screen view. These images are updated as circumstances warrant, at least once a day.





Tudo tão escuro.... O espaço é como o amor, afinal.

These computer-rendered images were generated by David Seal using his Solar System Simulator. To obtain Cassini's position in the sky or detailed orbital elements for Cassini please visit the Solar System Dynamics web site and click on the Ephemerides - "Horizons" link. Follow the instructions provided.

 
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Je suis responsable



Anna Karina

Yvette: É uma história triste, mas não sou responsável.
Nana: Eu acho que somos sempre responsáveis por tudo o que fazemos - e livres... Levanto a mão, sou responsável. Viro a cabeça para a direita, sou responsável. Sou infeliz, sou responsável. Fumo um cigarro, sou responsável. Fecho os olhos, sou responsável. Esqueço-me que sou responsável, mas sou-o. É o que eu estava a dizer há pouco. Querer evadir-se é uma treta. Afinal, tudo é belo. Basta ter interesse pelas coisas e achá-las bonitas. No fundo, as coisas são o que são e mais nada. Um rosto é um rosto. Pratos são pratos. Os homens são os homens. E a vida é a vida.

Obrigado
Sara Pais.

 
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Resposta a TEMPOS DUROS 3: O ARGUMENTO HEGELIANO

Não poderia ser de outra maneira. Mal traduzido, poéticamente à O’Neill, já eu tinha assinalado no post de 29 de Junho:

O meu marido saiu de casa no dia
25 de Janeiro. Levava uma bicicleta
a pedais, caixa de ferramenta de pedreiro,
vestia calças azuis de zuarte, camisa verde,
blusão cinzento, tipo militar, e calçava
botas de borracha e tinha chapéu cinzento
e levava na bicicleta um saco com uma manta
e uma pele de ovelha, um fogão a petróleo
e uma panela de esmalte azul.
Como não tive mais notícias, espero o pior
.

O PR não tinha grande saída. Outra qualquer, que não esta, poria sempre em relevo a avaliação pessoal. Não seria “políticamente” correcto. Fantástica é a assumpção final da “cosa nostra” emitida do Largo do Rato: ele é as ofensas. Ele é o desgosto. Ele é o despeito. Chega à demissão, ao abandono. O Padrinho não se comportou como devia. Não há aqui, obviamente, nenhuma “lembrança” da "coisa nacional”. Esta só serve de argumento à falta de lealdade para com a causa. Era agora... os elementos eram favoráveis. A possibilidade de conquistar território. E o Padrinho traí-os.
Bom... o Padrinho, que para nós é apenas o PR, escolheu mal mas, buonna fortuna, não fez a vontade à “cosa nostra”.
Ou será que o actual incómodo do “nariz entupido” é tão grande que toda a gente já se esqueceu da “pneumonia” guterrista de seis anos, mesmo com as refeições servidas na cama?

 
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Gente grande nunca tem sotão! Feliz de quem ainda se lembra o que isso é. Por acaso....não sei se é por acaso, também me lembro. Ainda devo ser pequena!
Joana Jorge

terça-feira, 13 de julho de 2004

 
"... quando era muito pequenina, também eu tive o meu sótão forrado de jornais velhos, assim com uma janela luminosa

(Os jornais rasgavam-se a toda a hora pois até no chão havia. Inspecção maternal impôs paredes brancas. Revolta filial impôs paredes pintadas com palavras de revolta. Tabefe maternal repôs a ordem)...

nos vários sótãos que fui tendo havia clubes de malfeitores, redacções de jornais que não passavam do primeiro número e cuja equipa era composta apenas por Miss Josephine Marsh, gargalhadas, brigas de vida ou morte, confidências, o funeral de um pássaro morto, reis, rainhas, pobres esfarrapados, aventureiros, o Tom Sawyer, o Huck e gatos com pulgas, um "single" dos Beatles que tocava Love Me Do e outras que não me lembro, livros aos montes, caixas de bolachas, festivais da canção e concursos de dança. E, na maior parte das vezes, só lá estava eu e uma seita de criaturas inventadas ...

Hoje (...) falta-me o sótão e a solidão".

Obrigado Almocreve.

 
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Últimas imagens da Cassini: Saturno. Um outro mundo (cada vez mais apetecível).

 
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Obrigado pelo convite. Um abraço à Maria Cabral.

sábado, 10 de julho de 2004

 
Últimas imagens da Cassini. Os anéis C e B de Saturno. Silêncio total.

Saturn's C and B Rings From the Inside Out

Aqui estamos perante o significado final das palavras.

Aqui há que repensar os significados.

segunda-feira, 5 de julho de 2004

 

Gaia.

A sonda Gaia vai permitir, a partir de 2010, cartografar a Galáxia. Um Mapa da Via Láctea.


Ver.

Ver «através» do Sol. Ver uma faixa imensa da nossa galáxia ainda desconhecida. Quinhentos anos depois dos primeiros Mapa Mundi, o Mapa da Galáxia. Será esta a «velocidade do olhar»?

 
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And once you have walked the length of your mind, what
You command is as clear as a lading-list
Anything else must not, for you, be thought
To exist.
And what's the profit? Only that, in time
We half-identify the blind impress
All our behavings bear, may trace it home.
But to confess,
On that green evening when our death begins,
Just what it was, is hardly satisfying,
Since it applied only to one man once,
And that man dying.


Philip Larkin

O poema fala do medo de morrer, do medo da extinção que Larkin confessou em algumas entrevistas. Mas «medo da extinção» é uma expressão inútil. Medo da inexistência enquanto tal é algo que não existe, existindo apenas o medo de uma perda concreta. «Morte» e «nada» são termos de igual ressonância, termos igualmente vazios. Dizer que se receia qualquer uma destas coisas é tão inadequado como a tentativa de Epicuro de dizer porque não as devemos recear. Epicuro dizia «quando existo, a morte não existe, e quando a morte existe, não existo», trocando assim uma vacuidade por outra. É que a palavra «eu» é tão vazia quanto a palavra «morte». Para decifrar essas palavras, há que preencher os pormenores respeitantes ao eu em questão, especificar aquilo que não existirá, tornar concreto o nosso receio.
O poema de Larkin sugere um modo de decifrar aquilo que Larkin receava. O que Larkin receia que se extinga é a sua lista de carga indiossincrática, o seu sentido individual do que é possível e importante. Foi isso que tornou o seu eu diferente de todos os outros eus. Perder essa diferença é, considero eu, aquilo que qualquer poeta - qualquer fazedor, qualquer pessoa que espera criar algo de novo - receia. Qualquer pessoa que passe a sua vida a tentar formular uma resposta nova à questão de saber o que é possível e importante receia a extinção dessa resposta.
Isto, porém, não significa simplesmente que se receie que as nossas obras se percam ou sejam ignoradas, já que esse medo se vai confundir com o medo de que, mesmo se as obras forem preservadas e não passarem despercebidas, ninguém encontre nada de distintivo nelas. As palavras (ou as formas, os teoremas ou os modelos da natureza física) obedecendo à disposição que se lhes der podem parecer meros artigos armazenados, arrumados segundo determinados preceitos. Não teremos nesse caso imprimido a nossa marca na linguagem, mas, em vez disso, teremos passado a nossa vida a dar passos já dados. Assim, não teremos tido um eu de forma alguma. As nossas criações e o nosso eu serão apenas casos melhores ou piores de tipos familiares. A isto chama Harold Bloom «a forte angústia da influência do poeta», o seu «horror de descobrir que é apenas uma cópia ou uma réplica».
Nesta leitura do poema de Larkin, o que seria conseguir identificar a «marca cega» que todos os nossos «comportamentos apresentam»? Seria, presumivelmente, perceber aquilo que é distintivo relativamente a cada um de nós - a diferença entre a nossa própria lista de carga e as das outras pessoas. Se se conseguisse passar esta identificação para o papel (ou para a tela ou para a película) - se conseguíssemos encontrar palavras ou formas distintivas para a nossa própria natureza distinta - teríamos demonstrado não sermos apenas uma cópia ou uma réplica. Seríamos tão fortes como qualquer poeta o foi, o que significa ser tão forte quanto um ser humano pode alguma vez ser. Pois saberíamos exactamente o que é que irá morrer e, portanto, saberíamos em que é que conseguimos tornar-nos.


R. Rorty in Contingency, Irony and Solidarity, Cambridge University Press, 1989.

 
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Cloud tops of Titan seen from 338 925 kilometres, near closest approach

domingo, 4 de julho de 2004

 
Perplexidade total...
Acabo de ver e ouvir o Sr. José Sócrates, numa entrevista para a SIC, e fazendo o auto-elogio de "pai" do Euro 2004, dizer que para além de tudo o resto "os jogos do Euro foram vistos por 10 mil milhões de pessoas, o dobro da população do mundo". Não, não estou (completamente) doido. Foi textualmente o que o cavalheiro disse. Fiquei simplesmente pasmado... mas isto passa-me. Ainda mais extraordinário foi o fantástico jornalista que o entrevistava, ouvir isto sem pestanejar...

sexta-feira, 2 de julho de 2004

 
«Por isso tem de ser nomeado um novo governo. Falta ao Presidente da República decidir se o novo governo fica até 2006 ou apenas até eleições legislativas, que devem ser efectuadas em fins de Setembro ou princípio de Outubro».
Jorge Miranda

Seria mais uma das fantásticas ironias da vida Santana Lopes tomar posse apenas por 100 dias.

 
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KOUNELLIS : Nous devons nous exprimer passionnément et clairement, et proposer une perspective.
CUCCHI : Notre discussion est une forme d'urgence.
KOUNELLIS : Nous voulons commencer par une chose qui semble grotesque, surprenante, mais vraie. A mon avis, beaucoup de chose en dépendent, une bonne partie de notre malheur notamment: nous avons pris conscience du fait qu'il manque une classe fondamentale, la classe bourgeoise. Et l'on ne sait pas depuis quand elle manque: depuis la Première ou la Seconde Guerre Mondiale?
KIEFER : Est-ce que tu veux parler de la classe qui pourrait recevoir l'art?
KOUNELLIS : La classe qui donne la verticalité, qui garde la morale. Elle garantissait la création de tableaux, les frontières politiques et culturelles, garantissait la synthèse et la centralité indispensables pour quoi que ce soit.
KIEFER : Nous sommes aujourd'hui dans une situation où tout semble possible.
KOUNELLIS : Tout paraît impossible et vain. On peut tout faire parce qu'on ne peut rien faire. Il nous manque un point de vue sans passion, une confrontation sensée, une centralité. La classe qui fixe les normes n'existe plus. On ne sait pas depuis quand elle est absente, quand elle est morte et où l'on peut supposer que le carnage a eu lieu. On la discernait encore avant la Seonde Guerre Mondiale, mais on l'a totalement perdue depuis cette date. C'est la grande énigme. Quand cette classe se portait garante de la centralité et de la synthèse, elle avait aussi des valeurs morales, malgré ses énormes lacunes. On peut s'imaginer que l'histoire du tableau était étroitement liée à l'histoire de cette classe.
KIEFER : Le fait qu'il n'y ait plus de classe bourgeoise est le symptôme de quelque chose de plus profond: qu'il y ait ou non une classe bourgeoise, il existait dans les tableaux eux-mêmes un débat sur la morale et sur les limites. A cela s'est aussi ajouté quelque chose de particulier: l'Europe ne se réfère plus à elle-même. Ce n'est pas un hasard si l'Amerique est intervenue dans la Première Guerre Mondiale, et plus nettement encore dans la Seconde. La conséquence en a été que l'Europe ne se trouve plus aujourd'hui au centre du monde. Elle est devenue un archipel, un appendice de l'Asie.
KOUNELLIS : Si l'archipel est apparu, c'est parce qu'on n'a plus de conception des frontières culturelles. Sans doute la crédibilité serait-elle possible, mais ces frontières ne sont pas crédibles.
CUCCHI : Les frontières ne semblent pas crédibles, mais la possibilité de trouver une centralité est importante et nécessaire.
KOUNELLIS : Nous avons une idée sentimentale de la nation, mais la nation est absente. C'est un fantôme. Il y a un peuple, mais la nation a été vaincue. C'est pour cette raison qu'il faut tracer un chemin dramatique à travers cet archipel pour retrouver l'unité, une unité et une synthèse expressives.
KIEFER : Les structures sont en miettes. La classe qui établit les structures est absente. Et ce qui rend aujourd'hui notre métier si difficile, c'est que nous devons être les deux à la fois: nous devons fixer des lois et, simultanément, nous y opposer.
CUCCHI : L'artiste doit aussi remplacer l'aristocratie.


in Bâtissons une Cathédrale, Première Rencontre, Bale, 4 juin 1985, Jannis Kounellis, Anselm Kiefer, Enzo Cucchi.


Ammann, Cucchi, Kounellis, Beuys, Jacqueline Burckhardt, Kiefer, 1985.

quinta-feira, 1 de julho de 2004

 
Cassini Enters Saturn's Orbit
July 1, 2004

After becoming the first spacecraft to enter Saturn's orbit, Cassini sent back this image of a portion of the planet's rings. It shows the sunlit side of the rings.



 
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JPP faz a radiografia da presente crise. Aqui.

 
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Princípios de reflexão sobre a linguagem

When they (my elders) named some object, and accordingly moved towards something, I saw this and I grasped that the thing was called by the sound they uttered when they meant to point it out. Their intention was shewn by their bodily movements, as it were the natural language of all peoples: the expression of the face, the play of the eyes, the movement of other parts of the body, and the tone of voice which expresses our state of mind in seeking, having, rejecting, or avoiding something. Thus, as I heard words repeatedly used in their proper places in various sentences, I gradually learnt to understand what objects they signified; and after I had trained my mouth to form these signs, I used them to express my own desires.

Augustinus in Confessions, I.8.

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